terça-feira, 21 de abril de 2020

EMOÇÃO: Sargento Lago faz música para tio policial

segunda-feira, 13 de abril de 2020

# 07 A NOBREZA DA LUTA

PODCAST CAPACETE PENSANTE - #07

"De uma família numerosa e poucos recursos, morando na Zona Leste, periferia de São Paulo, onde a xepa da feira era um recurso a ser considerado, em tempos agudos de crise, o anseio pelo conhecimento tornou-se minha única esperança, naquele diminuto universo de oportunidades."

quarta-feira, 8 de abril de 2020

MÃE AFLITA PEDE RESPOSTAS AO GOVERNADOR JOÃO DÓRIA


Recebi a mensagem de uma mãe em desespero e dou publicidade, com a autorização da autora, para que seja compartilhada até chegar ao governador João Dória.



"Olá Sargento sou esposa do um Cabo e gostaria que o Sr fizesse chegar minhas perguntas ao nosso Governador João Doria.

Vou tentar ser a pessoa que não fala sem pensar, mais vamos la:

Sr Governador João Doria tenho algumas perguntas e ficaria feliz com as respostas.

Eu estou desempregada e recebo o seguro desemprego e por esse motivo não tenho direito ao novo benefício anunciado por vcs.

Tenho 3 crianças que não estão indo a escola por conta da pandemia. Não têm direito ao benefício da merenda nem do estado nem da prefeitura.

Nunca nunca tive benefício como bolsa família,por não se encaixar no perfil do beneficiário.

Meu esposo é policial militar, trabalha na escolta de presos, inclusive está neste momento na escolta de um preso no hospital, colocando em risco a vida dele e a dos nossos filhos, podendo trazer o vírus para dentro do nosso lar.

Saindo de lá ele descansa e já inicia muitas vezes a operação Delegada ou até mesmo a Dejem.
E sabe pra que? para garantir o mínimo, digo o mínimo, para nossas famílias.

Ele fazia outro trabalho nas horas de folga, só que devido a essa pandemia e o consequente isolamento social, teve a perda do trabalho, porque era um restaurante e esse teve seu funcionamento limitado e, como muitos estabelecimentos, não resistiu a crise e teve o quadro dos funcionários reduzido.

Doeu ver o Sr anunciar que pensa em reduzir o salário desta categoria, que sempre foi um salário nunca pago com o merecido valor.

Que saída eu tenho?

Como vou trabalhar, se tenho 3 crianças que estão afastadas da escola?

Vou deixar com a avó paterna, que tem 63 anos, com muitos problemas de saúde e considerada do grupo de risco?

O comércio fechado, as fábricas paradas, como vou trabalhar ?

O que o Sr cogita fazer ?

O que vou falar para o Banco do meu financiamento imobiliário, que poderá não ser depositada pq o nosso Governador reduziu o salário? Sendo assim, optei comer do que honrar meu compromisso. Detalhe: o meu banco não aceitou a opção do congelamento da prestação imobiliária. pq ele não é a Caixa.

São algumas perguntas da minha família.

Se o Sr escutar a familia policial militar, vai se assustar como isso pode e vai mexer com a estrutura familiar e financeira de muitos lares.

É fácil ficar em casa quando se tem tudo. Quando não tem que decidir entre honrar compromisso ou comprar alimentos.

O Sr pode doar seu salário por muitas vezes, fico até feliz por esse gesto, pq são poucos que tem condição para isso.

Não peça o mesmo para esses pais e mães de família que estão na linha de frente. É injusto.

Pense no que esta decisão irá resultar.

Tem que ter outro jeito, eu espero que tenha outro jeito.

Ajude a classe Sargento. 😪 "

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Visitando o Cabo Lalau na prisão


 

Soldado Araujo com Hanseníase, em 2016 (E) e na prisão, em 2020 (D)



VISITANDO O CABO LALAU NA PRISÃO



Iniciei o ano de 2020 desenvolvendo a terceira edição do Projeto Polícias Militares do Brasil.

Pra quem não sabe, a primeira edição desse projeto teve seu início em 2010. Viajei todo o país, durante um ano, um mês e treze dias, conhecendo as polícias militares. Dessa viagem, em conversas em alojamentos, refeitórios, viaturas, pátios e corredores de quartéis, extraí o conteúdo para escrever o livro Papa Mike – a realidade do policial militar.

Nesta terceira edição fui do vale do Jequitinhonha aos sertões baiano e sergipano, mas antes passei pela zona da mata mineira para documentar a realidade dos policiais daquela região, que sofria com as fortes chuvas.

Não estava previsto no roteiro inicial a ida a Salvador, mas ao sair de São Paulo, no dia 17 de janeiro, já tinha conhecimento da prisão - acusado por homicídio - do soldado e também humorista Felipe Prado de Araújo, que ficou conhecido interpretando Cabo Laurindo – “O Caxias”. Por isso incluí a capital baiana no roteiro para tentar visitá-lo no presídio.

Embora não tenha sido fácil, consegui o objetivo.

No dia 12 de fevereiro fui recebido pelo sargento Faleiros, no presídio militar, que me explicou sobre o funcionamento daquela unidade e falou que também admirava o trabalho artístico do soldado Araujo, mas que lamentava o fato de tê-lo conhecido apenas naquele local.




Sargento Faleiros, não queria conhecer Araujo na prisão (E). Sargento Lago e Araujo (D)



Quando Araujo entrou na sala que eu o aguardava, acompanhado pela escolta, como é o protocolo dos presídios, me recebeu com a mesma alegria que sempre passou em seus áudios.

Como o objetivo era fazer o podcast, comecei gravando apenas o áudio, sem me preocupar com o enquadramento da câmera, mas como eu tinha autorização apenas para a visita e não para gravar a entrevista, o sargento Faleiros achou prudente que não gravássemos e prontamente acatei.

Araujo nasceu em Itabuna, no dia 7 de novembro de 1978. É o penúltimo filho de uma família de dez irmãos. Destes, outros dois também são policiais militares. Um sargento e o outro subtenente. Sentindo-se vocacionado, desde criança desejou ser um policial militar. Também admirava os bombeiros.

Sempre teve a inclinação artística, por isso durante o curso de soldados, concluído em dezembro de 2008, seu talento tornou-se a válvula de escape dos colegas que pensavam desistir, em razão do curso ser muito puxado. Nas poucas horas vagas que tinham, pegava o seu violão e cantava, intercalando com comédia stand-up.

Tinha vários personagens, mas Cabo Lalau, “o Caxias” caiu no gosto popular. Inclusive dos superiores. E assim a sua fama de humorista correu os quartéis, primeiro da Bahia, depois do Brasil.

Chegou fazer shows em outros estados e foi condecorado com duas medalhas no estado de Minas Gerais e com a medalha Brigadeiro Falcão, mais alta comenda da PM do Maranhão.

Atualmente estava frequentando o terceiro semestre do curso de jornalismo na Universidade Metropolitana UNIME e cumprindo escala na 4ª Companhia do 15º Batalhão, em Itabuna/BA, na seção de meios, como armeiro, onde era responsável por entregar e recolher armas e fazer limpeza de primeiro escalão.

Araújo estava acostumado a vida de superação. Desde sempre teve que lutar com as dificuldades que se apresentaram.

Quando teve depressão em 2013, teve apoio de muitos dos seus colegas do quartel que lhe deram suporte e compreenderam seu momento de fragilidade na saúde, porém a brincadeira de alguns poucos, sugerindo que estava enrolando para não trabalhar, acabou fazendo com que desistisse do tratamento psiquiátrico e retornasse a sua rotina no trabalho.

Em 2016 outra praga lhe assolou. Contraiu hanseníase, conhecida como lepra.

Sempre manteve o seu bom humor e esteve pronto a ajudar ao próximo. Chegou convencer um policial a desistir do suicídio, ao ligar para ele dizendo estar com uma arma na cabeça.

Sua carreira artística estava evoluindo, com convites para shows e participações em programas de televisão. O personagem Cabo Laurindo já tinha sido transformado em desenho animado.

Mas o fim do seu casamento, cuja união gerou dois filhos, desestabilizou o policial. Ele é acusado pela morte de um homem que namorava com a sua ex-mulher, no dia primeiro de janeiro de 2020.

Atualmente encontra-se recolhido no complexo prisional Lemos de Brito, em Salvador, onde aguarda julgamento.

Assista vídeo da visita ao Cabo Lalau no Youtube: https://youtu.be/NAj11UK5Rrs