domingo, 20 de dezembro de 2020

Susto em Istambul

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

DESAFIOS QUE TESTAM LIMITES

terça-feira, 22 de setembro de 2020

A MORTE DE POLICIAIS – POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

A MORTE DE POLICIAIS – POR QUEM OS SINOS DOBRAM?




Na data de hoje, 22 de setembro de 2020, morreu covardemente executado a tiros pelas costas o Policial Militar Jossimar da Silva Concessor, durante patrulhamento na Comunidade do Zorrilho, na Zona Leste da Capital Paulista.

Homem jovem, negro e pai de família, só será lembrado entre Irmãos de Farda e pelos que o amam como filho, irmão, marido e pai. O silêncio de uma sociedade hipócrita será ensurdecedor.

É só mais um policial!

Os mesmos que gritam e esbravejam que a Polícia Brasileira é a que mais mata no mundo, são os mesmos que se calam quando precisam reconhecer que também é a que mais morre. Negam-se por ideologia, ou hipocrisia mesmo, aceitar o que se mostra diante de seus olhos.
Com a morte do Herói Concessor, chegamos à cifra de 26 PMs mortos no Estado de São Paulo neste ano. Isso é quase a metade de todos os policiais mortos em todo os Estados Unidos em um ano!

Mas vamos fazer uma correlação mais caseira, mais próxima da realidade nossa aqui no mesmo Estado de São Paulo.

Neste ano, até o mês de julho, que são os dados disponíveis no site da Secretaria de Segurança Pública, foram vítimas de homicídio doloso, intencional, 1.852 pessoas no Estado todo, o que perfaz uma taxa de 4,2 homicídios por 100.000 habitantes. Vamos fazer arredondamentos conforme a matemática, uma vez que não existe fração de gente. Quando se morre, se morre por inteiro. Então, temos 4 pessoas mortas para cada 100 mil habitantes em São Paulo. Com o Policial Militar Concessor, esse herói, jovem, negro, pai e anônimo, somamos a vergonhosa cifra de 8 Policiais Militares mortos em serviço este ano. Vergonhosa sim! Em qualquer país civilizado isso seria caso de CPIs e discursos inflamados no Congresso.

Bom, 8 PMs mortos em serviço, perfaz uma taxa de 10 mortos por 100 mil habitantes, ou seja, duas vezes e meia a taxa da população em geral. Em São Paulo é 250% mais perigoso ser policial que um cidadão comum.

Trabalhando!

Se quisermos ter uma ideia real, temos que pegar todos os Policiais Militares que já morreram este ano. Até hoje, com o inexpressivo Herói Concessor, já morreram no Estado 26 Policiais Militares, seja de serviço ou de folga (entenda-se de folga aqueles que morreram por ser o que são: PMs).

Isso dá uma taxa de 33 mortes por 100 mil habitantes! 8 vezes mais.

A conclusão é que no Estado que se vangloria de ser o mais seguro do país, ainda é um inferno para quem é um PM, pois ele tem 800% mais chance de ser morto que qualquer cidadão.

Existe uma guerra velada sendo travada em cada esquina de nossas cidades e nossos heróis estão morrendo!

Basta!

Chega de Toques de Silêncio, chega de Salvas de Tiros. Chega de Bandeiras, Chega de Viúvas, Chega de Órfãos!

Nessa guerra só há dois lados: o da lei e o outro. A sociedade já fez sua escolha, faltam os políticos.

Sou o Sargento Lago! Sou um Policial Militar!

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Reflexão sobre o Dia do Soldado

 

sábado, 6 de junho de 2020

SP em APENAS 1 MINUTO

ASSISTA as histórias dos bairros de São Paulo, em Apenas 1 Minuto.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Lenda, este é o seu nome


Lenda, este é o seu nome -  PODCAST AQUI


Subtenente Bosco, uma lenda no sertão



As experiências vividas na atividade policial na cidade de São Paulo, que exige muito sacrifício e pouca recompensa, foi a motivação para dar início ao Projeto Polícias Militares do Brasil, em 2010, percorrendo o país e conhecendo os verdadeiros heróis dessa nação, publicados no livro papa Mike – a realidade do policial militar.

Ao programar a realização da terceira edição do projeto, decidi que percorreria, desta vez, as cidades do interior. Se nas capitais - próximo ao poder - encontramos injustiças e descasos, deduzi que o afastamento desse centro ampliaria o esquecimento.

Sem saber exatamente o que me esperava, cheguei a cidade de Juazeiro, no sertão baiano, no início do mês de fevereiro de 2020 e me apresentei ao comandante da Companhia Independente de Policiamento Especializado Caatinga. Tratei de falar-lhe sobre o projeto de valorização do policial que desenvolvia e este gentilmente franqueou a unidade para visitação e interação com o efetivo.

Respeitada em todo estado por ser unidade de elite, cada policial que eu conversava ficava com a sensação de que estava no lugar certo. Os grandes heróis estavam resignados em seu papel e já conformados com a máxima que “o que acontece no sertão, fica no sertão”, dando conta de que nenhum valor é agregado individualmente ao trabalho exercido.

Em meio a uma conversa aqui e outra ali, com muitas histórias de heróis onde todas mereciam registros, pela dificuldade de contar todas, comecei averiguar se havia alguma que se destacava das demais, e daí todos com humildade e admiração, foram unânimes em dizer: converse com o subtenente Bosco, é uma lenda aqui no sertão.

Designado no setor de inteligente, já havia visto ele circulando pelo quartel em trajes civis e com documentos na mão, levando para o comandante assinar. Sequer imaginei a grandeza de heroísmo daquele homem.

Após dar encaminhamento aos documentos com prazos rígidos, recebeu-me em sua sala de trabalho e calmamente começou seu relato.

O ano era 2003. Com pouco tempo na PM, mas com conhecimentos adquiridos recentemente num curso de operações rurais, o destino lhe pôs à prova. Foi acionado para atuar numa ocorrência que marcaria pra sempre a sua vida. Não apenas pela gravidade, pois descobriria posteriormente que sua vocação é atuar em situações de extremo perigo onde a sobrevivência sequer é questionada, mas por ser uma das primeiras e ainda não ter a confirmação do seu chamado para ser uma lenda.

A cidade de Pilão Arcado no interior da Bahia estava vivendo uma cena de cinema, com personagens reais, numa trama de mocinhos e bandidos onde esses eram impiedosos e queriam, a todo custo, sair daquela cidade com o produto do roubo ao banco do Brasil que acabaram de saquear.

Era por volta do meio-dia daquela quinta-feira, vinte e cinco de setembro, quando Bosco e sua equipe ouviram gritos alarmantes pelo rádio da viatura pedindo socorro e anunciando o assalto ao banco do Brasil de Pilão Arcado/BA. Eles já haviam sido informados pelo serviço de inteligência desta possibilidade, por isso aguardavam num local por nome Passagem, distante doze quilômetros de Pilão Arcado.

Minutos depois já estavam dentro da cidade. O pânico era total. Outras forças policiais também havia chegado para ação.

Se posicionaram defronte a única agência bancária existente e foram recebidos com rajadas disparadas pelos bandidos, mas ainda não tinham visualizado os agressores. Então valeram-se do conhecimento prévio do terreno e formaram uma célula tática, que permitiu a progressão, dando a volta no quarteirão, onde tiveram a visão frontal da agência. Conseguiram visualizar os marginais, mas como reza a doutrina de combate: “Se você está vendo o oponente, pode ser que você também esteja sendo visto”. A máxima valeu. Foram recebidos a tiros e tiveram que recuar mais rápido que a progressão.

Mudaram a estratégia e se posicionaram numa outra praça, que ficava na diagonal ao banco, onde já estavam dois policiais federais. Ali Bosco deparou com uma imagem impactante que jamais esquecerá: dois policiais federais estavam deitados no meio da rua, gravemente feridos, imóveis e sobre uma poça de sangue.

Como estavam abrigados tiveram pela primeira vez, naquele teatro, condições de combate. Enquanto revidavam os muitos tiros dos oponentes, buscavam uma solução para socorrer os policiais feridos, que estavam na linha de tiro entre eles e os marginais. Neste momento surgiu um helicóptero da Polícia Federal sobrevoando bem próximo a agência, mas permaneceu por pouco tempo e se afastou. Logo, pelo rádio transmissor do policial federal que estava ao seu lado, Bosco ouviu que um policial tripulante havia sido ferido por disparo de fuzil no rosto e veio a óbito.

Em meio a tensão do confronto e a notícia da morte deste policial, decidiram em conjunto que resgatariam os policiais feridos e que estavam no meio do fogo cruzado.

Montada a estratégia de apoio de fogo por parte dos demais policiais, numa ação rápida e muito arriscada, Bosco e outro policial federal saltaram sobre a caçamba de uma S10 em movimento - dirigida por outro agente federal - e desceram no local do resgate. Os companheiros estavam imóveis e podia-se ver várias perfurações em seus corpos. Rapidamente foram colocados no carro. Um deles tinha a perna esfacelada, que dobrou-se na hora do socorro.

Na pressa de abandonar o local, em razão da intensificação do tiroteio, Bosco ficou para trás e buscou cobertura atrás de uma viatura da Polícia Federal, toda cravada de tiros de fuzis. Depois, rastejando, retornou ao abrigo em que estava anteriormente.

Com intensidade alternada, o tiroteio já durava mais de uma hora quando os marginais, protegidos por reféns, decidiram abandonar o banco com os malotes e fugir. Neste momento os disparos ficaram mais intensos, vindos de um bar ao lado, onde outros dois marginais davam proteção de fogo para a fuga. As cenas foram registradas por uma equipe de televisão e percorreu o mundo.

Dentro de uma F-4000, os bandidos fugiram sem ser importunados, pois acreditava-se que seriam parados na barreira polical na saída da cidade, mas posteriormente constatou-se que havia sido desmobilizada para prestar socorro ao policial ferido no helicóptero.

Os fugitivos deixaram para trás dois dos mais importantes integrantes da quadrilha que, mesmos fragmentados, mantiveram o confronto por mais alguns minutos, em intenso tiroteio. Ao cessar o fogo, Bosco, um parceiro da sua equipe e um policial federal se aproximaram do bar e constataram logo na entrada um marginal, vestido com roupa preta e colete balístico, imóvel, com um tiro na cabeça. Ao seu lado havia um fuzil FAL calibre 7.62x52 e uma PT calibre .380 que ainda estava em sua mão. Havia outro marginal atrás do balcão que tentou a reação com um fuzil AK-47 e foi morto.

Com ele também foi encontrado uma granada defensiva, sete carregadores de AK-47 completamente cheios e duas sacolas contendo farta munição dos calibres 7.62X39 (AK-47), 7.62X52 e 5.56mm.

Ao cessar os tiros chegaram outros policiais e constaram que os mortos eram “Valtinho Araquã” e o “Cleiton Araquã”, ambos bandidos saguinários que praticavam assaltos cinematográficos às agências bancárias em todo o país.

Avaliavam ainda o desfecho daquela ação, quando foram informados da fuga dos outros marginais.

Por intuição, Bosco e a sua equipe foram para uma estrada de terra na área rural e lá perceberam um rastro de óleo deixado. Deduziram ser do Ford/ F400 utilizado pelos meliantes, notoriamente atingido por disparos da polícia.

Seguiram os indícios e alguns quilômetros depois encontraram o veículo abandonado no meio de uma estrada, com dois malotes de caixa eletrônico e muito sangue na cabine.

Verificando os rastros deixados, constataram que os marginais pularam uma cerca de arame farpado e seguiram a pé em direção à densa caatinga, território onde Bosco e sua equipe dominam, então seguiram em frente, enquanto os policiais federais retornavam.

Ao anoitecer, registraram com GPS o ponto em que pararam para continuarmos a perseguição no dia seguinte.

Na madrugada da sexta-feira, foram informados que um grupo de homens havia passado nas imediações de uma fazenda, ainda no município de Pilão Arcado. Ao amanhecer, um grande contingente policial, composto por policiais da CPAC, policiais militares da área e policiais federais, deslocaram para averiguar a veracidade da informação. Lá chegando um morador relatou que durante a madrugada a lua estava clara e os cães latiram muito e que, olhando pela brecha da janela, avistou seis homens portando armas longas e carregando sacolas. Com essas informações, começaram seguir os rastros, mas logo o efetivo policial desistiu, por não ter mais nenhum vestígio. A equipe do Bosco, entretanto, com autorização do oficial responsável, permaneceu no local e seguiu em diligência.

Por volta de 08h30min, procuravam às margens da rodovia no sentido de Remanso/BA, e quando estavam há cerca de dez quilômentros de Pilão Arcado, nas imediações do “Morro do Sarango”, reencontraram os rastros por cima das Macambiras, vegetação da caatinga, indicando que haviam seguido em direção ao Rio São Francisco.

Imediatamente Bosco solicitou apoio de efetivo, que chegou em poucos instantes. Vieram também dois helicópteros da Polícia Federal.

Utilizando-se da doutrina de patrulha adquirida no recém-concluído curso de operações rurais, Iniciaram a mais perigosa caçada já vivida por aquela recém-criada CPAC em meio à caatinga, onde a experiência, conhecimento técnico e bravura foram fundamentais.

Os “Xiquexiques” ou “Coroas de Frade”, cortados e mastigados, encontrados durante a incursão demonstraram que os marginais também tinham habilidade na caatinga, pois utilizavam da flora para minimizar os efeitos do clima, já que estavam num dos períodos mais quentes e secos do ano. “Em setembro a Caatinga ferve”, lembrou Bosco.

Encontraram também pochete com kit cirúrgico contendo, inclusive, morfina. Noutro ponto acharam telefones celulares e munições do calibre 5.56mm e rádios de comunicação, sinalizando que estavam próximos.

Quando os marginais chegaramn uma das depressões do terreno, sentindo a presença da patrulha, tentaram uma emboscada, mas foram rechaçados fortemente e recuaram.

Na fuga deixaram para trás um marginal gravemente ferido, segurando um fuzil Bushmaster e portando ainda um revólver calibre 357 e uma PT .40, esta última da PM do Estado do Amapá. O indivíduo estava deitado sobre todo o dinheiro roubado do Banco, divididos em três malotes, sendo somada na DEPOL a quantia de mais trezentos mil reais.

Cinco dias depois, a alguns metros do local do último confronto, um vaqueiro encontrou outro morto, portando um fuzil AK-47 e mais a quantia aproximada de cinco mil reais.

Naquele mesmo dia a operação chegaria ao fim após a morte de três marginais que trocaram tiros com a equipe do sargento Bosco, com apoio de dois policiais da inteligência da PM pernambucana e um policial federal, na cidade de Sento-Sé/BA.

Ao final daquela opoeração foram contabilizados sete marginais mortos, o falecimento de um policial federal e um pedreiro que havia sido pego como refém, dois policiais federais gravemente feridos, que felizmente sobreviveram e dois marginais presos, além de grande quantia em dinheiro recuperada.

Esta ocorrência foi um divisor de águas na CPAC, tornando-a reconhecida nacionalmente como unidade de elite da PM baiana e temida pelos bandidos, provocando um enorme sentimento de autoestima em seus integrantes.

Este episódio foi o primeiro de uma série de outras ocorrências com alto grau de risco em que a habilidade e o destemor do subtenente Bosco foi evidenciada na solução dos casos. Foram intensos tiroteios com uma das organizações criminosas mais ousadas e violentas do país, que ficou conhecida como o “novo cangaço”, e que o elevaram a condição de ser referência de atuação.

Tantos atos heroicos, no entanto, ainda que venerado pelos seus comandantes e pares, não sensibilizaram as autoridades militares ao longo dos anos. O policial - que recebeu condecorações de outros estados - sequer mereceu uma medalha da Bahia e a possibilidade de uma promoção por ato de bravura arrasta-se por longos dezessete anos, sem chegar a uma conclusão.

O orgulho de pertencimento, no entanto, é mais forte e o motiva ser o profissional que é. Ao longo da carreira, teve que acostumar-se, infelizmente, não apenas com as agruras da seca e a violência do sertão como também da árida falta de incentivo profissional.

Permaneceu na graduação de Primeiro Sargento de 2001 a 2015, quando foi promovido a subtenente. No entanto, mesmo em todo este período sem ascensão hierárquica e reconhecimento meritório profissional, não se esquivou de dispor a própria vida em várias situações para defender a segurança do sofrido povo sertanejo. Por isso continua sendo um espelho para a tropa de caatingueiros. Como é dito “Enquanto há vida há esperança”. Eis aqui uma oportunidade para que a nossa querida PM baiana, de tantas glórias e conquistas, reconheça este símbolo policial militar que tanto orgulho traz aos que conhecem a sua história. Aos que quiserem conhecê-lo, basta chegar ao sertão baiano e perguntar por ele. Lenda é o seu nome.

terça-feira, 21 de abril de 2020

EMOÇÃO: Sargento Lago faz música para tio policial

segunda-feira, 13 de abril de 2020

# 07 A NOBREZA DA LUTA

PODCAST CAPACETE PENSANTE - #07

"De uma família numerosa e poucos recursos, morando na Zona Leste, periferia de São Paulo, onde a xepa da feira era um recurso a ser considerado, em tempos agudos de crise, o anseio pelo conhecimento tornou-se minha única esperança, naquele diminuto universo de oportunidades."

quarta-feira, 8 de abril de 2020

MÃE AFLITA PEDE RESPOSTAS AO GOVERNADOR JOÃO DÓRIA


Recebi a mensagem de uma mãe em desespero e dou publicidade, com a autorização da autora, para que seja compartilhada até chegar ao governador João Dória.



"Olá Sargento sou esposa do um Cabo e gostaria que o Sr fizesse chegar minhas perguntas ao nosso Governador João Doria.

Vou tentar ser a pessoa que não fala sem pensar, mais vamos la:

Sr Governador João Doria tenho algumas perguntas e ficaria feliz com as respostas.

Eu estou desempregada e recebo o seguro desemprego e por esse motivo não tenho direito ao novo benefício anunciado por vcs.

Tenho 3 crianças que não estão indo a escola por conta da pandemia. Não têm direito ao benefício da merenda nem do estado nem da prefeitura.

Nunca nunca tive benefício como bolsa família,por não se encaixar no perfil do beneficiário.

Meu esposo é policial militar, trabalha na escolta de presos, inclusive está neste momento na escolta de um preso no hospital, colocando em risco a vida dele e a dos nossos filhos, podendo trazer o vírus para dentro do nosso lar.

Saindo de lá ele descansa e já inicia muitas vezes a operação Delegada ou até mesmo a Dejem.
E sabe pra que? para garantir o mínimo, digo o mínimo, para nossas famílias.

Ele fazia outro trabalho nas horas de folga, só que devido a essa pandemia e o consequente isolamento social, teve a perda do trabalho, porque era um restaurante e esse teve seu funcionamento limitado e, como muitos estabelecimentos, não resistiu a crise e teve o quadro dos funcionários reduzido.

Doeu ver o Sr anunciar que pensa em reduzir o salário desta categoria, que sempre foi um salário nunca pago com o merecido valor.

Que saída eu tenho?

Como vou trabalhar, se tenho 3 crianças que estão afastadas da escola?

Vou deixar com a avó paterna, que tem 63 anos, com muitos problemas de saúde e considerada do grupo de risco?

O comércio fechado, as fábricas paradas, como vou trabalhar ?

O que o Sr cogita fazer ?

O que vou falar para o Banco do meu financiamento imobiliário, que poderá não ser depositada pq o nosso Governador reduziu o salário? Sendo assim, optei comer do que honrar meu compromisso. Detalhe: o meu banco não aceitou a opção do congelamento da prestação imobiliária. pq ele não é a Caixa.

São algumas perguntas da minha família.

Se o Sr escutar a familia policial militar, vai se assustar como isso pode e vai mexer com a estrutura familiar e financeira de muitos lares.

É fácil ficar em casa quando se tem tudo. Quando não tem que decidir entre honrar compromisso ou comprar alimentos.

O Sr pode doar seu salário por muitas vezes, fico até feliz por esse gesto, pq são poucos que tem condição para isso.

Não peça o mesmo para esses pais e mães de família que estão na linha de frente. É injusto.

Pense no que esta decisão irá resultar.

Tem que ter outro jeito, eu espero que tenha outro jeito.

Ajude a classe Sargento. 😪 "

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Visitando o Cabo Lalau na prisão


 

Soldado Araujo com Hanseníase, em 2016 (E) e na prisão, em 2020 (D)



VISITANDO O CABO LALAU NA PRISÃO



Iniciei o ano de 2020 desenvolvendo a terceira edição do Projeto Polícias Militares do Brasil.

Pra quem não sabe, a primeira edição desse projeto teve seu início em 2010. Viajei todo o país, durante um ano, um mês e treze dias, conhecendo as polícias militares. Dessa viagem, em conversas em alojamentos, refeitórios, viaturas, pátios e corredores de quartéis, extraí o conteúdo para escrever o livro Papa Mike – a realidade do policial militar.

Nesta terceira edição fui do vale do Jequitinhonha aos sertões baiano e sergipano, mas antes passei pela zona da mata mineira para documentar a realidade dos policiais daquela região, que sofria com as fortes chuvas.

Não estava previsto no roteiro inicial a ida a Salvador, mas ao sair de São Paulo, no dia 17 de janeiro, já tinha conhecimento da prisão - acusado por homicídio - do soldado e também humorista Felipe Prado de Araújo, que ficou conhecido interpretando Cabo Laurindo – “O Caxias”. Por isso incluí a capital baiana no roteiro para tentar visitá-lo no presídio.

Embora não tenha sido fácil, consegui o objetivo.

No dia 12 de fevereiro fui recebido pelo sargento Faleiros, no presídio militar, que me explicou sobre o funcionamento daquela unidade e falou que também admirava o trabalho artístico do soldado Araujo, mas que lamentava o fato de tê-lo conhecido apenas naquele local.




Sargento Faleiros, não queria conhecer Araujo na prisão (E). Sargento Lago e Araujo (D)



Quando Araujo entrou na sala que eu o aguardava, acompanhado pela escolta, como é o protocolo dos presídios, me recebeu com a mesma alegria que sempre passou em seus áudios.

Como o objetivo era fazer o podcast, comecei gravando apenas o áudio, sem me preocupar com o enquadramento da câmera, mas como eu tinha autorização apenas para a visita e não para gravar a entrevista, o sargento Faleiros achou prudente que não gravássemos e prontamente acatei.

Araujo nasceu em Itabuna, no dia 7 de novembro de 1978. É o penúltimo filho de uma família de dez irmãos. Destes, outros dois também são policiais militares. Um sargento e o outro subtenente. Sentindo-se vocacionado, desde criança desejou ser um policial militar. Também admirava os bombeiros.

Sempre teve a inclinação artística, por isso durante o curso de soldados, concluído em dezembro de 2008, seu talento tornou-se a válvula de escape dos colegas que pensavam desistir, em razão do curso ser muito puxado. Nas poucas horas vagas que tinham, pegava o seu violão e cantava, intercalando com comédia stand-up.

Tinha vários personagens, mas Cabo Lalau, “o Caxias” caiu no gosto popular. Inclusive dos superiores. E assim a sua fama de humorista correu os quartéis, primeiro da Bahia, depois do Brasil.

Chegou fazer shows em outros estados e foi condecorado com duas medalhas no estado de Minas Gerais e com a medalha Brigadeiro Falcão, mais alta comenda da PM do Maranhão.

Atualmente estava frequentando o terceiro semestre do curso de jornalismo na Universidade Metropolitana UNIME e cumprindo escala na 4ª Companhia do 15º Batalhão, em Itabuna/BA, na seção de meios, como armeiro, onde era responsável por entregar e recolher armas e fazer limpeza de primeiro escalão.

Araújo estava acostumado a vida de superação. Desde sempre teve que lutar com as dificuldades que se apresentaram.

Quando teve depressão em 2013, teve apoio de muitos dos seus colegas do quartel que lhe deram suporte e compreenderam seu momento de fragilidade na saúde, porém a brincadeira de alguns poucos, sugerindo que estava enrolando para não trabalhar, acabou fazendo com que desistisse do tratamento psiquiátrico e retornasse a sua rotina no trabalho.

Em 2016 outra praga lhe assolou. Contraiu hanseníase, conhecida como lepra.

Sempre manteve o seu bom humor e esteve pronto a ajudar ao próximo. Chegou convencer um policial a desistir do suicídio, ao ligar para ele dizendo estar com uma arma na cabeça.

Sua carreira artística estava evoluindo, com convites para shows e participações em programas de televisão. O personagem Cabo Laurindo já tinha sido transformado em desenho animado.

Mas o fim do seu casamento, cuja união gerou dois filhos, desestabilizou o policial. Ele é acusado pela morte de um homem que namorava com a sua ex-mulher, no dia primeiro de janeiro de 2020.

Atualmente encontra-se recolhido no complexo prisional Lemos de Brito, em Salvador, onde aguarda julgamento.

Assista vídeo da visita ao Cabo Lalau no Youtube: https://youtu.be/NAj11UK5Rrs

sábado, 28 de março de 2020

# 105 INGRATIDÃO OU TRAIÇÃO?

No momento em que o presidente Bolsonaro precisa de apoio, políticos que pediram voto utilizando-se do seu prestígio desapareceram. E alguns apareceram para fazer oposição.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Na estrada, de novo?



Na estrada, de novo?

Saí do conforto da minha casa na sexta, dia 17, por volta das 10h40. Uma mochila enorme e pesada e outra mala.

A experiência é nova. Nova aos sessenta do segundo tempo.  O que tem de ameaçador, também seduz.  Por isso estou com o pé na estrada, novamente por um ideal. Dedicação que desisti de explicar pra mim, logo não me peça explicações do tipo: “O que faz uma pessoa ficar visitando quartéis, depois de tanto tempo dentro de um”, conforme ouvi de um recruta, no interior do Rio Grande do Norte. Outro, mais abusado: “Vai aproveitar a vida um pouco, deixa disso”, em São Paulo. A primeira pergunta, como disse, desisti da resposta, a segunda, quem a fez não aproveitou metade.

Envolvido nesses pensamentos desembarquei em Resende, RJ, horas depois. 

O final de semana na cidade onde passei a infância seria uma prévia para a viagem, motivada por um encontro, que não aconteceu, com um militar interessado em conhecer o projeto.

Nem mesmo um churrasco com a família do amigo que me hospedara amenizou a ansiedade que antecedia o embarque pra Juiz de Fora, na segunda. Mas serviu para eu reavaliar a bagagem que trazia e deixar metade para ser pega no retorno.

Embora feito o contato prévio, com direito a carta de apresentação gentilmente assinada pelo tenente coronel Massera, chefe interino do Centro de Comunicação Social – C Com Soc desembarquei na cidade mineira às 16h45 ainda sem a autorização para as visitas.

Busquei um hotel, de onde aguardaria na terça a resposta da minha solicitação.

Uma oficial do Estado Maior, em Belo Horizonte, em contato intermediado pelo major Cabral, também do C Com Soc, se encarregou de despachar a demanda com o comandante mineiro, mas em razão dos compromissos dele, que bem conhecemos - por ter trabalhado no Quartel do Comando Geral, em São Paulo - passou a terça e a resposta não veio.

Então me restou, nessa espera, enquanto minhas lentes não focam os guerreiros das Minas Gerais, observar o cotidiano dos habitantes juiz foranos.

Acomodado num hotel barato, no centro da cidade, na segunda-feira saí em busca de um local para comer e achei um boteco mais adiante.

Enquanto aguardava, iniciei minhas anotações num caderno que trago e observei um grupo de trabalhadores em final de expediente, tomando seus aperitivos, esperando o jantar. Num outro canto, duas moças, ainda com o uniforme da empresa, tomavam cerveja e riam olhando seus celulares. Pouco depois, as moças saíram, os rapazes jantaram e foram embora e eu permaneci mais um pouco, conversando com o proprietário do bar. Depois retornei para o hotel e dormi.

Na terça-feira caminhei pela movimentada cidade, que tem cerca de 560 mil habitantes.

Construída entre morros, Juiz de Fora lembra, em suas ruas apertadas e sombrias, o centro do Rio de Janeiro. Pela proximidade, encontram-se cariocas e capixabas. . “Mas é bem tranquilo viver aqui”, disse Helder, o simpático motorista do UBER que me levou da rodoviária para o hotel.

Engana-se quem pensa encontrar o pacato mineiro da literatura de Drummond. Pelas calçadas trafegam jovens com as mesmas características dos grandes centros. Diferem-se apenas no sotaque.

Perto da hora do almoço, saí em busca de um local para almoçar. Pedi sugestões e, acreditem, até praça de alimentação do shopping me sugeriram.
Com o tempo ocioso preferi seguir o próprio instinto e saí observando os muitos lugares disponíveis. Um tinha o cheiro maravilhoso, mas o ambiente era muito “pit stop”, e eu pretendia alongar nas observações. Outro, nada de diferente. Então fui seguindo até que achei o botecão.

Avaliando os próprios gostos, descobri a inclinação para o simples e o sofisticado. O agora prato feito me enchia de satisfação pelo cheiro, sabor e ambiente. Arroz, feijão, macarrão, angu, carne cozida e salada.

Enquanto comia, conversava com as três pessoas presentes e a senhora que nos servia. Chamou-me a atenção um senhor, comendo um salgadinho. Vestia uma camisa que se parecia a uma farda da PM mineira. Seria um antigão? Não perguntei.

Enquanto a família Lago celebra nesta quarta-feira, 22 de janeiro, o aniversário da nossa mana mais velha, Lucia Helena, cuja alegria nos contagia, estou aqui aguardando a permissão para o trabalho, num quarto de hotel. Mas como veterano, sei que está tudo dentro da normalidade. É assim mesmo. Logo vai chegar a ordem e seguiremos em frente.

Atualizando: Como previa, às 12h07 a autorização chegou. Quinta, no início do expediente, me apresento para o trabalho.

PS. Sem revisão.


sábado, 4 de janeiro de 2020

APOIE ESTE PROJETO DE VALORIZAÇÃO DOS POLICIAIS DO SERTÃO



Com o Projeto Polícias Militares do Brasil, iniciado em 2010, me dedico a conhecer e divulgar as PMs com destaque para o profissional e suas dificuldades e anseios.  Estive em todas capitais brasileiras e algumas cidades do interior  e publiquei o livro Papa Mike - a realidade do policial militar.
Desta vez o foco será o policial que trabalha no sertão.
Dos desafios que terei - além de conseguir o recurso financeiro - já que o projeto sempre contou com financiamento pessoal,  o maior será enfrentar o calor do sertão, em pleno verão, contudo o ideal que me move é maior que o temor dos desconfortos esperados.

Toda valor doado é bem-vindo.

ACESSE A VAQUINHA POR ESTE LINK:  http://vaka.me/841615




sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

CAPITÃO OLIVEIRA HERÓI DO SERTÃO

Imagens inéditas do Capitão Oliveira, um guerreiro de catinga emboscado e executado em razão do seu trabalho no combate ao tráfico de drogas e crime de pistolagem.

Este documentário faz parte do Projeto Polícias Militares do Brasil, e foi realizado no sertão sergipano, em 2010, quando ele ainda era tenente.

Orgulhoso e bem humorado, apresentou os seus companheiros, em seu local de trabalho, e me deixou com a sensação gostosa de que não é a gente que escolhe a missão. A missão que nos escolhe.

Conheça o Capitão Oliveira, o herói do sertão.






No período que estive em Sergipe, em 2010. escrevi um texto sobre essa visita ao sertão e publiquei aqui no blogue com o título DEBUTANDO NO SERTÃO


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