sábado, 31 de dezembro de 2016

2016: Um ano para não esquecer



Fiquei ausente da minha família nos últimos cinco anos, por estar desenvolvendo projetos fora de São Paulo, mas em Janeiro participei do aniversário da minha irmã mais velha, Lucia Helena, matando saudades do convívio da família.

Iniciei o ano com a expectativa do lançamento do livro Papa Mike – A realidade do policial militar e, após muita dificuldade que o processo de publicação de um livro exige, fiz os lançamentos no Rio de Janeiro (19/6), em São Paulo (23/6) e Campinas (11/8). Foi um sucesso, graças a Deus.

Também em Junho (19), fui condecorado com o “Policial do Ano”, no Rio de Janeiro, pelo jornal Imprensa do Policial, em razão do projeto Policias Militares do Brasil, que gerou o livro Papa Mike.

Agora no final do ano, dia 21 de novembro, tive a honra e satisfação de participado do evento Vernissage/Sarau: Dois Policiais, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP, com o Cabo PM Clayton Silva, artista plástico.

Para terminar o ano em grande estilo, passei o Natal com toda minha família. Enfim, foi um ano muito abençoado, graças a Deus.

Desejo a todos boas festas e um 2017 muito feliz.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Previdência: privilégios aos policiais por quê?


Previdência: privilégios aos policiais por quê?

As polícias não gostam de expor suas dificuldades, apenas se empenham em divulgar suas boas ações, o que faz acreditar que somos super-heróis e que suportamos uma carga triplicada.

Todavia, como a necessidade exigiu, o Centro de Comunicação Social da Polícia Militar do Estado de São Paulo – CcomSoc -, comandado pelo coronel Franco Nassaro, produziu um excelente vídeo que mostra suas dificuldades para exercer o trabalho de excelência que realiza e sensibilizar a opinião pública, gerando efeito nos parlamentares, para evitar que tirem os “privilégios” da categoria, na reforma da previdência.

No vídeo policiais militares de diversos setores, inclusive da saúde, e o comandante geral, coronel Ricardo Gambaroni, falam sobre o que diferencia o policial das demais profissões.

Coloquei privilégios entre aspas porque na verdade ele não existe. É apenas a retribuição de outros direitos civis que não têm e os muitos sacrifícios, a saber:

O policial mesmo de folga tem obrigação de intervir nas ocorrências flagrantes; atendendo a necessidade do serviço, pode ser transferido para cidades distantes da que reside seus familiares.

Enquanto os profissionais civis trabalham quarenta horas semanais, totalizando 57.600 horas ao longo de 30 anos, no mesmo período o policial, em razão das suas mais diversas escalas extraordinárias, flagrantes e operações, trabalha 82 mil horas, sem, contudo, receber hora extra. Isso equivale a 43 anos de serviço.

Não têm direito a adicional noturno, aviso prévio, sindicalização e greve. Trabalha sob rígido regulamento disciplinar e, em caso de demissão, não possuem direitos trabalhistas, como Fundo de Garantia e auxílio desemprego.

Quando entra na profissão, têm a saúde melhor que a média da população, porém mais rapidamente ficará pior que a média.

As condições de trabalho insalubres lhe obriga entrar em diversos tipos de ambiente, nas variadas e desfavoráveis condições climáticas e carregando sobre o corpo, no mínimo, quatro quilos de equipamentos.

O estresse pós-traumático é realidade nas suas vidas, em razão do contato diário com os diversos tipos de ocorrências que atendem. Por isso são mais afetados por desequilíbrio do metabolismo e estão mais sujeitos a doenças como diabetes, pressão alta e obesidade. Seu risco de morrer por problemas cardiovasculares é 50% maior que a população em geral, além de morrerem três vezes mais por doenças infectocontagiosas.

No estado de São Paulo a taxa de mortalidade dos policiais é cinco vezes maior que a de todos os paulistas.

Por esses motivos não podem, nessa hora da reforma da previdência, dar o mesmo tratamento aos policiais. O policial deve ter ao menos um único incentivo para suportar essa carga pesada da profissão que abraçou.

Que a indiferença da sociedade para com os seus policiais não contamine os parlamentares que irão decidir sobre esse assunto, pois tratamento diferenciado não será concessão de privilégio, mas justiça.

*Texto publicado originariamente na coluna do Sargento Lago no Portal Stive, de Brasília.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Parlamentares policiais dão tiro no próprio pé

Parlamentares policiais dão tiro no próprio pé

Num momento em que a sociedade brasileira clama por justiça e almeja ver os corruptos na cadeia, veio como um soco no estômago a notícia de que alguns parlamentares policiais tivessem votado a favor da fiscalização mais rígida ao judiciário.

Embora seja justo exigir que o judiciário se responsabilize pelos excessos que vier a cometer, o momento e a forma com que o legislativo tratou a questão, e sua intenção, pareceram uma afronta ao anseio popular; afinal, o povo habituou-se ultimamente a enxergar nas entrelinhas as mais diversas espécies de favorecimentos quando se trata de seus representantes. Desta vez o olhar acurado recai sobre as pretensões de um rol expressivo de suspeitos, alvos da Operação da Lava Jato, qual seja, acuar quem lhes pode colocar atrás das grades.

A divulgação dos nomes que votaram SIM e que, por consequência, foram acusados de serem contra a Lava Jato, promoveu uma enxurrada de mensagens de protestos que obrigaram os policiais parlamentares a se justificarem com seus eleitores.

Eleito deputado federal pelo estado de São Paulo, em seu primeiro mandato, o capitão Augusto, que está na lista do SIM, tirou do ar sua página do Facebook e avisou que não irá mais utilizar a farda da corporação paulista, como habitualmente o fazia nas sessões da Câmara dos Deputados, por não suportar o que ele chama de “autofagia PM”.

O referido parlamentar é o mesmo que dias atrás veio a público defender a sua colega de Câmara Maria do Rosário, do PT, de não ser a autora de um texto atribuído a ela em que defendia os três marginais mortos pelo tenente que dirigia um carro UBER, em São Paulo.

Também acho legítimo sair em defesa de alguém acusado injustamente, mas a aproximação com os inimigos declarados dos policiais aliada à decisão de votar atendendo ao interesse dos corruptos não soou bem e garantiu-lhe adjetivos desonrosos. Os mesmos que recentemente ele utilizou para vituperar um jornalista.

Eu ainda pretendo falar muito sobre a representatividade parlamentar dos policiais aqui, mas gostaria neste momento de dizer ao nobre deputado que nossa expectativa é que ele tivesse uma atuação mais objetiva na luta pelos nossos interesses, em vez de empenhar-se na fundação de mais um partido – como se já existissem poucos – ainda que com a justificativa de ser um partido militar e que seria benéfico à categoria, quando sabemos que na prática a política exige muito mais o poder de negociação do que qualquer outra coisa e, para isso, neste momento fundar partido não é prioridade.

Questões como a previdência e o tempo de serviço, por exemplo, interessam mais aos policiais que propriamente essa pressa em fiscalizar o judiciário. Aliás, a prioridade zero do país é colocar todos esses corruptos na cadeia.

Engana-se o político que imaginar que sairá impune de uma traição aos eleitores.

Finalmente chegou o momento em que efetivamente a sociedade abriu os olhos para as manobras que a sacrifica. Ou se atentam para essa nova realidade ou esse tiro que deram no próprio pé pode evoluir para uma gangrena e levá-los à morte política.

*Texto publicado originariamente na coluna do Sargento Lago no Portal Stive, de Brasília.


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Policiais mortos: aviões que caem todos os anos.

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O que os policiais e seus familiares desejam é que as autoridades tenham o mesmo interesse em desvendar as causas das mortes dos policiais



Policiais mortos: aviões que caem todos os anos.


Estamos todos consternados com a queda do avião que levava a delegação da Chapecoense para Medellin, Colômbia, onde disputaria a primeira partida da final da copa Sul-americana, e vitimou 71 pessoas.

Aos familiares e amigos, prestamos nossa solidariedade. Todavia, nesse momento de comoção - sem ser oportunista, mas aproveitando a oportunidade de reflexão que a morte coletiva traz – quero reavivar-lhes a memória de que anualmente caem pelo menos dois aviões repletos de policiais debaixo de suas janelas e aos olhos de suas indiferenças, somente no Rio de Janeiro neste ano, que ainda não acabou, 106 guardiões da constituição e dos direitos individuais. A única divergência é que ocorrem em dias distintos.

O que os policiais e seus familiares desejam é que as autoridades tenham o mesmo interesse em desvendar as causas, como ocorre nesses eventos, e se apressem em abrir as caixas pretas que vão acusar as causas de tantas mortes, para evitar acidentes futuros.

Quem sabe essas caixas pretas possam revelar a política equivocada dos governantes, as leis mal elaboradas que protegem marginais, em detrimento da segurança dos policiais e, por consequência, da sociedade, entre outros.

No voo com a delegação Chapecoense especula-se a possibilidade de “pane seca”, ou seja, a falta de combustível. Nas tragédias urbanas que ceifam nossos policiais as causas não são menos primárias.

Quem sabe pudéssemos ver a sociedade mobilizada contra a morte de tantos jovens policiais que, sonhadores iguais aos jogadores de futebol, desejaram como título uma família constituída, apoiar financeiramente seus pais, concluir uma faculdade ou ver seu filhinho nascer. Até mesmo o veterano ceifado pouco antes de chegar ao júbilo da aposentadoria em que planejava, enfim, curtir a sua família e ser um avô dedicado, para resgatar a deficiência que teve como pai, em razão do tempo gasto com o seu trabalho.

Talvez os programas de televisão tirassem um dia para sensibilizar todos, desde o primeiro jornal do dia. Continuaria com os programas matutinos, trazendo especialistas no assunto para um debate.

Nos programas infantis, nesse dia poderia passar desenhos que inspirassem as crianças a ver o policial como seu amigo, para crescer respeitando as autoridades constituídas.

Ao chegar o horário dos programas esportivos, poderiam fazer pautas com policiais que vão aos estádios com seus filhos ou até mesmo de filhos que ficaram sem o seu melhor amigo, o pai, para assistir ao futebol.

Nos vespertinos em vez de fofocas de artistas, poderiam mostrar as esposas e mães desses guerreiros que fazem arte todos os dias para suprir a ausência do policial que ora está na corporação, ora nos trabalhos extras que complementam suas rendas.

À noite, depois do telejornal mostrando o trabalho dos policiais do mundo todo, com infográficos e comparativos da realidade brasileira bem mais difícil, o capítulo da novela poderia ter nos textos dos atores falas que confortassem a família policial e despertassem a sociedade para a necessidade de valorizar esses profissionais.

Para finalizar, o programa humorístico não faria nenhuma piada com a profissão do policial. Nesse dia, pelo menos, eles constatariam que fazer chocarrice com qualquer profissão não tem graça alguma.

Sem ser oportunista, mas aproveitando a oportunidade de reflexão que a morte coletiva traz – quero refrescar-lhes a memória de que nossos policiais mortos são aviões que caem todos os anos.

*Texto publicado originariamente na coluna do Sargento Lago no Portal Stive, de Brasília/DF.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Onde mais está o crime organizado?


A partir de atitudes que contrarie o senso comum, não pode existir ninguém insuspeito


Onde mais está o crime organizado?


A prisão do Vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Luiz Carlos dos Santos, e de outros advogados suspeitos de movimentar o dinheiro do crime organizado, em São Paulo nesta terça-feira (22), além de confirmar o que já se suspeitava, acende o seguinte alerta: onde mais está o crime organizado?

Com a intenção de dominar o sistema, os criminosos decidiram, além de cooptar profissionais que trabalham nos setores de seu interesse, inserir seus membros nos setores onde facilitaria a sua atuação. E isso hoje é uma realidade.

A sociedade brasileira não poderia continuar sendo tachada de intransigente e atrasada por manifestar seu desconforto diante do que já ficou conhecido como “direito dos manos”, cenário em que o cidadão de bem nunca é protegido e a polícia sempre é criticada. Não seria justo viver estigmatizada apenas como alienada política que ainda está contaminada com os métodos da ditadura somente por levantar suspeita contra as ações dos abnegados “ativistas” que transformam infratores em vítimas e cumpridores da lei em opressores. Finalmente se desmascarou a farsa e apareceu a verdade: as leis brasileiras continuam sendo deturpadas para fortalecer os criminosos, e o poder está sendo utilizado para fragilizar as instituições.

No mundo atual, a partir de atitudes que contrariam o senso comum, não pode existir ninguém insuspeito, pois os desvios éticos assumiram proporções inimagináveis e transformam nossas frustrações em angústia e impotência. Nesse contexto desolador, torna-se imperativo reavaliarmos nossa conduta e responsabilidade perante a nação e assumirmos uma postura proativa ao depararmos com qualquer indício de favorecimentos pessoais nas diversas esferas do poder público, principalmente dos legisladores.

É importante que sejamos mais críticos em nossas avaliações para observar e denunciar qualquer pessoa, independente da atividade profissional, seja ela jurídica, eclesiástica, acadêmica, política ou qualquer outra, cuja atuação contrarie o que dela se espere. Devemos admitir que ela possa estar a serviço de interesses escusos e exigir a devida investigação.

Não podemos aceitar passivamente que criminosos presos em flagrante sejam colocados em liberdade; que leis explicitamente favoráveis a bandidos sejam aprovadas; que as autoridades policiais sejam afrontadas e colocados em xeque a partir de denúncias caluniosas.

Mas isso não basta. A vigilância deve ser minuciosa e é preciso muito cuidado com as críticas despretensiosas e gratuitas contra as instituições, pois involuntariamente os interesses do crime organizado podem estar sendo atendidos à medida que se promove o descrédito das instituições, que são a base de sustentação da sociedade.

Não vamos apoiar e ou disseminar a discórdia. A luta deve continuar, os protestos devem existir, porém jamais deveremos servir aos interesses dos fora da lei. Bandido é bandido. E lugar de bandido é na cadeia. Se ficarmos dando voz e garantindo direitos imerecidos a estes, estaremos subtraindo do povo ordeiro e trabalhador a sua garantia de viver num país melhor.

Sejamos cautelosos e atentos, até porque não sabemos onde mais está o crime organizado.

*Texto publicado originariamente na coluna do Sargento Lago no Portal Stive, de Brasília/DF.