quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Por que eu voto no Soldado Queiroz


A decisão pelo voto é muito importante. Não dá apenas para escolher o mais simpático, o que fez a melhor promessa ou o que tem mais dinheiro pra gastar na campanha. Deve ser tomada pela vontade do candidato em fazer algo pela sociedade e, no caso dos profissionais de segurança, que o mesmo tenha comprometimento com a categoria.

A Polícia Militar do Estado de São Paulo carece há anos de um representante dos Praças. Não de um que se auto-entitule, mas que seja autêntico.

Encerrei meus trinta anos de serviço, estou há quase vinte compondo e cantando canções sobre a nossa rotina policial, mas nunca apoiei publicamente um candidato, porque nunca acreditei nos projetos dos que me pediram apoio, e isso para mim é fundamental.

Tomo essa decisão inédita nessas eleições em favor da candidatura do soldado Queiroz, por alguns motivos:

1) Ele é “sangue vermelho”, como eu.


2) Não pertence ao ninho das águias, mas dos pardais.


3) Não se assenta a mesa com os senhores, mas come das migalhas que dela caem.


4) Consegue ser uma pessoa alegre e feliz, embora seja uma vítima da nossa sociedade, entre milhares, por não ter acesso a benefícios básicos para uma vida digna.


5) Como soldado há 22 anos, conhece a necessidade dos menos graduados. Cuidando do interesse destes, naturalmente todos os demais serão contemplados.


6) Conseguiu em menos de 30 segundos, apenas dançando, conquistar centenas de milhares de simpatizantes para a polícia, o que comandantes competentes, realizando trabalhos de diminuição de índice de criminalidade, não conseguem em anos, séculos.


7) Devido a sua popularidade, as chances de vitória aumentam. Assim, enviar um soldado à Brasília, pela primeira vez, para ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, será um grande acontecimento na história da PMESP.


8) Com status de celebridade, Queiroz faz a sua campanha em bairros pobres e ricos. Em ambos é reconhecido, tira fotos, dá autógrafos e pedem que ele dance. É a ocasião que tem aproveitado para mostrar que não entrou nesse pleito para brincar, mas com propósitos sérios.


9) Sua campanha decolou e o seu nome apareceu em primeiro lugar na intenção de votos, numa pesquisa extraoficial, realizada pelo Twitter, deixando para trás nomes famosos. Veja AQUI.


10) Minha decisão em favor do Queiroz, sobretudo é um voto de protesto. Com ele estarei dizendo para a minoria dominante na nossa corporação que não aceito mais ver sempre as mesmas pessoas, nos mesmos lugares, com as mesmas posturas, e a situação piorando ao longo dos anos, sem que alguém tome alguma providência em nosso favor.


Os Praças precisam dar o brado de protesto em busca da sua vitória, nessas eleições ele se chama Queiroz Periquita, Deputado Federal 2042.
Se tiver interesse em saber mais sobre o Soldado Queiroz, visite seu blog: www.soldadoqueiroz.blogspot.com

domingo, 22 de agosto de 2010

Carta aberta a Geraldo Vandré

Prezado amigo Geraldo Vandré,

Devo confessar que estou com saudades do amigo e lamento a escassez de oportunidade para dividirmos o convívio. Contudo, não é esse o motivo dessa mensagem.

Após a sua aparição no meu show do Bixiga, tenho sido procurado, com frequência, para falar sobre a nossa amizade, o que não recuso. Acredito que não se incomoda que saibam dela, pois deu mostras carinhosas públicas em diversas ocasiões, inclusive no show citado.

Porém, embora tenha feito uma vez, a postura que adotei com jornalistas e alunos de faculdade que têm a sua brilhante carreira como tema é a de não me expressar sobre você, pois, se fosse do seu interesse, não haveria ninguém melhor do que você mesmo para fazê-lo.

Fui procurado recentemente pela jornalista Nina Lemos, da revista Trip, que conseguira o número do meu telefone com uma terceira pessoa que havia me entrevistado para usar em laboratório de um filme policial e, durante a conversa, confessara que o vira no meu show.

A jornalista, após apresentar-se e dizer como chegou até mim, ouviu a minha afirmativa de que não concedia entrevistas sobre Geraldo Vandré, pelos motivos já expostos. Disse: “Se ele quisesse notícias sobre si, o próprio falaria”. Entretanto, disse também que de fato éramos amigos e não gostaria de uma “entrevista do Sargento Lago falando do Geraldo Vandré”, mesmo porque, já que você não costuma conceder entrevistas, ia vir um batalhão de pessoas a minha procura para repetir incansavelmente as mesmas coisas.

A moça pareceu entender a minha solicitação, mas o conteúdo da Trip 191 (agosto 2010) não confirmou isso. Ela não só escreveu tudo que queria, mas também, à revelia da minha vontade, abriu aspas para expressar algumas palavras que de fato falei, mas cuja publicação não autorizei. Serviria apenas de subsídio para a sua matéria.

Ao longo dos anos, aprendi a conviver com muitas pessoas. Conquistei muitas amizades. Várias delas com artistas renomados, como você. Mas sempre as respeitei. Todas elas. Desde o percussionista que mora na comunidade e que conheci na noite, prestigiando os shows desses amigos, até os célebres. Porém, uma coisa ainda não aprendi, e tenho certeza de que nunca aprenderei: conviver com a falha de caráter. Entristece-me saber que há esse tipo de gente em nosso meio que, a despeito de uma situação, lança seus valores no ralo.

Como policial, aprendi identificar fontes e, como jornalista, respeitá-las; sobretudo preservá-las.

Embora nunca me tenha proibido de falar sobre a nossa amizade, quero deixar registrada aqui a minha indignação, para que futuros interessados em notícias suas saibam que dignidade e respeito ao próximo são bens indisponíveis, mesmo que seja para garantir um emprego.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dignidade, respeito e honra

Acabo de assistir o filme "O Retorno de um Herói", que relata uma história real, sobre a morte do jovem fuzileiro naval americano Chance Phelps, no Iraque, em 2004.

É um filme emocionante, recomendo.

Uma fala em especial chamou a minha atenção, quando o coronel, voluntário para escoltar o corpo do herói até a sua cidade de origem, disse aos seus familiares: "Antes de qualquer coisa, gostaria que soubessem que, ao longo da viagem, Chance foi tratado com dignidade, respeito e honra".

O comandante se referia ao aparato que foi dispensado aos restos mortais, desde o banho, cuidado com seus pertences, até a posição em que deveria estar o corpo. E também as manifestações de solidariedade da população com a morte daquele jovem militar.

Lembrei-me que certa vez, nos anos 90, também tive uma missão parecida.

Era por volta das 21h45, de um dia rotineiro como outro. Fazia a preleção para o meu pelotão, antes de iniciarmos o serviço de policiamento no bairro de Pinheiros. De repente, ouvimos o COPOM informar uma troca de tiros próximo ao Largo de Pinheiros, com um policial que estava finalizando o seu turno.

Chegamos rapidamente ao local. O PM estava caído ao chão, ferido. Foi, inclusive, socorrido pela minha viatura ao Hospital das Clínicas.

Permanecemos no HC acompanhando a sua situação, mas no início da madrugada veio a notícia: ele havia falecido.

Também foi minha a missão de anunciar a fatalidade aos seus familiares.

O dia começava a amanhecer quando, entre os latidos dos cães, sua irmã atendeu as palmas que anunciavam nossa presença, numa casa humilde de um bairro pobre da zona sul da cidade.

O filme que acabei de assistir me fez lembrar esse episódio dolorido da minha carreira, mas o que lamento é que não pude, e ainda hoje não se pode dizer aos familiares dos policiais: O policial militar é tratado com dignidade, respeito e honra.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Nem manos, nem minas.

Cadê as minas?

A notícia de que o programa "Manos e Minas", apresentado na TV Cultura, aos sábados, às 19h, saiu da grade da programação agitou o mundo do hip hop. O que mais surpreendeu foi que a maioria do público que assistia ao programa apoiou a iniciativa do novo presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad.

No ar desde o dia 7 de maio de 2008, o programa iniciou com a apresentação de Rappin Hood, depois teve Thaide e atualmente tinha Max B.O.

Embora tivesse status de ser o representante da cultura da periferia na TV, "Manos e Minas" recebia críticas dos adeptos do movimento, por não dar oportunidades. "Não levavam nenhum grupo que não fosse envolvido na panela deles", revolta-se um internauta nos comentários que dá a notícia, no site www.rapnacional.com.br .

Logo no início, fiz o meu protesto aqui. Na minha humilde opinião, a TV Cultura deveria ocupar-se em dar soluções positivas aos jovens, diferente do que o programa fazia, fomentando e popularizando a linguagem dos presídios.

Também admiti que poderia ter algo educativo sobre a segurança pública. Quem sabe, uma atração que aproximasse a polícia da sociedade? Poderia ser bem interessante. E nem dá pra dizer que não teria audiência, porque os atuais programas policiais estão bombando na TV.

De qualquer forma, antes tarde do que nunca.

Infelizmente, no que pese eu acreditar na boa intenção da maioria dos jovens envolvidos no movimento hip hop, este ainda está sendo mais útil ao crime do que à cultura.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Novelas intermináveis


1- Em primeiro lugar nesse ranking, sem dúvida nenhuma é o imbróglio da PEC 300 (saiba o que é aqui). Alguns sites estão inssistindo tanto em anunciar as novas votações que, diferente do que pretendem - que é promover seus candidatos para essas eleições - estão fazendo exatamente o oposto: expondo a falta de competência destes na condução do tema. É daquelas novelas em que o ator canastrão não conquista a mocinha e ainda sai contando vantagens para a turma.

2 - O segundo posto é ocupado pela notícia "prende não prende" o advogado Mizael, do caso Mércia.

Cabe tanto comentário nessa novela, mas vivemos a época do politicamente correto em que qualquer posicionamento pode ser acusado de pedofilia, racismo, homofobia, etc, etc, etc, que é melhor não falar. Mas que o casal era incompatível, isso era visível. Ah! Como era.

3 - O Caso Eliza Samudio ou Caso Bruno, como preferir.

Exceto as exibições toscas de alguns policiais que buscam os "cinco minutos" de fama em cima da desgraça alheia, o caso começa a escassear as novidades.

O termo "cinco minutos" está entre aspas porque na verdade tem sido horas a fio, sempre repetindo as mesmas coisas, que dá nos nervos até de quem não tem o que fazer.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Lamento de um povo descrente

Estava cuidando dos meus afazeres, na rotina que me determinei na aposentadoria, quando recebo a vista em lágrimas da minha esposa. Pensei, algum problema na nossa família. Mas eu nem ouvi o telefone tocar? Logo passou a relatar o que a trazia em tamanha indignação.

Na televisão, devido a greve do INSS, sofrendo de depressão, um senhor lamentava em prantos o não atendimento. Enquanto a mesma TV anunciava que o presidente Lula estava intercedendo junto ao Irã para poupar uma mulher condenada ao apedrejamento.

Embora seja uma atitude louvável, ao tentar proteger uma vida prestes a ser sacrificada, Lula torna-se o benfeitor da humanidade, contudo esquecendo-se dos humildes de sua origem, negando-lhes o mínimo, a atenção.

A manifestação da minha esposa é a de uma pessoa que tem seus dilemas, mas que está com uma vida estável, dentro das restrições financeiras de uma professora municipal. Contudo, sua indignação é a de quem dedica-se a oferecer cultura aos alfabetizandos adultos do Jardim Fontális, na periferia da Zona Norte de São Paulo, vendo diariamente a que custo aquelas pessoas se esforçam para aprender a ler, após doze horas de serviço braçal pesado, enquanto o noso presidente, o "pai do mundo", posa de bom samaritano para a comunidade internacional, para conquistar seus objetivos a qualquer preço, esquecendo-se dos seus compatriotas tão ou mais necessitados quanto os estrangeiros.

Estamos em pleno processo eleitoral no país e as pessoas cada vez menos acreditam nos candidatos aos cargos eletivos, exatamente por atitudes de descaso como essas.

Se o presidente Lula, que veio da pobreza e com todo seu poder de persuasão nos fez acreditar que seria mais sensível, está fechando os olhos para coisas tão primárias de respeito a dignidade humana, em quem mais poderemos esperar alguma coisa, a não ser em Deus?

Este é o lamento de um povo que apenas queria ter um pouco de dignidade, mas que já ficaria satisfeito e está suplicando pelo direito de ao menos continuar sonhando com dias melhores.