domingo, 29 de maio de 2011

Recrutinhas do Piauí


Disciplina, a tônica do Pelotão Mirim

O bairro da Matinha, na Zona Norte de Teresina/PI, já foi considerado um dos mais problemáticos devido ao tráfico de drogas. Para evitar que as crianças e os adolescentes que residem no local fossem recrutados para a atividades criminosas, o líder comunitário Mureco, apelido carinhoso que ganhou o senhor Euclides, devido a sua baixa estatura, procurou o Capitão Fábio Abreu, Comandante da RONE- Ronda Ostensiva de Natureza Especial, e assim nasceu o projeto do Pelotão Mirim.

Todos os sábados, das 7h da manhã às 12h, 250 crianças e adolescentes, entre 6 e 14 anos, se apresentam ao quartel para participar do treinamento de Ordem Unida e das aulas de Capoeira, Jiu Jitsu, Taekwendo, Karate, Futebol e Natação.

Ao chegar, entram em forma, cantam o Hino Nacional e fazem a Oração do Pai Nosso. Em seguida iniciam as atividades.

Parece brincadeira de criança, mas Cauã, de seis anos, leva a sério o treinamento de Ordem Unida. Embora seja o último da coluna, executa todos os comandos, sem desviar a atenção.

“Aqui não tem moleza, moleza é na casa de vocês”, fala o Sargento Júlio Cézar, que trabalha no COPOM e todo sábado vem voluntariamente oferecer a sua contribuição. Ele puxa as canções durante a marcha... “Na ordem unida aprendo o meu dever”, e os pelotões repetem... “ E aqui a disciplina é pra valer... Na RONE não tem enrolação... Se eu errar,sou chamado à atenção”.

Uma pequena pausa acontece as 9h30, quando é servido o lanche. Refrigerantes, sucos, bolachas e bolos. Embora existam parceiros do projeto, neste sábado as mães trouxeram, porque alguém não cumpriu com o combinado.

Enquanto alguns ainda estejam comendo, os que já acabaram são separados por modalidade esportiva, conforme sua escolha. Pouco tempo depois todos reiniciam os treinamentos.

Entusiasta do projeto, o professor de Jiu Jitsu Ginkles Lucas, que perdeu o título de campeão pan-americano de 2009 por não ter patrocínio para viajar, diz: - Se eu tivesse dinheiro, apoiaria mais efetivamente os projetos existentes, como não tenho, ofereço o meu tempo. Ginkles, tem uma academia nas imediações e oferece 60 bolsas aos alunos de um colégio público, demonstrando seu compromisso com a comunidade.

O capitão Fábio Abreu trouxe o seu filho João Vítor, de 3 anos, que fica brincando sozinho, já que ainda não idade para participar com as demais crianças.

Embora seja comandante de uma Companhia que atua com freqüência no combate ao crime, entende que a prevenção é o caminho. “Não é porque a gente trabalha junto à comunidade que vai ficar menos operacional”.

O sucesso do Pelotão está na satisfação dos pais. Os que podem permanecem todo o período na arquibancada vendo o treinamento dos seus filhos. “Aqui a gente sabe que eles estão formando cidadãos”, comemora a dona Célia. Pra ela o Pelotão Mirim também ajuda a colocar limites ao filho único, que é o caso do seu filho João Gabriel . “Os pais não sabem dar o limite, aqui o regime é militar, nós ficamos sentados e eles têm que obedecer ao sargento.

Enquanto converso com a dona Célia, ouço a voz do sargento Júlio Cézar.

- Pelotão de preto o que é que você faz?

A resposta é imediata:

– Marcho, estudo, na RONE é bom demais. Pelotão Mirim, RONE, RONE, RONE Piauí.

Contrastando com as notícias que a atividade policial produz, no Pelotão Mirim Matinha a esperança se renova. O semblante no rosto dessas crianças e adolescentes sinaliza o caminho a seguir, o do comprometimento social.

Aula de capoeira

Capitão Fábio Abreu

As crianças levam a sério o treinamento

João Gabriel, filho único

Sargento Júlio Cézar

Natação: calor de Teresina atrai modalidade

Professor Ginkles, campeão pan-americano

domingo, 22 de maio de 2011

Modernidade cearense

Projeto Roda do Quarteirão: Viaturas equipadas

Major Albano: Bom humor cearense

A visita pelo Ceará foi mais curta, apenas 15 dias. Já estava previsto que, em razão do interesse por eventos tradicionais em alguns Estados, haveria a flexibilização da agenda para estar em determinados locais.

Logo ao chegar fui recebido pelo Major Albano, o relações públicas da Polícia Militar do Ceará. Confirmando a fama do Estado de produzir humoristas, brincou comigo: "Bem novinho e já é tenente!".

No clima, ja fiz uma entrevista com ele, que falou da responsabilidade do Porta-Voz de uma corporação.

Definida minha hospedagem, fui encaminhado para a Casa de Apoio da Associação dos Subtenentes e Sargentos.

No domingo, acompanhei o trabalho da PM na decisão do campeonato cearense de futebol. Segui os passos do Capitão Landim dentro e fora do estádio. No final, o Ceará ficou com o título, após vencer o Guarani de Juazeiro do Norte por 5x0.

Na segunda-feira fui conhecer o projeto Ronda do Quarteirão, "carro-chefe" da PM. Vi viaturas Hilux novas e muito bem equipadas e excelente estrutura de comunicação, inclusive com câmeras de vídeo.

Também chamou a atenção o uniforme dos cearenses. Bem desenhado e moderno.

A chuva não permitiu que eu fosse conhecer a sede da Associação Esportiva Tiradentes, que tem o time que disputa a primeira divisão do campeonato estadual de futebol, que é mantido pela doação voluntária dos policiais militares.

Na quinta-feira fui conhecer Jericoacora e suas belezas naturais, um dos locais mais procurados por turistas do mundo todo.

O Cabo Lucinazi e o Soldado Feitoza falaram sobre o trabalho realizado naquele paraíso.

Após o final de semana em Jeri, fui recebido na manhã de terça-feira pelo comandante geral, Coronel Werisleik, e no início da tarde segui para Juazeiro do Norte.

Na terra do Padre Cícero, cheguei por volta das dez da noite e me alojei no 2º Batalhão.

Na quarta-feira, logo cedo caminhei pela cidade, sob calor forte, conhecendo o comércio local. Depois conversei com os Tenentes Thiago e Marcel que falaram um pouco sobre a história do Padre Cícero, líder religioso que viveu de 1844 a 1934 e que, por suas ações assistenciais na cidade, é venerado por muitos.

Também falaram sobre seus anseios e projetos profissionais.

Do Marcel ganhei uma peça do uniforme do Ronda, do Thiago, a camiseta do Tiradentes.

No início da tarde saí com os Soldados Arimatéia e Sá e o Sargento Edson. Fomos a Crato e Barbalha, e também visitamos a estátua do padre famoso. No trajeto eles também falaram sobre a admiração que tem pelo religioso.

Quando retornavamos no final do dia, passamos por um hospital onde estavam definindo a cirurgia do Soldado José Dário de Azevedo Filho, do P2 (Serviço de Inteligência) do batalhão.

No dia anterior ele teve uma crise no alojamento do quartel e ao ser socorrido ao hospital descobriu que referia-se ao problema que tem de malformação artério-vascular. O caso exigia cirurgia de emergência, contudo o policial não tinha o valor cobrado no hospital privado.

Rapidamente todos os companheiros se mobilizaram e em poucas horas conseguiram mais de dez mil Reais, por isso estavam naquele momento confirmando o procedimento.

Emocionado, ao lado da esposa Ione e do filho Azevedo Neto, reconheceu o apoio dos colegas. "É nessas horas que vemos que a Polícia Militar é uma família.

No retorno ao quartel tive tempo apenas de agradecer a receptividade ao Tenente Coronel Paiva e ao Major Saimon, Comandante e subcomandante do 2º Batalhão. Por volta das 19h50, menos de 24h após a chegada, já estava dentro do ônibus, com destino a Picos. O Piauí seria a próxima parada.

Sargento Lago com o Cmt geral PMCE Cel Werisleik

Policial do setor de vídeo monitoramento do Ronda

Final do campeonato cearense

Por do sol em Jericoacoara

Tenentes Marcel e Thiago, projetos profissionais

Soldados Arimatéia (E) e Sá (D) e o Sargento Edson (C)

Sargento Lago e Coronel Jarbas, Sub Cmt PMCE

Soldado Azevedo: " A PM é uma família"

sábado, 21 de maio de 2011

Orgulho de ser policial

Palestra proferida pelo Sargento Lago, no Centro de Educação da Polícia Militar da Paraíba, em Aracaju, dia 14 de abril de 2011.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A garra que vem do sertão

Garra na apresentação, no final do CIOSAC

Interessado em conhecer Caicó/RN, distante 280km da Capital, aproveitei o retorno do Major Cardoso, que está freqüentando o Curso Superior de Polícia – CSP, em Natal, e fui conhecer a Região do Seridó, nome que faz referência ao rio que banha aquele local.

No trajeto comecei prestar a atenção no próprio Oficial que durante a viagem foi ouvindo Luiz Gonzaga, o maior referencial do sertão. “Sertanejo que não dançar forró não é puro, não”, disse ao comentar também que não gosta das atuais bandas do gênero. Para ele, as músicas atuais afrontam os laços familiares, as novas gerações deixaram a tradição do forró.

A viagem transcorreu sob sol e chuva, alternadamente.

Ao passar por Sta Cruz do Inharé vimos a imagem de Santa Rita, que, segundo dizem, é maior que o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

Ao passarmos por Currais Novos chamou à atenção a quantidade de cabras que circulavam pela cidade.

Nascido no Ceará, o Major Cardoso chegou aos seis anos de idade a Caicó - onde seu pai, militar do Exército Brasileiro, foi transferido - e permanece até os dias atuais.

Como o comandante Geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte manifestou desejo de criar uma Unidade para agir na região de Caatinga e sugeriu que ele fosse o comandante, decidiu fazer o curso da Companhia Independente de Operações e Sobrevivência em Área de Caatinga - CIOSAC, da Polícia Militar de Pernambuco, pois dessa forma poderia entender as necessidades da sua tropa.

Sabendo das dificuldades que teria, treinou forte para se capacitar fisicamente, por trinta dias. Fez jornadas exaustivas com equipamentos, mochila e fuzil, sob sol escaldante. Perdeu cinco quilos.

No Pernambuco acabou sendo alvo de brincadeiras por parte dos colegas, já que eram todos jovens, numa média de 26 anos de idade. “Major, volta pro seu quartel, fique no gabinete tomando cafezinho”, subestimando sua capacidade, pelo fato de ter 46 anos e haver muita exigência física e psicológica durante o curso.

Era o único Oficial Superior, logo foi o Zero Um. “A responsabilidade era maior”, lembra ao se referir que a condição de mais antigo do grupo lhe custava mais sacrifícios.

Os trinta dias de curso foram tão fortes que dos setenta e poucos que iniciaram os treinamentos, apenas trinta e um concluíram. Entre eles, o Major, com sete quilos a menos.

No último dia, sem que soubessem (eles nunca sabiam o que ia acontecer, eram surpreendidos, para testar o psicológico), chegaram correndo ao quartel, vindos de um treinamento, armados e equipados, e coube ao Zero Um apresentar o grupo ao comandante do dispositivo. O major Cardoso, numa vitalidade e vibração incomum, eternizou uma cena emocionante. Correndo em passos curtos, com os joelhos bem levantados e com o fuzil cruzado ao peito chegou à presença do Major coordenador do curso, fez o “Alto”, estendeu a mão à frente do corpo e fez a apresentação, como se um garoto fosse, para orgulho dos seus jovens companheiros do 13º Curso Intensivo de Operações e Sobrevivência em Área de Caatinga.

Com a simplicidade de um sertanejo que está acostumado a transpor dificuldades, deixou a receita da sua conquista: “basta ter perseverança, persistência, não existe nenhuma dificuldade intransponível”

Major Cardoso; "Basta ter perseverança"

Viagem ouvindo Luiz Gonzaga

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sargento Lago: Entrevista TV Mossoró 2mai2011

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A grandeza de um comandante simples

Ao chegar a Natal/RN, após contatos, fui conduzido à presença do comandante geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, Coronel Francisco Canindé de Araujo Silva. Sem cerimônias, conversou comigo - logo após se livrar de uma pilha de documentos que despachava – e ressaltou a importância do projeto Polícias Militares do Brasil mostrar o lado humano do policial.

A frente da corporação há pouco tempo, o Cel Araujo tem praticado valorizar a tropa.

Designado para assumir o comando como “tampão”- já que o comandante anterior estava no cargo há oito anos e saiu quando o governador se afastou para concorrer à reeleição - em seis meses conseguiu muitos avanços importantes para corporação, entre os quais as promoções que havia anos estavam emperradas.

Com a vitória da oposição para governar o Estado, seu cargo ficou à disposição e outro nome foi cogitado para substituí-lo, contudo a tropa iniciou uma manifestação pela internet, que ganhou corpo alcançando outras mídias, com o título “Fica Coronel”. A pressão foi tão grande que a governadora eleita Rosalba Ciarlini acatou a solicitação e o manteve.

Com um jeito peculiar de comando, busca estreitar o relacionamento com seus subordinados. Nas visitas que faz as Unidades o comandante potiguar divulga seu número de telefone celular e autoriza que todos que sentirem a necessidade de falar com ele mantenham o contato. Isso constatei ao conversar com uma policial do Estado que me passou o número e disse que eu poderia ligar que ele atenderia. Embora tivesse preferido outros meios para fazer o contato, em Mossoró o Sargento Gama, do 2º Batalhão, me mostrou o seu caderno de anotações com o número do Comandante Geral.

Perguntei Ao Coronel Araujo os benefícios desse contato e prontamente respondeu que tem conseguido muitas soluções a partir das opiniões dos policiais.

O perfil do comandante e essas conquistas têm sido tão significativos para a corporação que hoje os policiais militares do RN têm orgulho de falar do seu comandante.

Como a minha visita terminou perto da hora do almoço, saí do seu gabinete junto de outros Oficiais e fomos todos caminhando para o outro lado da rua do Quartel do Comando Geral, onde havia um Self Service, e almoçamos com o Coronel Araujo, o comandante que tem a grandeza de ser simples.

Lago e Coronel Araujo, Cmt Geral da PMRN

Almoço com o comandante

Sargento Gama mostra orgulhoso o número do telefone do Cel Araujo