domingo, 28 de fevereiro de 2010

Quando o adversário torna-se um grande amigo

O jogo estava 1x1. Tinha passado a metade do segundo tempo.

Aquele resultado levaria a decisão aos pênaltis para saber quem disputaria a final do campeonato interno da Polícia Militar de São Paulo, de 1987.

De um lado a forte equipe do CPTrans (Comando de Policiamento de Trânsito). Do outro, a do CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças), da qual eu era o centroavante.

Pressionados e perdendo por 1x0, conseguimos o empate numa bola parada. A cobrança de falta do nosso camisa 10 foi perfeita. Mas o jogo caminhava para o final e o time dos caras pressionavam cada vez mais.

Numa cobrança de escanteio da equipe adversária, permaneci no meio de campo. Colado em mim, apenas um zagueiro. Os demais foram para o nosso campo, uns na tentativa de fazer o gol, outros na intenção de impedi-lo.

Acenei para o nosso goleiro a situação e pedi que repusesse a bola no ataque rapidamente, caso conseguisse ficar com ela.

A cobrança não poderia ser pior. Veio praticamente nas mãos dele que, sem perder tempo, deu um chutão pra frente.

A bola subiu, desceu, bateu no gramado, subiu novamente e, quando desceu, dominei. Estava de costas pro campo adversário.

Quando fiz o giro de corpo para avançar em direção ao gol, o zagueiro, um negrão forte, com quem já tinha estabelecido um contato amigável (sempre fazia isso para não levar muita botinada), veio e travou a bola. Como dividi com um pouco mais de força, a bola espirrou por cima do pé dele e assim a felicidade sorriu pra mim.

Até que virasse o corpo para me perseguir, eu já estava chegando quase na entrada da grande área.

Como poderia me alcançar, e se isso acontecesse provavelmente me pararia com falta, decidi enfiar um canudo de fora da área mesmo. A bola entrou a meia altura, no canto esquerdo do goleiro.

Com 2x1 no placar, garantimos nossa presença na decisão final, que acabamos perdendo para o 2º Batalhão de Choque.

Um pouco mais de três anos depois, encontrei alguns policiais num evento. Ao ser apresentado a um deles e estender-lhe a mão dizendo “muito prazer”, fui surpreendido com sua informação: “Nós já nos conhecemos”. Após rápida recordação, descobri: Era Diniz, o zagueiro daquela partida.

De lá pra cá, tivemos muitas outras passagens juntos. E essa grande amizade continua a nos unir.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

ROTA TA TA... O chão vai tremer!


Sábado finalizei as gravações do CD “Apenas um policial”. Agora, bastam mais alguns dias de mixagem e pós-produção e o álbum estará pronto.

No repertório, teremos uma música em homenagem a ROTA que se identifica com o batalhão, no que se refere a adrenalina:

ROTA TA TA


ROTA TA TA o chão vai tremer

ROTA na rua é matar ou morrer


Tem boina negra - nervos de aço

Braçal de couro leva no braço

Não dá sossego pro inimigo

A viatura? Embaçada, é apelido


Na noite fria chuva na cara

Não tem sossego a guerra não pára

Olhar atento ao movimento...

Ciscou? Pá pum! A ROTA cai pra dentro


Selva de pedra sanguinolenta

Combatendo nessa guerra desde os anos setenta

Mão na cabeça! Por que fugiu?

Cadê o bagulho? A casa caiu!


Final do turno, missão cumprida...

Volta pra Base, essa é a vida...

Herói de farda e cidadão,

Que se arrisca em prol da população


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A ROTA em discussão (*)

Celso Lungaretti (**)

Meu recente artigo José Serra: nada mais nos UNE suscitou um debate que considerei muito rico, nos comentários do meu outro blogue.

De um lado o bom Ismar C. de Souza, que foi quem me alertou para o fato de que a página virtual da Rota mantinha (e ainda mantém...) a retórica do tempo da ditadura militar. Isto o afeta em dois sentidos, como defensor dos direitos humanos e como militante do movimento negro.

De outro o sargento Lago, que é da Rota, faz carreira musical e chegou a cantar a "Caminhando"
numa casa noturna de São Paulo, em apresentação prestigiada pelo próprio Vandré.

Ele cultiva a memória do tenente Alberto Mendes Jr., mas teve a digna postura de buscar conhecer os valores e versões do outro lado, marcando entrevistas comigo e com o Darcy Rodrigues, também veterano da VPR.

E, em terceiro lugar, evidentemente, eu mesmo: ex-guerrilheiro envolvido em episódios polêmicos do passado e hoje um defensor da memória da luta armada e dos companheiros que dela participaram.

Neste sentido, tão logo recebi a denúncia do Ismar, escrevi uma Carta Aberta ao Governador José Serra (out/2008), voltando depois ao assunto nos artigos Não desviarei da Rota (dez/2008), Rota Renega Loas à Ditadura (jan/2009, quando acreditei numa promessa que acabaria não sendo cumprida) e Rota Continua Exaltando a Ditadura Militar (jul/2009), além do desta semana.

Leiam e tirem suas conclusões.

LAGO: "ESTIVE LÁ E SEI QUAL É A REALIDADE"

Lungaretti,

Acredito que as informações no site da ROTA ainda não foram tiradas por "questão de prioridade", contudo é certo que os que se vangloriam da atuação da PM no período da ditadura é equivalente as pessoas da sociedade que sentem saudades daquele período. Ou seja, sempre haverá quem é simpatizante ou não.

Não concordo com você sobre a extinção da ROTA nem tampouco com todas "verdades" contidas no livro do Caco Barcelos. Estive lá e sei qual é a realidade.

Muitos daqueles mortos, sem passagem pela polícia, eram infinitamente mais nocivos a sociedade que muitos presidiários e morreram no confronto com a polícia.

Nos casos de execução policial a justiça tratou de punir os milicianos.

Quando a postura de alguns políticos, é lamentavel ver as incoerências. (
16/2/10 4:42 PM)

LUNGARETTI: "EQUÍVOCO NA ESCOLHA DA PRIORIDADE"

Lago,

você tem meu respeito, como o homem civilizado que demonstrou ser.

Mas, é simplesmente inadmissível que uma unidade policial se vanglorie de haver contribuído com um golpe de estado e ainda tente justificá-lo, alegando que estaria apoiando "as Forças Armadas e a sociedade".

O pior é que foi assumido com o "Brasil de Fato" um compromisso de expurgar-se a retórica dos anos de chumbo. Há exatos 13 meses.

Não só nada foi retirado, como acrescentou-se um trecho para validar o golpe. Então, parece-me que a questão não foi de prioridade, mas sim de equívoco na escolha da prioridade.

A extinção da Rota foi pedida num editorial da grande imprensa, que eu citei na carta aberta ao Serra.

Considero que teria sido uma medida profilática no instante da redemocratização, 1985, para sinalizar à sociedade que certas práticas não seriam mais admitidas.

Não sou ingênuo e sei que passou o momento para tanto. Citei-a na carta aberta apenas para colocar diante do Serra a imensidão do abismo existente entre os ideais de outrora e o pragmatismo amoral de hoje.

Mas, da exigência de que a Rota adote uma retórica democrática na sua página virtual, em substituição à totalitária que lá está, eu não abro mão.

A Rota não pode continuar se vangloriando de haver contribuído para a derrubada de Goulart.

Nem enaltecer o próprio papel na repressão aos resistentes, omitindo que o Brasil estava sob uma ditadura que impunha o terrorismo de estado e generalizara a prática de atrocidades.

Se a Rota não tem grandeza para fazer uma autocrítica do seu papel histórico, que, pelo menos, apague as referências a episódios polêmicos. Eu me contentaria com isso.

Mas, como está, é inaceitável.

Um forte abraço! (
17/2/10 10:14 AM)

ISMAR: "AUTORITARISMO E RACISMO POLICIAL"

Prezado Sargento Lago,

Concordo com o Lungaretti, você demonstra ser um homem civilizado e democrático (coisa raríssima no meio policial brasileiro). Será que na ROTA existem outros homems educados e civilizados como você?

Vamos lá.

A Rota nunca conseguio rebater cientificamente os números apresentados pelo Cacos Barcelos.

Alguns assassinatos denunciados no livro Rota 66 foram cometidos quando os presos já estavam dominados e deveriam ser apresentados à justiça. Como ficou provado isso? Os atestados de óbito dos mortos estão guardados e ainda podem ser consultados. Os representantes da ROTA podem ir lá verificar e constatar que estes desmentem muitos dos casos de "mortos em confrontos com a polícia".

No Brasil não existe pena de morte, logo, policial que executa um prisioneito, é também um criminoso, concorda?

A Pesquisa do Cacos foi bem fundamentada. As investigações jornalísticas foram feitas nos IML´s (Institutos Médicos Legais aí de SP), logo, a autoridade dos Legistas é a palavra final na averiguação da causa mortis de uma pessoa. Não é um policial que tem que dizser qual foi a causa da morte de uma pessia.

Muitos dos mortos investigados receberam tiros na nuca, quando os relatórios policiais relatavam mortes por atropelamento.

Para finalizar, este tema é muito caro para mim, pois demonstra o que todo mundo sabe no Brasil: as instituições policiais brasileiras ainda praticaram e ainda praticam um racismo velado na hora de efetuar as prisões injustas e assassinatos extrajudiciais.

A ROTA, foi e continua sendo o maior exemplo de autoritarismo e racismo policial aqui no Brasil.

Quanto aos textos que continuam em sua página (da ROTA) na internet louvando o golpe de 1964, é uma verdadeira vergonha, uma prova de que a ROTA não se respeita e não respeita a democracia.

A ROTA é uma instituição mantida com dinheiro do contribuinte Paulista, potanto, deve se manter dentro da Lei e do respetio às instituições democráticas. No momento a forma de governo aqui no Brasil é a democracia representativa, com eleições em todos os níveis. A DITADURA MILITAR JÁ ACABOU! ACORDA ROTA! (
18/2/10 10:24 AM)

LAGO: "CALAR É IGUAL A CONCORDAR"

Lungaretti,

Não fui claro. Quando digo "prioridade", nas entrelinhas digo "falta de foco".

Sou defensor apaixonado da nossa corporação, porém não fecho os olhos para os absurdos por ela cometidos. Justamente por eles serem menores do que dizem.

Você já leu no meu blog o que penso sobre a repressão militar e acho um contra-senso cultuar essa história.

Ter Alberto Mendes Junior como herói não significa que temos que aceitar e justificar as torturas e arbitrariedades cometidas.

Veja bem, tanto estamos vivendo em outra época que - como policial militar que sou - posso externar abertamente a minha posição.

Mas, não se engane, ainda nos dias atuais isso nã fica impune. A diferença é que não existe a tortura física e a punição não é institucionalizada. Vem de forma velada e aleatória.

Fiz uma música e gravei no CD Profissão Coragem, chama-se "Revolução" (pode ser ouvida lá no meu blog), que diz: CALAR É IGUAL A CONCORDAR.

Então, falemos.

Grande abraço. (
18/2/10 11:18 AM)

LUNGARETTI: "EM NOME DA PACIFICAÇÃO DOS ESPÍRITOS"

O papo foi muito esclarecedor, Lago.

Você deve ter percebido que a minha postura é a mais flexível que posso adotar, nas circunstâncias.

Não deixo de expressar meus sentimentos a respeito desses episódios passados, pois seria trair a mim mesmo e aos companheiros que sofreram/morreram.

Mas, em termos práticos, minha única exigência é de que a Rota adote uma postura mais equidistante na sua página virtual, superando a retórica dos anos de chumbo.

Numa democracia, é inadmissível que alguém se ufane de haver outrora colaborado para o êxito de um golpe de estado.

E quem resistiu a uma tirania não deve ser apresentado como criminoso comum, enquanto se omitem os crimes praticados pelos tiranos e seus esbirros, incomensuravelmente mais graves (pois estes últimos agiam em nome do Estado brasileiro).

Quanto à escolha do tenente Mendes Jr. como herói-símbolo, evidentemente não me agrada, mas eu a respeito, se reflete os sentimentos da corporação.

Democracia é isto. Todos temos de engolir um ou outro sapo, em nome da pacificação dos espíritos.

Uma boa copidescada em apenas duas retrancas da página da Rota seria suficiente para eliminar aquilo que, para quem lutou contra a ditadura, impacta como uma provocação.

Um forte abraço! (
18/2/10 12:53 PM)

LAGO: "DISSOCIAR A IMAGEM DA CORPORAÇÃO DO REGIME MILITAR"

Prezado Ismar,

Se a Polícia Militar for rebater tudo que dizem dela não haverá tempo disponível para exercer a sua atividade fim.

Quanto as mortes da ROTA, se não for dentro da lei, compete a nossa justiça a providência.

O que devemos deixar claro é que a ROTA presta excelente serviço a população paulista. Querer extingui-la tão simplesmente porque é um órgão repressor é fortalecer nossos adversários.

Acho positivo o debate para termos uma polícia legalista, mas não podemos - por traumas do passado - generalizar a situação.

Não compreendo a sua afirmação sobre racismo na ROTA. Ele está para o Batalhão Tobias de Aguiar como está para o Brasil.

Não vou enxugar gelo. Quando procuro defender a instituição não o faço por acreditar que as denúncias sejam improcedentes, mas por ter certeza que não tem a dimensão que dão.

Agora, quanto aos textos que Lungaretti reclama (com razão), acho que esse é um ótimo momento para ser tirado, já que estão querendo mudar o nome da PM para Força Pública e dissociar a imagem da corporação do regime militar. (
18/2/10 3:46 PM)

* Originalmente publicado no blog de Celso Lungaretti.
** Jornalista, escritor e ex-preso político. Blogues:

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Com a palavra, os policiais militares

Li no jornal Folha de São Paulo: Serra quer mudar nome da PM para Força Pública. (C8 – Cotidiano – 4/2/10)

Para o governador José Serra a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) enviada à Assembléia Legislativa visa aproximar a polícia da população.

A proposta foi apresentada pelo comando da corporação e enfrenta resistência entre oficiais do Estado Maior que, entre outros motivos, não gostaria de perder o termo “polícia”.

Conforme explicou o comandante-geral Álvaro Batista Camilo ao jornal, “não se quer mudar o nome para mudar a polícia”. Para ele a mudança de nome vai reforçar o caráter comunitário da PM, e dar resposta aos pedidos de militantes dos direitos humanos que não aceitam o fato de uma polícia do Estado se chamar polícia militar.

“Nossa ideia é que isso traga uma aproximação maior com o cidadão, ao mesmo tempo que resgate a autoestima da própria instituição, porque esse é um nome histórico. Nosso hino tem até uma estrofe que fala da força pública, já é uma identidade da polícia", afirmou o nosso comandante.

Embora não haja estimativa dos custos
, sabe-se que a hierarquia da polícia não sofrerá alteração com a mudança: continuaremos sendo chamados de policiais militares e permanecerão as inicias PM na farda.

Para entrar em vigor, a PEC precisa ser aprovada por dois terços dos deputados em dois turnos.

Todo esforço para aproximar a polícia da população é válido. Não devemos resistir somente para sermos opositores, contudo apenas mudar o nome não é uma solução milagrosa para essa questão e, segundo comentário recebido aqui no blog, parece que existem outros interesses políticos nessa mudança.

Também temos que lembrar que o que resgata a autoestima dos policiais, além de receber um salário digno, é ser valorizado profissionalmente.

Caso seja feita a mudança, a alteração deverá incluir a exclusão da 18ª estrela do Brasão-de-armas da instituição, pois refere-se a Revolução de Março de 1964, período que iniciou a ditadura militar no país.

Com a palavra, os policiais militares.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cada um tem seu papel

O destino da nossa sociedade é determinado a partir das atitudes individuais das pessoas, porém órgãos formadores de opinião podem e interferem nessas atitudes.

Recentemente a imprensa deu destaque, maior que o caso exigia, a uma estudante da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) que, de caso pensado ou não, foi “estudar” trajando um vestido de tamanho inferior ao que seu suculento corpanzil exigia. O resultado, todos já sabem. Houve protestos dos colegas e o caso foi parar até no programa Fantástico, da Rede Globo.

Dias depois, com o sucesso meteórico que alcançou, nos intervalos das entrevistas que passou a conceder quase que diariamente, era assediada por pessoas que queriam pegar carona na sua fama repentina. Então, ficou mais fácil ainda para dar vasão ao seu sonho de Cinderela. Ganhou roupas, aplique no cabelo, cirurgia plástica e, enfim, fez uma reforma geral.


Acabei de ler no jornal que ela desfilou no carnaval carioca com um modelo parecido com o que lhe deu a notoriedade e sem a peça íntima de baixo que, segundo chegaram a dizer na ocasião, ela já não usava no episódio da faculdade.


São essas “celebridades repentinas” que motivam jovens e até senhoras ao sacrifício - às vezes da própria vida – em busca do corpo perfeito e da fama.


Precisamos entender esse fenômeno que faz a mídia promover anônimas para fabricar musas. Falta de assunto tenho certeza que não é. E depois, posso garantir que - melhores que essas siliconadas e com pernas parecidas as dos jogadores de futebol – nos quartéis, delegacias e guardas municipais temos aos montes. Com maiores vantagens: são cultas, éticas, disciplinadas e com atividade social muito mais relevante.


A música “Apenas um Policial”, de Serginho Meriti e Rodrigo Leite, que estará no meu próximo CD tem uma frase que diz: “Pra manter a ordem não depende só de mim, cada um tem seu papel”.


A mesma mídia que exige e cobra melhores resultados dos órgãos de segurança do país também tem que fazer a sua parte.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Corrupção


Corrupção é o oferecimento e a aceitação de vantagens entre pessoas em detrimento de instituições, valores e costumes. Ganham corruptores e corrompidos, perde a sociedade.

Buscando informações na internet, li várias definições sobre corrupção e uma delas é essa do site Mundo e Educação.

Achei interessante o que li no Blog Caso de Polícia: "Maior parte das críticas aos atos de corrupção e enriquecimento ilícito, verdade seja dita, não pode ser enquadrada como indignação. É, meramente, um sentimento de inveja, facilmente detectável na maioria dos discursos e comentários raivosos. São pessoas que criticam um absurdo, mas deixam transparecer que se tivessem a mesma oportunidade, fariam igual. Ou pior."

Devemos mudar a cultura do país em relação a essa má prática. Deve ser feita uma campanha forte para que a sociedade sinta repulsa de quem pratica tal ato e não inveja.

Na música "Criança Ferida", que compus e gravei no CD Profissão Coragem, digo: Eu acredito na criança, orgulho da nossa nação / Se desde cedo aprenderem ser contra a corrupção. (ouça no ninja - é a 14ª música)

Em relação a corrupção policial, o vídeo que assisti no blog Caso de Polícia é bem emblemático e vale a pena ser assistido e refletido.




Crédito da ilustração: Site Pic-Nic Terráqueo

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Fãs no próximo clip


A idéia não é inovadora, já vi outros artistas fazerem, mas gostei por ser uma excelente forma de agradecer todo carinho que tenho recebido dos meus fãs. Então, vou incluir alguns deles no meu próximo vídeo clip.


Aliás, eu falei de fãs, não foi? Pois é, acabei de ganhar um fã club. E pela disposição que tem demonstrado, percebo que estão levando a sério mesmo, o que acho muito positivo, devo confessar.


A presidente do Fã Club do Sargento Lago é Vilma Teodoro, que conta com a participação do seu fiel escudeiro Cabo Renato.


Devido minha atividade intensa no estúdio para finalizar o CD, diariamente tenho respondido indagações deles por e-mail ou MSN, que abraçaram a idéia de promover um sorteio com DEZ fãs que queiram participar no clip.


Aos interessados, vejam as condições no blog do fã club.

www.fcsargentolago.blogspot.com

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Gays no quartel

Ainda não consegui entender essa polêmica em cima da permissão ou não de militares gays nos quartéis. Será que ainda não sabem que eles já estão lá?


A nossa cultura machista não está preparada para ver militares do mesmo sexo externando suas paixões. Mas, também não é permitido aos heteros - mesmo casados – qualquer tipo de manifestação carinhosa entre ambos quando estão uniformizados em público.


Penso que o preconceito maior está em relação aos homossexuais masculinos que se expressam com trejeitos.


Quando freqüentei o curso de sargentos em 1985, tinha um colega de turma que não fazia questão de esconder de ninguém sua orientação. Quando íamos à piscina, na Associação Desportiva Polícia Militar (ADPM), ele puxava o calção para exibir melhor o seu glúteo. Resultado: deram um jeito de desligá-lo do curso e nunca mais se teve notícias dele.


Melhor sorte teve um outro colega. Permaneceu todo o seu tempo de serviço de forma discreta, embora a maioria soubesse que ele era gay, até passar para a reserva em 2007.


Mesmo existindo o péssimo hábito de se fazer piadinhas sobre a orientação sexual das pessoas que não são heterossexuais, é a competência de cada um que deve ser avaliada.


O tema deve ser debatido sim, porém com o objetivo de esclarecer que todos nós podemos conviver sem barreiras, principalmente num ambiente profissional.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Pequenos delitos

Há alguns anos o Walcyr Carrasco escreveu a crônica “Pequenos abusos”, na revista Veja São Paulo, que me motivou escrever outra sob o título “O dia que encontrei Walcyr Carrasco, sem saber”.

Houve até um mal entendido aqui que expliquei ali. Além da repercussão da jornalista Érika Sallun sobre o texto.

Já falei sobre honestidade aqui antes, porém algumas coisas são aceitas por nossa sociedade de forma tão natural que parecem normais, mas não são.

Ontem fui de ônibus ao centro da cidade. Foram tantas informações que iniciei duas reflexões para serem postadas oportunamente aqui no blog.

No retorno pra casa iniciei o esboço de um dos temas, registrando palavras chaves do que pretendia escrever. Contudo tive minha atenção desviada para um rapaz cumprimentando o cobrador. Então fui anotando tudo enquanto se desenrolava a cena.

- E aê abençoado, tudo bem?

Com semblante de quem tinha entrado de serviço na madrugada e já estava sentindo os reflexos das horas trabalhadas, o cobrador acenou positivamente sem muito ânimo.

- Posso fazer o meu trabalho?

Com a mesma disposição, sinalizou que sim.

O rapaz, branco com cabelos artificialmente aloirados, com 1.75 de altura aproximadamente e magro, esticou-se todo e passou por baixo da roleta.

Com boa impostação de voz e discurso decorado, iniciou dizendo:

- Senhoras e senhores, boa tarde! Desejo a todos uma boa viagem! Mas gostaria de pedir um minuto de vossa preciosa atenção.

Eu tenho 23 anos, sou casado e pai de três filhas. Moro na Vila Brazilândia e a única forma que arrumei para trabalhar foi essa, pois não consigo arrumar emprego registrado por causa da minha condição de ex-presidiário. Mas também não fiz coisa errada por que quis. Nós que somos pais e mães de família sabemos como é ruim chegar em casa e ver nossos filhos sem ter nada pra comer.

Por isso que estou aqui, faça chuva ou faça sol. É esse o meu trabalho. Tudo que eu peço é que vocês tenham a sensibilidade de sentir a minha dificuldade. Pra isso eu trago comigo umas balinhas saborosas e nutritivas que poderão refrescar o seu hálito enquanto contribuem com um chefe de família.

Quem voluntariamente contribuir com R$ 1,00 (um real) eu retribuo com um saquinho dessa saborosa iguaria...

Estava disposto a caprichar ainda mais no discurso quando percebeu que não se fazia necessário. Algumas bondosas senhoras já começavam a procurar o dinheiro na bolsa.

Teve aproximadamente oito “contribuições”. Em troca ofereceu um saquinho com umas 10 pequenas gomas de sabor eucalipto.

Pra ser bem generoso, o produto valia uns R$ 0,60 (sessenta centavos), mas quem pegou sequer questionou isso. Não porque o valor era baixo, aparentemente parecia ser significativo para algumas, contudo o ânimo estabelecido foi o da filantropia.

As questões que não foram avaliadas ali são as seguintes:

1) Por que o rapaz não pagou a passagem, se todos têm essa obrigatoriedade?
2) De onde vem esse produto que ele está vendendo?
3) Ele adquiriu de forma licita?
4) Passou por algum controle de qualidade?
5) O preço é justo?
6) Quem garante que a história dele é verdadeira? Não parecia.
7) Mesmo que seja, o que as pessoas têm com isso se esse cara com apenas 23 anos só quer fazer filhos e depois cometer crimes para resolver os seus problemas?

Cada vez mais fica claro o que Walcyr Carrasco queria dizer. Aceitar pequenos erros nos faz ficar sem ânimo para lutar e combater os grandes delitos.

Obs. Foto ilustrativa.
Crédito da foto: Saulo Cruz

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Me chama e não ama


Foi lendo uma entrevista do Jamelão que vi essa frase: "Se não gosta, por que chama?" Fiz uma postagem aqui no blog no início de 2008. Ele se referia ao sentimento de parte da sociedade em relação a polícia.

Tanto pensei no assunto que acabei fazendo uma música no ano passado sobre o tema. Ela estará no meu próximo CD, que já está quase finalizado.

Me chama e não me ama

Sargento Lago


Tem gente pela contra mão

Mandando bala de canhão

Deu zica, uma confusão

Precisa prender o ladrão

Então me chama


A rua escura tem perigo

Uma criança sem abrigo

É alvo fácil pro inimigo

A segurança é comigo

Então me chama


Me chama


Quando não vê a viatura

Vem na minha captura

Sabe que do mal sou cura

Mas pra mim só tem censura

E só reclama


O tempo todo sou cobrado

Mesmo agindo acertado

Quem tem que ser aliado

Faz pressão pra todo lado

E só reclama


Reclama


Mas quando a minha energia

É presente no seu dia

Arrepio a folia

E não dou mole a quem vadia

Então me chinga


E quando chego na quebrada

Dou geral, não to com nada

Na saída da balada

Enquadro a rapaziada

Então me chinga


Me chinga


O seu apoio é fugaz

Nada que faço satisfaz

Correndo risco, aliás

No seu naufrágio sendo cais

Mas não me ama


Não faço nada sem noção

Eu trago no meu coração

O orgulho dessa profissão

Que faz da paz sua razão

Mas não me ama


Me chama e não ama

Me chama e não ama