quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Na estrada, de novo?



Na estrada, de novo?

Saí do conforto da minha casa na sexta, dia 17, por volta das 10h40. Uma mochila enorme e pesada e outra mala.

A experiência é nova. Nova aos sessenta do segundo tempo.  O que tem de ameaçador, também seduz.  Por isso estou com o pé na estrada, novamente por um ideal. Dedicação que desisti de explicar pra mim, logo não me peça explicações do tipo: “O que faz uma pessoa ficar visitando quartéis, depois de tanto tempo dentro de um”, conforme ouvi de um recruta, no interior do Rio Grande do Norte. Outro, mais abusado: “Vai aproveitar a vida um pouco, deixa disso”, em São Paulo. A primeira pergunta, como disse, desisti da resposta, a segunda, quem a fez não aproveitou metade.

Envolvido nesses pensamentos desembarquei em Resende, RJ, horas depois. 

O final de semana na cidade onde passei a infância seria uma prévia para a viagem, motivada por um encontro, que não aconteceu, com um militar interessado em conhecer o projeto.

Nem mesmo um churrasco com a família do amigo que me hospedara amenizou a ansiedade que antecedia o embarque pra Juiz de Fora, na segunda. Mas serviu para eu reavaliar a bagagem que trazia e deixar metade para ser pega no retorno.

Embora feito o contato prévio, com direito a carta de apresentação gentilmente assinada pelo tenente coronel Massera, chefe interino do Centro de Comunicação Social – C Com Soc desembarquei na cidade mineira às 16h45 ainda sem a autorização para as visitas.

Busquei um hotel, de onde aguardaria na terça a resposta da minha solicitação.

Uma oficial do Estado Maior, em Belo Horizonte, em contato intermediado pelo major Cabral, também do C Com Soc, se encarregou de despachar a demanda com o comandante mineiro, mas em razão dos compromissos dele, que bem conhecemos - por ter trabalhado no Quartel do Comando Geral, em São Paulo - passou a terça e a resposta não veio.

Então me restou, nessa espera, enquanto minhas lentes não focam os guerreiros das Minas Gerais, observar o cotidiano dos habitantes juiz foranos.

Acomodado num hotel barato, no centro da cidade, na segunda-feira saí em busca de um local para comer e achei um boteco mais adiante.

Enquanto aguardava, iniciei minhas anotações num caderno que trago e observei um grupo de trabalhadores em final de expediente, tomando seus aperitivos, esperando o jantar. Num outro canto, duas moças, ainda com o uniforme da empresa, tomavam cerveja e riam olhando seus celulares. Pouco depois, as moças saíram, os rapazes jantaram e foram embora e eu permaneci mais um pouco, conversando com o proprietário do bar. Depois retornei para o hotel e dormi.

Na terça-feira caminhei pela movimentada cidade, que tem cerca de 560 mil habitantes.

Construída entre morros, Juiz de Fora lembra, em suas ruas apertadas e sombrias, o centro do Rio de Janeiro. Pela proximidade, encontram-se cariocas e capixabas. . “Mas é bem tranquilo viver aqui”, disse Helder, o simpático motorista do UBER que me levou da rodoviária para o hotel.

Engana-se quem pensa encontrar o pacato mineiro da literatura de Drummond. Pelas calçadas trafegam jovens com as mesmas características dos grandes centros. Diferem-se apenas no sotaque.

Perto da hora do almoço, saí em busca de um local para almoçar. Pedi sugestões e, acreditem, até praça de alimentação do shopping me sugeriram.
Com o tempo ocioso preferi seguir o próprio instinto e saí observando os muitos lugares disponíveis. Um tinha o cheiro maravilhoso, mas o ambiente era muito “pit stop”, e eu pretendia alongar nas observações. Outro, nada de diferente. Então fui seguindo até que achei o botecão.

Avaliando os próprios gostos, descobri a inclinação para o simples e o sofisticado. O agora prato feito me enchia de satisfação pelo cheiro, sabor e ambiente. Arroz, feijão, macarrão, angu, carne cozida e salada.

Enquanto comia, conversava com as três pessoas presentes e a senhora que nos servia. Chamou-me a atenção um senhor, comendo um salgadinho. Vestia uma camisa que se parecia a uma farda da PM mineira. Seria um antigão? Não perguntei.

Enquanto a família Lago celebra nesta quarta-feira, 22 de janeiro, o aniversário da nossa mana mais velha, Lucia Helena, cuja alegria nos contagia, estou aqui aguardando a permissão para o trabalho, num quarto de hotel. Mas como veterano, sei que está tudo dentro da normalidade. É assim mesmo. Logo vai chegar a ordem e seguiremos em frente.

Atualizando: Como previa, às 12h07 a autorização chegou. Quinta, no início do expediente, me apresento para o trabalho.

PS. Sem revisão.


6 comentários:

  1. Parabéns Lago por mais esta importante jornada, cada um tem as suas missões, e esse Projeto Polícias Militares do Brasil, é de suma importância para mostrar a realidade de uma classe profissional pouca valorizada e reconhecida. Nossa vida militar não termina quando passamos para a reserva, ela apenas cria mais força para que possamos continuar a contribuir com a Instituição Polícia Militar e com a Sociedade. SOMOS DOS 130 DE 31.

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  2. Obrigado pelo incentivo, Capitão Janjão! A gente não escolhe a missão. A missão escolhe a gente.

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  3. Estamos comemorando o aniversário da Lucia Helena. De repente o apartamento ficou pequeno, sentimos sua falta. Boa viagem e que Deus sempre esteja contigo. Enzo

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  4. Obrigado pela mensagem carinhosa, cunhado. Nossa família é envolvida em missões e a minha missão costuma me deixar ausente nos momentos preciosos do convívio familiar, mas estamos sempre unidos no amor. Um beijo na mana por mim. Logo estaremos juntos.

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  5. Que Deus o guie em paz e segurança com um excelente resultado desse trabalho. 🙏🙏🙏

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