Na estrada, de novo?
Saí do
conforto da minha casa na sexta, dia 17, por volta das 10h40. Uma mochila
enorme e pesada e outra mala.
A
experiência é nova. Nova aos sessenta do segundo tempo. O que tem de ameaçador, também seduz. Por isso estou com o pé na estrada, novamente
por um ideal. Dedicação que desisti de explicar pra mim, logo não me peça
explicações do tipo: “O que faz uma pessoa ficar visitando quartéis, depois de
tanto tempo dentro de um”, conforme ouvi de um recruta, no interior do Rio
Grande do Norte. Outro, mais abusado: “Vai aproveitar a vida um pouco, deixa
disso”, em São Paulo. A primeira
pergunta, como disse, desisti da resposta, a segunda, quem a fez não aproveitou
metade.
Envolvido
nesses pensamentos desembarquei em Resende, RJ, horas depois.
O final de semana
na cidade onde passei a infância seria uma prévia para a viagem, motivada por
um encontro, que não aconteceu, com um militar interessado em conhecer o
projeto.
Nem mesmo um
churrasco com a família do amigo que me hospedara amenizou a ansiedade que
antecedia o embarque pra Juiz de Fora, na segunda. Mas serviu para eu reavaliar
a bagagem que trazia e deixar metade para ser pega no retorno.
Embora feito
o contato prévio, com direito a carta de apresentação gentilmente assinada pelo
tenente coronel Massera, chefe interino do Centro de Comunicação Social – C Com
Soc desembarquei na cidade mineira às 16h45 ainda sem a autorização para as
visitas.
Busquei um
hotel, de onde aguardaria na terça a resposta da minha solicitação.
Uma oficial
do Estado Maior, em Belo Horizonte, em contato intermediado pelo major Cabral,
também do C Com Soc, se encarregou de despachar a demanda com o comandante
mineiro, mas em razão dos compromissos dele, que bem conhecemos - por ter trabalhado
no Quartel do Comando Geral, em São Paulo - passou a terça e a resposta não
veio.
Então me
restou, nessa espera, enquanto minhas lentes não focam os guerreiros das Minas
Gerais, observar o cotidiano dos habitantes juiz foranos.
Acomodado num hotel barato, no centro da cidade, na segunda-feira saí em
busca de um local para comer e achei um boteco mais adiante.
Enquanto
aguardava, iniciei minhas anotações num caderno que trago e observei um grupo
de trabalhadores em final de expediente, tomando seus aperitivos, esperando o
jantar. Num outro canto, duas moças, ainda com o uniforme da empresa, tomavam
cerveja e riam olhando seus celulares. Pouco depois, as moças saíram, os
rapazes jantaram e foram embora e eu permaneci mais um pouco, conversando com o
proprietário do bar. Depois retornei para o hotel e dormi.
Na
terça-feira caminhei pela movimentada cidade, que tem cerca de 560 mil
habitantes.
Construída
entre morros, Juiz de Fora lembra, em suas ruas apertadas e sombrias, o centro
do Rio de Janeiro. Pela proximidade, encontram-se cariocas e capixabas. . “Mas
é bem tranquilo viver aqui”, disse Helder, o simpático motorista do UBER que me
levou da rodoviária para o hotel.
Engana-se
quem pensa encontrar o pacato mineiro da literatura de Drummond. Pelas calçadas trafegam jovens com
as mesmas características dos grandes centros. Diferem-se apenas no sotaque.
Perto da
hora do almoço, saí em busca de um local para almoçar. Pedi sugestões e,
acreditem, até praça de alimentação do shopping me sugeriram.
Com o tempo
ocioso preferi seguir o próprio instinto e saí observando os muitos lugares
disponíveis. Um tinha o cheiro maravilhoso, mas o ambiente era muito “pit stop”,
e eu pretendia alongar nas observações. Outro, nada de diferente. Então fui
seguindo até que achei o botecão.
Avaliando os próprios gostos,
descobri a inclinação para o simples e o sofisticado. O agora
prato feito me enchia de satisfação pelo cheiro, sabor e ambiente. Arroz,
feijão, macarrão, angu, carne cozida e salada.
Enquanto
comia, conversava com as três pessoas presentes e a senhora que nos servia.
Chamou-me a atenção um senhor, comendo um salgadinho. Vestia uma camisa que se parecia a uma farda da PM mineira. Seria um antigão? Não perguntei.
Enquanto a família Lago celebra nesta quarta-feira, 22 de janeiro, o
aniversário da nossa mana mais velha, Lucia Helena, cuja alegria nos contagia,
estou aqui aguardando a permissão para o trabalho, num quarto de hotel. Mas
como veterano, sei que está tudo dentro da normalidade. É assim mesmo. Logo vai
chegar a ordem e seguiremos em frente.
Atualizando: Como previa,
às 12h07 a autorização chegou. Quinta, no início do expediente, me apresento
para o trabalho.
PS. Sem revisão.
Parabéns Lago por mais esta importante jornada, cada um tem as suas missões, e esse Projeto Polícias Militares do Brasil, é de suma importância para mostrar a realidade de uma classe profissional pouca valorizada e reconhecida. Nossa vida militar não termina quando passamos para a reserva, ela apenas cria mais força para que possamos continuar a contribuir com a Instituição Polícia Militar e com a Sociedade. SOMOS DOS 130 DE 31.
ResponderExcluirObrigado pelo incentivo, Capitão Janjão! A gente não escolhe a missão. A missão escolhe a gente.
ResponderExcluirEstamos comemorando o aniversário da Lucia Helena. De repente o apartamento ficou pequeno, sentimos sua falta. Boa viagem e que Deus sempre esteja contigo. Enzo
ResponderExcluirObrigado pela mensagem carinhosa, cunhado. Nossa família é envolvida em missões e a minha missão costuma me deixar ausente nos momentos preciosos do convívio familiar, mas estamos sempre unidos no amor. Um beijo na mana por mim. Logo estaremos juntos.
ResponderExcluirQue Deus o guie em paz e segurança com um excelente resultado desse trabalho. 🙏🙏🙏
ResponderExcluirAmém!
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