quinta-feira, 24 de março de 2011

A arte de comer no rancho

ASSISTA O VÍDEO DESTE DOCUMENTÁRIO AQUI


Soldado Dantas e o "prato especial"

(*) Sargento Lago

No passado a refeição servida nos quartéis era alvo de críticas constantes. Os “bois ralados” e “frangos atropelados” freqüentavam rotineiramente os pratos dos militares, com baixa qualidade nos produtos e na preparação. Para piorar a situação, o regulamento ainda previa punição a quem, estando na previsão, recusasse a alimentação do estado.

Atualmente, com a nova visão de valorização humana, o investimento já está sendo percebido em algumas instituições.

Nessa terça-feira, 22, acompanhei a rotina no rancho do Centro de Educação da Polícia Militar da Paraíba.

O atendimento começou pontualmente ao meio dia, logo após o segundo sargento Walter emitir os acordes na corneta anunciando o “Avançar rancho”, e ele mesmo, sem perder tempo, entrar no refeitório para almoçar. Pouco depois, conforme determinações para cada curso foram surgindo policiais para fazer suas refeições.

Para que tudo estivesse preparado no horário previsto, os profissionais começaram trabalhar bem cedo, às sete horas.

Enquanto uma equipe encerrava seu turno de 24 horas, outra assumia, recebendo alguns serviços adiantados pelo turno que saía.

Cada equipe tem um cozinheiro militar, na escala estava o sargento Gonçalves. O cozinheiro responsável é o senhor Antonio, civil que trabalha de segunda a sexta, interagindo com as equipes.

Na profissão há 30 anos, sendo onze deles na PM, o senhor Antonio foi um dos primeiros a chegar. Acendeu o forno para assar os 430 pedaços de frango de um cardápio que também teria arroz, feijão “mulatinho”, macarrão e salada crua com alface, tomate, cebola e pimentão, picados e seria servido para todo efetivo. A única diferença seria a laranja para as Praças e o suco para os Oficiais. Segundo a nutricionista Vânia Maria, que trabalha na unidade há cinco anos, é importante que todos comam a mesma refeição, do soldado ao coronel. “Isso une..., pelo menos psicologicamente todos se sentem iguais”.

O frango que estava sendo preparado foi temperado no domingo e guardado no freezer para absorver bem o tempero. Após colocar numa travessa de alumínio, o senhor Antonio levou ao forno e aguardou cerca de quarenta minutos para ficar assado. Depois colocou num recipiente fechado para manter a temperatura.

Auxiliando na cozinha estavam os cabos Sandro, Epifânio e Américo e o soldado Wellington. Enquanto conversavam animadamente, cortavam os legumes e lavavam as verduras.

Numa panela com água fervendo, um pouco de sal e um fio de óleo, o sargento Gonçalves colocou quinze pacotes de macarrão. “O segredo é deixar cozinhar no ponto certo”, se referiu ao tempo de cozimento.

Responsável pelo estoque de mantimentos, o sargento Santos é quem mantém o controle de entrada e saída das mercadorias. Após receber uma lista feita pelos cozinheiros, separa cada produto, conforme cada solicitação. Na medida em que vai acabando, envia pedido de compra. Segundo Santos, proporcionalmente, os itens mais consumidos são o feijão e a farinha. “O paraibano come muita farinha”, disse.

Os produtos estocados foram escolhidos pelo critério da qualidade em primeiro lugar e depois verificada a possibilidade do menor preço. Da mesma forma a parte de hortifruti, comprados duas vezes por semana no Ceasa e armazenados em câmara frigorífica.

O Capitão Afonso de Ligório Simplício de Sousa Nóbrega, oficial responsável pelo rancho, busca saber as novidades sobre gastronomia em outros setores para manter-se atualizado. “Em termos nutricionais, existe uma máxima que diz que você é aquilo que come. Baseado nisso que a gente procura a eficácia e a eficiente nesse serviço”, afirma.

Responsável pela parte burocrática, inclusive pela compra dos produtos, o Cabo Dário, trabalha auxiliando diretamente o capitão Ligório. É uma espécie de “coringa”, já que também é cozinheiro e numa emergência pode fazer a comida. Perguntado se o fato de ter acesso durante todo o dia todo com a comida contribui para ganhar peso, Dário disse que acaba comendo menos, pois toda hora tem que experimentar alguma coisa e perde o apetite na hora de almoçar. Já o Sargento Santos, após três meses no setor, percebeu que está emagrecendo devido ao controle que exerce e por “dar uma banguela no café”, se referindo a deixar de fazer a reforçada refeição matinal, como é de costume por aqui.

A nutricionista Vânia desenvolve um trabalho de conscientização dos profissionais que organizam a alimentação para melhorar a qualidade nutricional. Sua avaliação é que os comensais militares estão envolvidos em atividades policiais na rua e em treinamentos realizados no Centro de Educação, com exigência física e intelectual elevada e tem necessidade nutricional específica. Também disse que é necessária a mudança no cardápio, para que não haja monotonia alimentar.

A segurança do alimento oferecido pelo rancho do CE é verificada periodicamente por meio de análises microbiológicas realizadas pela Universidade Federal da Paraíba. “Graças a Deus até hoje nós temos conseguido manter esse padrão de qualidade da nossa alimentação”, comentou após almoçar o Tenente Coronel Sales Júnior, vice-diretor do CE.

Para a capitão feminino Débora, da PM do Acre, que está freqüentando curso na unidade, a alimentação é saborosa. Embora não estivesse acostumada a comer cuscuz na hora do almoço, disse que não teve nenhuma dificuldade de adaptação.

Dantas, que trabalha na guarda do quartel, foi o primeiro soldado a adentrar ao refeitório e, em atenção a um pedido que fiz, recebeu do Cabo Dário o prato visualmente bem elaborado e decorado, como fazem em restaurantes chiques. Tímido, não entendeu direito o que estava acontecendo, mas concordou que o efeito visual do prato, aliado ao bom sabor, proporcionam uma refeição prazerosa.

Após alimentar-se, o Major Roberto, da Divisão de Ensino do CE, comentou: “A refeição servida aqui é muito boa e está dentro da realidade da instituição, é simples, mas saborosa”.

Sob a fiscalização do Sargento Olegário, foram atendidos todos os alunos e o efetivo do expediente do quartel. O último da fila era Anderson, do curso de formação de soldados. Como bônus, além do seu pedaço, ganhou a última raspada no tacho que veio com mais umas tiras de frango. “Ganhei uma promoção”, comemorou.

Antes mesmo de fechar as portas do refeitório, numa última passada pela cozinha, vi o senhor Antonio preparando a carne do almoço do dia seguinte, que seria bife à rolê.

Os policiais do Centro de Educação voltaram para suas diversas atividades sem ter que se preocupar com a sua subsistência. Os profissionais do rancho já estavam cuidando disso.



Nutricionista Vânia Maria e T Cel Sales Júnior
Alunos dos cursos de soldado (e) e de habilitação de Oficial (d)

Sargento Gonçalvez (e), Seu João e Cabo Dário (d)

Sargento Santos (e) e aluno do curso de soldados Andreson (d)

* Autorizada a publicação, desde que contenha a citação: "Publicado no blog do Sargento Lago" e o link : www.sargentolago.blogspot.com

segunda-feira, 21 de março de 2011

Centro de Educação da PMPB, um novo conceito

Efetivo do CE assiste aula inaugural

Cel Carvalho e T Cel Sales Júnior - Diretor e vice do CE

Cel Euller, cmt geral e sec seg pública Claudio Lima

O Centro de Educação da Polícia Militar da Paraíba realizou na última quarta-feira, 16, a aula inaugural do ano letivo de 2011, ministrada pelo secretário de segurança pública, Claudio Coelho Lima, aos alunos das suas unidades subordinadas, na Estação Ciência, em João Pessoa.

Recebendo vários alunos vindos das co-irmãs do nordeste e do norte, a corporação paraibana já é referência na área. Abandonou a antiga nomenclatura “diretoria de ensino” para adotar um novo conceito com o Centro de Educação. “A palavra ensino é limitada para abranger o conhecimento trazido pela educação”, avalia o major Montgomery, da Divisão de Ensino Superior -DESu. “A simbologia da educação é bem mais ampla”, ratifica o coronel Marcos Aurélio de Araujo Carvalho, diretor do CE.

O complexo inclui a Academia de Oficias do Cabo Branco (APMCB), o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), o Núcleo de Programas de Extensão e Treinamento (NuPEx), Colégio da Polícia Militar (CPM), Núcleo de Estudos do Trânsito (NET), Núcleo Setorial de Saúde (NSS), Biblioteca Profº Jeová Mesquita e Divisão de Ensino (DivEns).

Construído num amplo espaço físico, o CE fica localizado no bairro Mangabeira VII, na capital paraibana e possui infra-estrutura moderna que está entre as mais completas do país. O complexo tem as seguintes instalações:

• Auditório climatizado com capacidade para 300 pessoas
• 14 salas de aula climatizadas, sendo 6 na Academia de Polícia Militar do Cabo Branco e 8 no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP)
• Biblioteca com mais de 8 mil títulos
• Videoteca com um acervo de vídeos instrutivos utilizados pelos alunos nos diversos cursos
• Estande de tiro com uma área de 2100 m2, com sala e equipamentos para recarga de munições • Ambulatório médico e odontológico, inclusive com serviço psicológico atuante, possuindo ainda aparelhamento para tratamento fisioterápico
• Escola de Trânsito conveniada ao Detran, destinada a capacitar e recapacitar os militares estaduais para a aquisição da Carteira Nacional de Habilitação nas suas diversas categorias.
• Sala de defesa pessoal
• Sala de musculação com acompanhamento profissional
• Laboratório de informática com 22 computadores e acesso à Internet
• Campo de futebol com iluminação e pista de atletismo
• Duas quadras poliesportivas e uma quadra de vôlei de praia
• Alojamentos masculinos e femininos
• Cozinha industrial com capacidade de fornecimento de até mil refeições por período
• Videoteca e sala de projeção de slides, contendo ainda uma ilha de produção de vídeos e
• Ginásio poliesportivo coberto com dimensões profissionais.

Fonte: site do Centro de Educação

Trailler PPMB - Pernambuco

quinta-feira, 17 de março de 2011

Bloco do Camburão: a vez do PM

Camburão da Alegria reúne cerca de 200 mil pessoas

Os policiais militares de Pernambuco encerraram o carnaval de 2011 no estado com o bloco Camburão da Alegria, no último domingo, dia 13, na praia de Boa Viagem, no Recife.

O desfile ocorre há dezenove anos e foi idealizado para dar oportunidade aos policiais de participar do carnaval como folião, já que são escalados para garantir a segurança nos dias oficiais.

O coronel da reserva Almeida, presidente do bloco, estava satisfeito. “É difícil fazer um bloco depois do carnaval, mas nós estamos fazendo”, comemorou. Segundo o militar, o evento reuniu cerca de duzentas mil pessoas.

O Sargento Ricardo, diretor da Associação dos Subtenentes e Sargentos e um dos líderes do movimento que reivindica melhoria salarial para os policiais militares do estado, estava acompanhado da sua filha Raiane. “O carnaval de Pernambuco é maravilhoso, agora, dia 12 de abril vamos fazer uma grande passeata até o palácio do governo”, disse empolgado com a folia, sem perder o foco na luta sindical.

Caminhando entre os foliões, segurando uma latinha de cerveja e já dando mostras do cansaço, o cabo Francisco Sales ainda esboçou um pouco de animação. Usando uma peruca colorida, sorria enquanto ensaiava uns passos de frevo.

Nem mesmo tendo um dia reservado para a diversão, ainda assim muitos PMs tiveram que cumprir a escala de serviço para garantir a segurança dos próprios colegas.

Por volta das 17h00, após seis horas de muita descontração, o apresentador anunciou que estava encerrando, mas sugeriu que a platéia, que protestou ao ouvir a informação, repetisse em coro : Deixa coronel! Assim, com o consentimento do presidente do bloco, foram tocadas mais duas músicas e depois, com um novo apelo dos foliões, mais outras duas e assim finalizou o carnaval pernambucano.

Sargento Ricardo e coronel Almeida

Escalado para garantir a festa dos colegas

Cabo Francisco Sales, do Batalhão de Choque

Policial veio com a esposa

Profissionais de outras áreas pegaram carona no Camburão

segunda-feira, 7 de março de 2011

Polícia Militar, o galo da madrugada

Atenção na hora de conferir a escala

Bom humor e expectativa

Demosntração pública de carinho e respeito

A primeira turma assumiu o serviço às duas da manhã, assim fui informado. Eu cheguei perto das seis e vi um amontoado de policiais verificando várias escalas afixadas sobre a parede externa do décimo sexto Batalhão de Polícia Militar “Frei Caneca”, na rua Cais de Santa Rita, no bairro São José, em Recife, Pernambuco. Os foliões do bloco Galo da Madrugada ainda não tinham despertados e a segurança deles já estava sendo providenciada.

A movimentação e a expectativa específicas de grandes acontecimentos estavam instaladas. Oficiais compenetrados na distribuição do efetivo, policiais – muitos deles soldados recém formados - ansiosos para saber o seu destino, davam mostra de que o evento precisava ser pensado nos detalhes, afinal eram esperadas cerca de 1,6 milhão pessoas.

Utilizando-se de um amplo espaço do outro lado da avenida do quartel, os policias entraram em forma e foram separados posteriormente por plataformas. Em cada grupo de novatos havia um antigo no comando.

Certo momento, enquanto o capitão Aldo chamava nominalmente cada soldado, apresentou-se um policial veterano, com o rosto desolado de quem queria justificar com a fisionomia o atraso para o trabalho. Fez a apresentação regulamentar e disse a plataforma que estaria escalado para saber quais eram as ordens, quando, para sua decepção, ouviu o capitão dizer-lhe que constava na escala apenas as 12h30. “Vá descansar companheiro!”, sugeriu o capitão, enquanto ele saía cabisbaixo, não acreditando na sua desatenção.

Enquanto isso, os novinhos exibiam a alegria no rosto e brincavam uns com os outros. Nem parecia que iriam ficar doze horas em pé debaixo de um sol escaldante. Claro, com revezamento para descanso.

Tão logo ficou definida a situação de cada um, entraram numa fila indiana para receber um kit contendo protetor solar e auricular, capa de chuva, lanche e refrigerante.

Por volta das oito horas a movimentação na rua já tinha aumentado, tanto com foliões quanto com ambulantes.

“É promoção, custa apenas cinco reais a de cabeça e três reais a de mão” Gritava Nete, uma morena falante que vendia sombrinhas de frevo para mão e cabeça. Trouxe cerca de 350 unidades ao todo, mais alguns adereços femininos para cabelo. Em pouco tempo já tinha vendido quase a metade, já que o sol voltava com força total cada vez que caía uma chuvinha rápida. Como fiquei proseando com ela, me emprestou uma sobrinha para eu me proteger. Disse também que pagou R$ 1,80 em cada uma, o que lhe garantia um bom lucro. “Tem que aproveitar, é só nessa época que se ganha dinheiro”, disse.

O bom humor e a criatividade costumeiros nas festas populares também estiveram presentes. Um grupo de foliões vinha com a camiseta com os dizeres “Segurança Privada” e uma pessoa puxava um vaso sanitário. Também não faltaram os super heróis, noivinhas e fantasias exóticas.

Quem passou por ali e fez o seu protesto foi o príncipe do carnaval do Recife, Washington Barbosa de Barros Andrade, eleito num concurso extra-oficial feito por uma companhia teatral, já que o prefeito da cidade, João da Costa, inovou elegendo o rei “sarado”, pois não queria fazer apologia à obesidade. “Ele castra parte da nossa cultura que é a realeza de Momo”, desabafou.

Um foguetório anunciou a saída do bloco Galo da Madrugada às nove horas da manhã, perto dali, no Forte Cinco Pontas, e as imediações do quartel foi esvaziada.

Cerca de vinte e seis trios elétricos e quatro carros alegóricos foram contratados para garantir dez horas de desfile. Em pontos estratégicos, a polícia militar distribuiu o efetivo de 3.800 policiais em plataformas, tablados e posto de comando, por todo o percurso e ruas adjacentes.

Devido a dificuldade do trânsito e a longa distância a ser percorrida, o major Edilson, do 16º BPM, fez a fiscalização pilotando uma moto.

O diretor geral de operações, coronel Vespaziano, acompanhado de outros oficiais, fazia parte do percurso a pé, para certificar-se de que tudo estava indo bem. “A PM está trabalhando para proporcionar um dia de muita tranqüilidade, muita calma e de muita brincadeira”, constatou.

Conduzido por dois policiais, entrei no meio da multidão para ir ao local onde se encontrava o comandante geral da PMPE, coronel Tavares Lira. Depois de algum sacrifício, já que o espaço ficou pequeno para a grande quantidade de pessoas, chegamos a ele, que falou sobre a importância do trabalho da PM no Galo da Madrugada e ressaltou a cooperação com os outros órgãos. “Estamos integrados com todas as forças que fazem a segurança pública”.

Como o calor não dava trégua e já tinha cumprido minha missão, acenei para um táxi, negociei o preço e vim conversando com o motorista Alessandro, que me contou ser de uma família de policiais... Mas essa já é outra história.

Sargento Lago e coronel Tavares Lira, comandante geral da PMPE

Família unida no Galo da Madrugada

Momo e mona

Soldados do policiamento motorizado e Cel Vespaziano

Cartal exposto no interior do 16º BPM Frei Caneca

terça-feira, 1 de março de 2011

PM pernambucano vai para o Guinness por ser chato

*Sargento Lago
Paixão pelo Sport levou o tenente Ivaldo ao Guinness Book

Se chamá-lo por seu nome de batismo é possível que não atenda, pois há muito incorporou o apelido que lhe deu notoriedade. Estou falando de Ivaldo Firmino dos Santos que ganhou fama como “Zé do Rádio”.

Policial militar de Pernambuco, Ivaldo passou para a reserva há vinte anos no posto de segundo tenente, mas, quem diria, com tantas histórias para contar na vida de caserna, foi exatamente um episódio no momento de lazer que modificou a sua vida.

Como torcedor apaixonado pelo Sport Club do Recife, em todos os jogos do seu time se posicionava encostado ao alambrado que fica atrás do banco do técnico adversário e provocava o treinador durante todo o jogo e, quando cansava, aumentava o som do seu rádio, buscando tirar sua concentração.

Em 2001 o então treinador da Portuguesa de Desportos, Zagallo, que também foi técnico da seleção brasileira, disse no extinto programa de TV Super Técnico, da TV Bandeirantes, que o torcedor mais chato do Brasil era o Zé do Rádio. Dias depois o Globo Esporte, da TV Globo, o entrevistou e daí pra frente, com a popularidade, acabou dando muitas entrevistas até entrar para o Guinness Book em 2006.

Na segunda-feira (28), nosso encontro foi marcado para as 10h00, no quartel do comando geral da Polícia Militar de Pernambuco, no Derby, mas Zé chegou meia hora antes e disse: “O homem tem que ter compromisso e pontualidade...” Eu gostei, pois havia chegado as nove.

Após receber um afetuoso abraço da tenente Wedja, da comunicação social, setor conhecido internamente como PM5, iniciamos nosso trajeto a pé até a Ilha do Retiro, sede do Sport.

No caminho dispensou o tratamento formal - pedindo para chamá-lo apenas de Zé - e foi contando histórias durante todo o trajeto de cerca de dez minutos.

Embora fiel ao seu clube, teve que fingir-se torcedor do rival Náutico por um ano, três meses e vinte o e oito dias, tempo em que durou o namoro com sua esposa, para agradar o sogro que era torcedor fanático do time alvirrubro e temia que proibisse seu relacionamento caso soubesse da verdade.

Ao chegar à sede do clube foi recebido por todos que encontrou com uma saudação festiva. Disciplinado, objetivamente foi à sala de um diretor para pedir autorização para mostrar-me as dependências da entidade.

Calmamente iniciamos a visitação e Zé continuou contando histórias. Conversou com o pessoal da manutenção, segurança, massagista, fisioterapeuta e diretores. Depois entramos no departamento médico onde estavam em tratamento os jogadores Romerito e Bruno Mineiro. Os demais iriam se apresentar na parte da tarde, já que o Sport jogou domingo contra o Ypiranga (venceu por 2x1), e os demais atletas estavam liberados na parte da manhã.

Bruno Mineiro, que veio recentemente emprestado do Atlético Paranaense, posou para uma foto com o PM e disse que é bom ter um torcedor chato quando é a favor, para incomodar apenas a outra equipe. "Acaba sendo uma ajuda a mais", disse. Contudo, ele pode ficar tranqüilo que o Zé do Rádio não pega no pé dos jogadores do seu time. Consciente disse: “Tenho que atrapalhar apenas os adversários”.

O último local visitado foi a sala dos troféus. E foi inevitável o discurso do torcedor fanático sobre a polêmica que envolve Sport e Flamengo, no campeonato brasileiro de 1987. Ironizou o presidente da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, sugerindo que faça palavras cruzadas pra não ficar esquecido. E sugeriu que ele repita a frase “Eu Ricardo Teixeira dei o título de campeão brasileiro ao Sport e agora quero tirar a metade.”

Animado com a chegada do carnaval, Zé falou da sua agenda, incluindo o dia em que vai desfilar em Olinda, ao lado do boneco gigante feito em sua homenagem. Contudo reservou períodos de descanso para não haver excesso de desgaste físico, já que ele fez transplantes de Coração. Amanhã (2/3) completa nove anos e ele vai comemorar como um novo aniversário de nascimento. Perguntei quem havia judiado mais do seu coração, se o Sport ou o trabalho como policial militar e respondeu que foi um problema de hipertensão.

No retorno para o quartel mais uma vez constatei sua popularidade. Motoristas de ônibus, taxistas e pedestres... Todos cumprimentaram o veterano policial, que continua utilizando a arma com a qual pretende incomodar muito os técnicos adversários: o volume do seu rádio.

Na sala de troféus com diretor e funcionário do Sport

Bruno Mineiro: "É bom ter torcedor chato quando é a favor"

Zé do Rádio e a tenente Wedja, da PM5

* Autorizada a publicação, desde que contenha a citação: "Publicado no blog do Sargento Lago" e o link : www.sargentolago.blogspot.com