terça-feira, 1 de abril de 2008

Somos a Geni


A gente não quer admitir, mas a nossa sociedade é muito hipócrita. E enquanto se comportar dessa forma muita coisa vai ficar sem solução e vamos ficar nos culpando uns aos outros.

O que está faltando é uma mudança de posição. O que hoje é proibido, amanhã permite-se, sem constrangimento algum, e nós não questionamos qual o comportamento errado, se o proibido ou o permitido.

No dia 7/2/07, o garoto João Hélio, de 6 anos, foi brutalmente assassinado no Rio de Janeiro, após ser arrastado, quando ficou pendurado no carro da sua mãe que acabara de ser roubado. A notícia abalou o país. Ficamos estarrecidos por imaginar que um ser humano como nós conseguiu fazer tal atrocidade com um ser tão indefeso.

A polícia carioca, numa ação rápida, prendeu os assassinos do menino. No dia seguinte, na primeira página dos principais jornais e, depois, nas revistas semanais, foi estampada a foto dos presos, cada um tendo ao seu lado um policial militar segurando-lhes pelo pescoço, como quem queria esganá-los, enforca-los. No olhar dos policiais podia-se ver muita raiva e o desejo de vingança. Prende-los, não era o que queriam. Contudo, pasmem, li atentamente muitas reportagens que continham as tais fotos e em nenhuma delas fizeram menção da agressividade dos policiais naquela prisão - o que seriam padrão acontecer.

Como assinante que sou, escrevi para a revista Veja relatando a minha indignação, cobrando uma postura imparcial da revista. E vou dizer, não estou e nunca estive do lado dos marginais, aliás, eu mesmo já cometi muito desses atos que os policiais cariocas cometeram. Mas, o que me incomoda é saber que quando interessa para sociedade, ou para parde dela, podemos ser truculentos, matar, agir a margem da lei e cometer arbitrariedades. Em contrapartida, quando não, procuram pelo em ovo pra poder crucificar o policial.


O que mais entristece nisso tudo é saber que nós policiais somos a Geni, da música do Chico Buarque. Quando precisam da gente fazem até romaria para pedir ajuda, mas logo depois, passado o mal momento, jogam bosta.

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