sábado, 5 de abril de 2008

Criando um marginalzinho


O crime tem a sua rota, mas, ao contrário do que às vezes dizem, não começa na rua. Na maioria das vezes, começa em casa, na educação familiar.

Existem pais que se empenham em fazer de seus filhos um delinqüente, um violento, um mau caráter, um mentiroso, um oportunista etc.

Para formar um marginal não é fácil. Alguns requisitos são essenciais. Da mesma forma que muitos não têm vocação para ser policial, médico, jornalista, pedreiro, há criminosos que praticam o mal sem ao menos ter habilidade pra isso. São esses os primeiros a morrer.

Contudo, o ser humano tem por instinto a prática do mal. É muito mais fácil vermos uma criança rindo de um coleguinha da escola por ele ter escorregado numa casca de banana do que alguém empenhado em levantá-lo.

Na mídia, as notícias violentas, as fofocas e as catástrofes dão mais audiência que as ações humanitárias.

Então, quando um pai e uma mãe passam a mão sobre a cabeça dos filhos que praticaram algo errado, certamente estarão sinalizando para esse filho que aquela prática não é má, que a sociedade é que deve absorver seu comportamento. Isso é o bastante para termos um marginal em potencial. Se ele não se tornar um no futuro foi obra do acaso, e, inclusive, seus pais deveriam ficar frustrados, pois o treinamento que deram, ainda que inconsciente, foi para isso.

Perseguição de carro

Era 1988, patrulhava pela Avenida Francisco Morato, Zona Oeste de São Paulo. De repente um Chevette atravessou a avenida. Estavam três pessoas dentro.

Ao ver nossa viatura, o motorista acelerou muito assustado. Gesto suficiente para que fossemos em seu encalço. A perseguição durou algo em torno de 5 minutos. Viraram a esquerda, direita, depois novamente a esquerda e depois, de novo a direita. Numa dessas viradas, estávamos tão próximos que pensei em dar uma rajada de metralhadora no pneu do carro, mas, acabei não fazendo. Metros depois dessa virada a esquerda eles pararam o carro e desceram correndo pra dentro de uma casa. Foi quando percebemos que eram menores de idade, algo entre 14 e 16 anos. Antes que conseguissem entrar, já estavam presos.

Com o barulho, saiu a mãe de um dos garotos, desesperada e se apressando em socorrer o filhinho que, a essa altura, estava pálido de medo. “Coitado do meu filhinho, vocês assustaram ele”, disse, preocupada. Na minha cabeça muitas coisas passaram nesse momento. Imaginei que poderia ter dado uma rajada no pneu e, quem sabe, poderia, com o balanço da viatura em movimento, ter atingido eles acidentalmente e a “cagada” estaria feita.

Ver aquela senhora com tanto carinho com o seu delinqüente juvenil, que poderia, inclusive, ter me levado para cadeia, deu muita raiva.

Vocês não fazem idéia o quanto aborrece um policial quando passa por uma coisa dessas.

A vontade foi de pegar a mulher e dar uma surra. Depois, dar um corretivo nos moleques também. Mas, vocês acham que isso iria modificar o comportamento daquela família? Será que estaria solucionado o problema? Claro que não, afinal, aquela mãe estava empenhada em forjar um marginalzinho naquele filho. Não seria uma sova que resolveria. Pelo contrário, iria promovê-la a vítima da sociedade, que é isso que marginais fazem o tempo todo. Passando-se por vítimas, se escondem da incompetência em não serem cidadãos de bem.

Um comentário:

  1. É SGT por incrivel que pareça, hoje, assistindo ao telejornal, ouvi que o pai da menina Isabela, Não tinha trabalho fixo, e quem comprou o apartamento onde aconteceu a barbaridade, foi pago pelo pai..."é quem muito proteje, acaba desprotejendo..." quem sabe se o avô paterno não tem part da culpada do monstro que ele criou.

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