segunda-feira, 28 de abril de 2008

Trocando a vassoura pelo orkut


Regularmente a praça coronel Fernando Prestes é lavada. Os funcionários da prefeitura chegam, ligam uma mangueira eletrizante e chuááá... Começam o trabalho. Isto é muito bom, pois, como em toda praça, moradores de rua se alojam nesses locais a noite para dormirem e, sem o devido cuidado com a higiene, acabam deixando com um mal odor.

O problema é que o trabalho é realizado todos os dias pontualmente às 12h30. Exatamente quando estudantes e trabalhadores estão aproveitando o frescor produzido pelas árvores, após o almoço, e recuperando as energias para o período da tarde.

Indaguei um gari sobre o procedimento e ele me disse que a ordem vinha da Subprefeitura Municipal da Sé.

Liguei para a subprefeitura e falei com o senhor Mário, que tem o cargo de vistor (não entendi direto o nome do cargo, mas na explicação entendi ser o responsável pelos serviços), e, gentilmente, informou que eles usam uma água reutilizada e que vem com desinfetante. O mais importante, disse que tomará providências para que seja feito o serviço em outro horário.

O que me deixou satisfeito nesse episódio foi saber que, como na Polícia Militar, os órgãos públicos estão conscientizados sobre a necessidade de um pronto atendimento ao consumidor.

Observei um fato interessante durante o trabalho dos garis. Enquanto dois faziam o serviço outros estavam tirando fotos com o celular - um dos outros - para colocar no orkut. Como tenho me ocupado nas horas de folga a ser um apreciador das cenas urbanas, saquei meu celular e também fiz uma foto para postar no blog.

Com essa evolução galopante da informação e da tecnologia, em breve os garis estarão evoluindo para o blog.


Abaixo postei um vídeo sobre a bonita praça Coronel Fernando Prestes, na Luz. O final da panorâmica da praça termina mostrando o prédio amarelo da Rota, na avenida Tiradentes.


domingo, 27 de abril de 2008

Prata de ouro


As sextas-feiras, por volta das 19h00, quando saía do trabalho, eu passava na minha casa, pegava uma bolsa com algumas roupas e corria para a casa do Joel. Amigo tão chegado quanto a um irmão. Sem destino, íamos para a rodoviária do Tietê e lá definíamos para onde ir. Na maioria das vezes apenas com o dinheiro da ida.

Foi assim que nós dois nos aventuramos na juventude. Dos 16 aos 22, mais ou menos. Foi quando ele começou a namorar uma garotinha lá da vila dele. Uns cinco anos mais nova. No início do namoro chegamos viajar algumas vezes. Mas começou ficar sério, então preferiu não ir mais.

Tempos depois, se casaram. Fui o padrinho do casamento. Vi suas duas filhas nascerem e me respeitarem como tio. Aliás, o pai do Joel sempre brincou dizendo que éramos irmãos gêmeos, devido nossa afinidade.

Hoje, 25 anos depois, festejamos as bodas de prata do casal, numa chácara em Cotia/SP, uns 50 Km da Capital. Confesso que fiquei emocionado. Por ser o meu amigo a pessoa que é. Homem íntegro, trabalhador e fiel. Passou por muitos momentos difíceis, mas superou com determinação. A alegria deles me contagiou. Uma bonita história de amor.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O carvão e as pessoas

Passo pela Praça Coronel Fernandes Prestes há 18 anos. Ela fica na frente do quartel do comando geral da PM, em São Paulo. Estava sendo transferido da Rota para a PM5, quando por lá passei pela primeira vez. Não me recordo, mas certamente não prestei a devida atenção em sua beleza. O foco estava na nova Unidade que iria trabalhar, logo, a concentração estava direcionada.

Hoje cheguei para o trabalho por volta das 07h40. Muito cedo para o início do expediente. Passei na padaria, pedi um pingado e um pão com manteiga, enquanto assistia pela TV o jornal matinal.

Faltavam 5 minutos para as 8 horas. Decidi entrar para o quartel, embora ainda fosse cedo, o que me obrigaria disputar espaço com os colegas no acanhado alojamento.

Ao iniciar a extensa travessia da praça percebi que corria o risco de ter que ficar na posição de sentido, pois a guarda do quartel já se posicionava para o hasteamento da Bandeira Nacional. Optei por esperar num canto afastado.

Sentado no banco da praça comecei observar detalhes que até então não tinham chamado minha atenção. As pessoas transitando. Os estilos mais variados. As fisionomias. Olhei para cima. Vi as folhas das árvores numa perspectiva bem interessante. As pessoas entrando no quartel. Os policiais da guarda marchando em “trenzinho”, após a formatura. Assistia a tudo com a calma de um veterano. Não estava aflito ou ansioso pelo novo dia de trabalho.

Quando o relógio marcou 8h18 decidi entrar. Calmamente percorri o trajeto em passos cadenciados. Cadência lentíssima, claro. À distância, fui cumprimentando os colegas.

No corredor do alojamento vi três companheiros de trabalho. Conversavam animadamente. Ao me aproximar, estendi a mão ao primeiro e o saudei. Só olhou para mim após estar segurando a minha mão. Os demais também me cumprimentaram, sem grandes emoções. Entrei no alojamento ouvindo prosseguirem na conversa, com o mesmo clima animado. Pensei, a convivência diminui o interesse. Não me importei, mas comecei pensar sobre as motivações das pessoas.

Ontem estava ouvindo uma pessoa do meu convívio reclamando que foi recebida friamente no antigo emprego onde era chefe e “amada” por todos.

Quando lancei o CD “De Polícia”, em 2000, ocupei espaço na mídia por um bom tempo. Quando chegava a lugares, era reconhecido por ter aparecido na TV, ou por alguma matéria no jornal. Nessa época, até quem não tinha amizade comigo arrumava pretexto para puxar um assunto. Era a curiosidade de saber um pouco sobre a pessoa que estava em evidência. Cheguei receber ligações de colegas que não tinha notícias há anos.

A mudança de prioridade na minha vida está me conduzindo a essas reflexões. Estou me sentindo muito bem. A maturidade aquieta a alma. Facilita entender e aceitar as regras da vida, tornando-a mais prazerosa.

Ao final da minha introspecção cheguei as seguintes conclusões: ter menos pressa e preocupações possibilita viver com mais qualidade. É como tomar uma sopa na temperatura ideal. Fica mais saborosa. Sobre o interesse das pessoas, descobri que a brasa que não está na fogueira se apaga. É assim também nas relações.




quarta-feira, 23 de abril de 2008

A terra tremeu

Eu achei que estava zonzo, ou algo parecido. Era 21h00 mais ou menos. Havia chegado do quartel e decidi ficar na sala assistindo o telejornal. Estava deitado de lado, com a cabeça encostada na mão. De repente senti o meu corpo indo pra frente, quase caí do sofá. Assustado, levantei pensando que era algo comigo. Aí, piorou porque tremeu de novo e fiquei sem sustentação... Rapidamente fui ao quarto e a minha mulher confirmou ter sentido o tremor. O fato de morarmos em um prédio muito alto aumentou o balanço da edificação. Pouco tempo depois veio a confirmação do terremoto.
Tomara que não haja outros, não é nada agradável.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Mulher, uma flor! - Poema


A suavidade da pétala de uma rosa pode ficar vulnerável a quem tem a intenção de extraí-la, pois sua essência não é oferecer resistência, antes prefere oferecer o seu perfume; mas também não tem desejo de ser despetalada, por isso tem caule forte e com espinhos. Assim é a mulher: linda, perfumada e encantadora. Presta-se a ocupar o seu lugar na história com a força do seu trabalho. Sensível ao ponto de ser confundida como frágil, mas com estrutura firme que serve de esteio para suas conquistas. É essa mulher que os homens estão começando a conhecer.

Sargento Lago

Mulher, uma flor.

No princípio era apenas uma costela, então, o Criador decidiu fazer dessa costela uma mulher. A partir daí começou a sua evolução, que se iniciou como adjutora e que hoje ocupa inclusive os postos mais elevados de uma nação.

No passado ela foi heroína na luta pela igualdade de direitos. Superou todos os reveses preconceituosos que a queria deixar inferiorizada. A sociedade arcaica resistiu para reconhecê-la. Sempre relegada ao papel de coadjuvante, precisou conquistar o respeito das pessoas por meio de muito trabalho e ousadia. Em alguns casos até com o sacrifício da própria vida.

A decantada alma feminina, que faz da mulher um ser sensível e meigo, capaz de se entregar ao seu amado e se dedicar aos filhos, também trás nos “opcionais de fábrica” a garra e a força dos grandes vencedores. Por isso ela - a despeito de ter sido marginalizada quando quis se posicionar na sociedade – chegou ao status atual, com gás de sobra, que sinaliza não ter esgotado sua capacidade de evoluir.

O seu potencial está evidenciado no mercado de trabalho pela capacidade de realizar as tarefas que até então eram destinadas aos homens.

Na política mundial elas despontam competindo com os homens e, em alguns casos, até ganhando, com a firmeza de grande líder.

Pesquisas recentes indicam que cresceu a participação de mulheres nos postos de trabalho nas melhores empresas no Brasil, incluindo cargos de chefia.

Na cenário nacional sua participação na política vem aumentando gradativamente. Hoje temos no país 4 ministras, 10 senadoras, 3 governadoras, 56 prefeitas e tantas outras nos demais cargos.

Até no militarismo, que tradicionalmente era reduto masculino, as barreiras estão definitivamente suplantadas.

Na PM paulista, que iniciou com 13 mulheres, hoje já são 10% do efetivo, em condições de realizar todas as atividades.

O reconhecimento da Corporação ao trabalho da mulher ficou evidenciado ao homenagear a primeira comandante do policiamento feminino, coronel Hilda Macedo, dando seu nome ao Comando de Policiamento de Área Metropolitano 3.

Em Rondônia uma mulher conseguiu o mais alto posto e tornou-se a comandante geral da polícia militar daquele Estado. Na Força Aérea Brasileira temos mulheres pilotando os aviões caças. Diante de todas essas conquistas fica claro que para a mulher o céu não é o limite.

Para atingir esse nível de evolução a mulher teve que superar até mesmo características da sua natureza. Teve que segurar os sintomas dos incômodos femininos para não ser vítima de clichês, nervos de aço, quando a vontade era de sentar num canto e chorar e decidir com firmeza em situações que sua emoção queria te trair. Por isso a sua vitória é mais saborosa, as exigências foram maiores.

A suavidade da pétala de uma rosa pode ficar vulnerável a quem tem a intenção de extraí-la, pois sua essência não é oferecer resistência, antes prefere oferecer o seu perfume; mas também não tem desejo de ser despetalada, por isso tem caule forte e com espinhos. Assim é a mulher: linda, perfumada e encantadora. Presta-se a ocupar o seu lugar na história com a força do seu trabalho. Sensível ao ponto de ser confundida como frágil, mas com estrutura firme que serve de esteio para suas conquistas. É essa mulher que os homens estão começando a conhecer.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

F U I

FUI!



É ruim, mas é bom

Quando a esperança rui

Sem perder o tom

Digo, fui!


O ideal incompreendido

Meu anseio dilui

Por não ser absorvido

Então, fui!


Crio pouco, mas é muito

Quando alguém não retribui

É lampejo fortuito

Por isso, fui!


Nada a lamentar

Mas se a arte não flui

Antes que me torne abismo de criar

Chega! Fui!


Saudades, sentirei talvez

Mas alguém contribui

Para minha acidez

Basta! Fui!


Não perderei meu nicho

Minha arte evolui

Fique com seu capricho

Fui!




quinta-feira, 17 de abril de 2008

Botafogo, Botafogo!




Ontem tive a oportunidade de matar saudades do meu clube. Como sabem, torço para o Botafogo. Ontem o alvinegro estava aqui em Sampa para enfrentar a Portuguesa, então, fui assistir.

O estádio da Lusa fica perto da Terminal Rodoviário do Tietê, região de fácil acesso.
Apenas lamentei o horário do jogo (21h50), que é muito tarde para um dia de semana. Mas ao final acabou sendo um bom programa.

O resultado do jogo foi 1x1. Agora haverá o jogo de volta no RJ para saber quem vai passar para a próxima fase da Copa do Brasil.




Rota da saudade

Os policiais militares veteranos do 1º Batalhão de Polícia de Choque promovem encontros para reverem os ex-companheiros de Rota. São eventos realizados pelo Grêmio “Boinas Negras”, criado em 1993, que tem como objetivo reunir policiais militares que tenham servido naquele batalhão.


“O grêmio nasceu da necessidade de agregar os companheiros do Batalhão Tobias de Aguiar”, afirma o tenente coronel da reserva Antonio Bezerra da Silva, que é um dos idealizadores e preside os “Boinas Negras”.


Periodicamente eles reúnem a turma, como fizeram neste sábado (14) em uma chácara na cidade de Mairiporã, na grande São Paulo.


Por volta das 09h00 foram chegando os primeiros convidados. O cabo reformado Gilberto Barra, que faz parte da diretoria, foi recepcionando a todos e atualizando os endereços. Apesar de vir muita gente por convite feito boca a boca, a maioria vem por meio de correspondências que recebem em suas casas.


Cada colega que chegava era motivo de brincadeiras. Como a maioria já está na inatividade, foram grandes as transformações de alguns. Barbas, cabelos longos, calvície, rugas, sendo tudo motivo para algum comentário.


Várias gerações estavam presentes: entre os oficiais, os coroneis Profício, Pazelli, Olavo, Gonçalvez; tenentes coronéis Lísias, Possebom, Nakaharada, Telhada, Mascarenhas, Bernardes; Major Luiz Carlos; capitão Conte Lopes; tenentes Garcia, Vagnão, Jackson, Justi entre outros. Das Praças, os subtenentes Edson, Valente e Brígido; os sargentos Everaldo, Menin, Estevão, Wilson, Lemos e também os delegados da Polícia Civil Santos e Solano e o investigador Gilberto, que trabalharam na Rota e hoje estão na co-irmã e muitos outros, totalizando cerca de 200 pessoas.


Houve uma partida de futebol amistosa e depois foi servido um churrasco, que se prolongou até o início da noite.


O coronel José Francisco Profício, ex-comandante geral da PM (de 26/1/94 a 31/12/94) e um dos primeiros comandantes de Companhia de Rota, emocionado, relatou a satisfação de estar naquela confraternização e poder rever antigos companheiros.


Para o tenente coronel Bezerra, que ingressou na Corporação na graduação de soldado em 1967 e passou para a inatividade em 1995, o grêmio possibilita falar com liberdade das memórias vividas na corporação pelo fato de todos serem da mesma origem. “Tem experiências que nós vivemos que só quem já passou vai entender”, concluiu.


A alegria e o saudosismo predominantes foram a tônica deste encontro que promete muitas emoções para os próximos eventos.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Pra onde vou

Pra onde vou

Sargento Lago


Pra onde vou

Levo esperança

De onde venho

O sonho acabou


Pra onde vou

Sou esperado

De onde venho

Fui rejeitado


Pra onde vou

Serei feliz

De onde venho

Quase infeliz


Pra onde vou

A dor tem alento

De onde venho

A dor, nascimento


Pra onde vou

Busco a paz

De onde venho

A guerra se faz


Pra onde vou

Tem alegria

De onde venho

Há hipocrisia


Pra onde vou

Jardim da Paz

De onde venho

Rosas fecais




segunda-feira, 14 de abril de 2008

Trapaça

Trapaça

Sargento Lago


Trapaça na caça

Você faz pirraça

Inventa, ameaça

E disso não passa


Trapaça indolente

E o povo que sente

Não sabe que mente

Quem se faz carente


Trapaça no ato

O gato e o rato

Quem paga o pato

Desse assassinato


Trapaça por benesse

Que nada o empece

Nem traga estresse

Quando lhe interesse


Trapaça em discurso

Sem me dar recurso

Tornou-me incurso

De erro em concurso


Trapaça ideológica

Trapaça subsistente

Trapaça sem lógica

Trapaça indecente


domingo, 13 de abril de 2008

Meu canto

Meu canto

Sargento Lago


Canto e molho o rosto

Enquanto me quebranto

No canto olho exposto

O pranto em contracanto


Canto decomposto

Se lembro um desencanto

Na dor de um desgosto

Meu canto fica santo


Se faço o seu gosto

O canto encanta o canto

Ainda indisposto

Acalanto enquanto canto


Não há canto

Que um canto

Não encante


Nem encanto

Em um canto

Descontente


Há cantos

Contos

E cantantes


Cantigas

Cantatas

E contentes



sábado, 12 de abril de 2008

Gremio "Boinas Negras"

O sábado amanheceu ensolarado. Acordei com a ligação do Subten Valente:

- E aê rapaz, vamos lá ver os irmãos?

Respondi afirmativamente e uma hora depois nos encontramos no CFAP, no Tatuapé e fomos para o evento.


Iniciamos jogando um futebolzinho e depois fomos para o oba-oba. Foi um dia memorável.


Esses encontros são bem emocionantes. Reúne em média cerca de 150 a 200 policias que trabalharam na Rota, em diferentes épocas. Alguns bem velhinhos. São fundadores desse lendário batalhão.

O que não faltou foi assunto. Tinha muitas histórias para serem lembradas. Também muita emoção ao rever os amigos e tristeza pela ausência dos que já se foram.


Nesse encontro teve um momento especial. No início da tarde apareceu o pelotão de Rota Vespertina, para delírio dos veteranos. Foi uma integração legal.


Voltei no final do dia, bem feliz.



sexta-feira, 11 de abril de 2008

Filme “Rota Comando”

Amanhã, dia 12, os “rotarianos” estarão reunidos. É mais um evento promovido pela associação “Boinas Negras” que integram todos policiais que trabalham ou trabalharam na ROTA. Lá o assunto que vai ganhar destaque nas rodas será o filme “Rota Comando”, tenho certeza.


Hoje, por volta das 15h00, estive no Batalhão Tobias de Aguiar – ROTA, onde estavam sendo gravadas algumas cenas do filme. Entrevistei o diretor (que também faz uma ponta de ator no filme) e também conversei com alguns policiais do batalhão que assistiam as filmagens à distância. Apesar da explicação do diretor Elias Junior de que a produção irá fazer uma homenagem aos milicianos, o que ouvi - à boca miúda - é que não acreditam no resultado deste trabalho.


O filme tem roteiro baseado no livro “Matar e morrer”, do capitão e deputado estadual Conte Lopes, que serviu naquele quartel nos anos 80, como eu, embora não sejamos contemporâneos.


O que se discute não é o foco no capitão, que é político e que terá mais visibilidade com o filme, mas a qualidade. Os recursos são inexistentes. Está sendo feito na base de "Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça".
A diferença é que quando Glauber Rocha pronunciou essa famosa frase os Jovens, que estavam frustrados com a falência das grandes companhias cinematográficas paulistas, resolveram lutar por um cinema com mais realidade, mais conteúdo e menor custo, não apenas com menor custo.


Como já comentei anteriormente, torço muito pelo sucesso do filme. Pela Rota.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Reflexão


Estava navegando pela internet hoje e vi essa foto. Fiquei alguns minutos olhando para ela. Imaginei tanta coisa que decidi postar aqui no blog. Cada um faça a sua leitura.

sábado, 5 de abril de 2008

Criando um marginalzinho


O crime tem a sua rota, mas, ao contrário do que às vezes dizem, não começa na rua. Na maioria das vezes, começa em casa, na educação familiar.

Existem pais que se empenham em fazer de seus filhos um delinqüente, um violento, um mau caráter, um mentiroso, um oportunista etc.

Para formar um marginal não é fácil. Alguns requisitos são essenciais. Da mesma forma que muitos não têm vocação para ser policial, médico, jornalista, pedreiro, há criminosos que praticam o mal sem ao menos ter habilidade pra isso. São esses os primeiros a morrer.

Contudo, o ser humano tem por instinto a prática do mal. É muito mais fácil vermos uma criança rindo de um coleguinha da escola por ele ter escorregado numa casca de banana do que alguém empenhado em levantá-lo.

Na mídia, as notícias violentas, as fofocas e as catástrofes dão mais audiência que as ações humanitárias.

Então, quando um pai e uma mãe passam a mão sobre a cabeça dos filhos que praticaram algo errado, certamente estarão sinalizando para esse filho que aquela prática não é má, que a sociedade é que deve absorver seu comportamento. Isso é o bastante para termos um marginal em potencial. Se ele não se tornar um no futuro foi obra do acaso, e, inclusive, seus pais deveriam ficar frustrados, pois o treinamento que deram, ainda que inconsciente, foi para isso.

Perseguição de carro

Era 1988, patrulhava pela Avenida Francisco Morato, Zona Oeste de São Paulo. De repente um Chevette atravessou a avenida. Estavam três pessoas dentro.

Ao ver nossa viatura, o motorista acelerou muito assustado. Gesto suficiente para que fossemos em seu encalço. A perseguição durou algo em torno de 5 minutos. Viraram a esquerda, direita, depois novamente a esquerda e depois, de novo a direita. Numa dessas viradas, estávamos tão próximos que pensei em dar uma rajada de metralhadora no pneu do carro, mas, acabei não fazendo. Metros depois dessa virada a esquerda eles pararam o carro e desceram correndo pra dentro de uma casa. Foi quando percebemos que eram menores de idade, algo entre 14 e 16 anos. Antes que conseguissem entrar, já estavam presos.

Com o barulho, saiu a mãe de um dos garotos, desesperada e se apressando em socorrer o filhinho que, a essa altura, estava pálido de medo. “Coitado do meu filhinho, vocês assustaram ele”, disse, preocupada. Na minha cabeça muitas coisas passaram nesse momento. Imaginei que poderia ter dado uma rajada no pneu e, quem sabe, poderia, com o balanço da viatura em movimento, ter atingido eles acidentalmente e a “cagada” estaria feita.

Ver aquela senhora com tanto carinho com o seu delinqüente juvenil, que poderia, inclusive, ter me levado para cadeia, deu muita raiva.

Vocês não fazem idéia o quanto aborrece um policial quando passa por uma coisa dessas.

A vontade foi de pegar a mulher e dar uma surra. Depois, dar um corretivo nos moleques também. Mas, vocês acham que isso iria modificar o comportamento daquela família? Será que estaria solucionado o problema? Claro que não, afinal, aquela mãe estava empenhada em forjar um marginalzinho naquele filho. Não seria uma sova que resolveria. Pelo contrário, iria promovê-la a vítima da sociedade, que é isso que marginais fazem o tempo todo. Passando-se por vítimas, se escondem da incompetência em não serem cidadãos de bem.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Somos a Polícia Militar em Curitiba

[youtube 6fiSL4Y8O_Q]


Show do Sargento Lago realizado no Teatro Oscar Niemayer, em Curitiba/PR, em agosto de 2006. Participação da Banda da Polícia Militar do Paraná.










terça-feira, 1 de abril de 2008

Somos a Geni


A gente não quer admitir, mas a nossa sociedade é muito hipócrita. E enquanto se comportar dessa forma muita coisa vai ficar sem solução e vamos ficar nos culpando uns aos outros.

O que está faltando é uma mudança de posição. O que hoje é proibido, amanhã permite-se, sem constrangimento algum, e nós não questionamos qual o comportamento errado, se o proibido ou o permitido.

No dia 7/2/07, o garoto João Hélio, de 6 anos, foi brutalmente assassinado no Rio de Janeiro, após ser arrastado, quando ficou pendurado no carro da sua mãe que acabara de ser roubado. A notícia abalou o país. Ficamos estarrecidos por imaginar que um ser humano como nós conseguiu fazer tal atrocidade com um ser tão indefeso.

A polícia carioca, numa ação rápida, prendeu os assassinos do menino. No dia seguinte, na primeira página dos principais jornais e, depois, nas revistas semanais, foi estampada a foto dos presos, cada um tendo ao seu lado um policial militar segurando-lhes pelo pescoço, como quem queria esganá-los, enforca-los. No olhar dos policiais podia-se ver muita raiva e o desejo de vingança. Prende-los, não era o que queriam. Contudo, pasmem, li atentamente muitas reportagens que continham as tais fotos e em nenhuma delas fizeram menção da agressividade dos policiais naquela prisão - o que seriam padrão acontecer.

Como assinante que sou, escrevi para a revista Veja relatando a minha indignação, cobrando uma postura imparcial da revista. E vou dizer, não estou e nunca estive do lado dos marginais, aliás, eu mesmo já cometi muito desses atos que os policiais cariocas cometeram. Mas, o que me incomoda é saber que quando interessa para sociedade, ou para parde dela, podemos ser truculentos, matar, agir a margem da lei e cometer arbitrariedades. Em contrapartida, quando não, procuram pelo em ovo pra poder crucificar o policial.


O que mais entristece nisso tudo é saber que nós policiais somos a Geni, da música do Chico Buarque. Quando precisam da gente fazem até romaria para pedir ajuda, mas logo depois, passado o mal momento, jogam bosta.