segunda-feira, 12 de maio de 2008

Manos e Minas


Não que eu queira fazer o papel de crítico de TV, mas hoje quero falar sobre um programa que estreou na TV Cultura de São Paulo.

Há muito tempo deixei de fazer a linha do politicamente correto (que pra mim tem outro nome: falsidade) e comecei externar minhas opiniões sobre coisas que não concordo. Se isso tem alguma serventia para os outros, não sei, mas que me deixa com o saco mais vazia, ah, isso deixa.

O que me fortaleceu nessa idéia, foi quando comecei ler alguns blogs. Até fui orientado (não sei se foi um puxão de orelhas) pelo tenente Alexandre de Sousa, do blog Diário de um PM, a colocar o link dos blogs mencionados. Como me esforço para ser um bom aluno e também estou tendo a assessoria do meu amigo soldado Niedson, do Portal Stive, aprendi como se faz o link e já não cometerei mais esses erros primários.

Voltando ao tema dessa postagem, a TV Cultura de São Paulo estreou no dia 7 de maio um programa de Hip Hop com o nome “Manos e Minas”, apresentado pelo rapper Rappin Hood, com duração de 1h00, que vai ao ar todas as quartas-feiras, as 19h30.

Confesso que gosto do movimento Hip Hop. A filosofia é bem interessante. Agrega jovens da periferia para a conscientização cultural e social. Porém, é de conhecimento que a o rap é utilizado, na maioria das vezes, para fazer apologia ao crime e a violência. Tanto é verdade que a linguagem peculiar é a utilizada nas cadeias.

No programa de estréia, Rappin Hood entrevistou um homem que estava na platéia, cheio de ginga (estilo: “sou malandro”) que falava da sua dificuldade em encontrar emprego, pelo fato de ser ex-presidiário. Oras, o emprego está difícil pra todo mundo. Que conversa é essa de ficar fazendo papel de vítima da sociedade? Aliás, sociedade que foi vítima dele, isso sim.

Ainda nessa linha dos vitimados pela sociedade, está na hora de acabarmos com essa ladainha. Cada hora aumenta mais o cordão dos “Sem terra”, “Sem escola”, “Sem isso”, “Sem aquilo”. Vamos ficar lamentando até quando?

A questão da cota para os negros é outro engodo. Não concordo com ela. E, antes que me chamem de racista, quero informar que tenho uma linda filha negra, e, se Deus quiser, vai galgar o seu espaço na sociedade sem ficar se escondendo atrás do papel de coitadinha.

O que falta em nosso país é consciência política. O cidadão fazer valer os seus direitos. Votar conscientemente. Mas, quem diz que querem se manifestar politicamente? Ah, mas ir pra frente das câmeras, para dizer que querem justiça no caso Isabella, vão. Como podem se comover pelos outros se não se movimentam para atender seus próprios interesses? Não entendo essa incoerência.

Bem, mas o assunto era o programa “Manos e Minas”. Não entendi o fato de a TV Cultura, que é estatal, abrir espaço para quem faz apologia a desordem pública. Eles não têm comprometimento com o social, como apregoam. Falo isso porque fiz uma peregrinação tentando arrumar um rapper para desenvolver um trabalho de aproximação da polícia com a periferia e não apareceu nenhum. Apenas um deles (aliás, o único que teve dignidade ao dar sua resposta negativa – a maioria fugiu) me disse que apesar da idéia ser legal, não participaria, porque poderia ser mal compreendido pelo seu público. Ou seja: rap não combina com polícia. A polícia representa o Estado. A TV Cultura é do Estado, logo, o programa “Manos e Minas” esta equivocadamente naquela emissora.

PS. Eu poderia dizer que um programa policial, educativo e de prestação de serviço seria o perfil correto para preencher a grade de uma TV Estatal, mas, aí eu iria incorrer naquilo que eu discordo que é fazer o papel do coitadinho, falando “Viu, para a polícia eles não abrem espaço! Só dão paulada na gente... et etc”. Prefiro dizer que quando nós formos competentes o suficiente teremos um programa de qualidade na TV.

5 comentários:

  1. Esses erros são mais comuns do que aparentam, acredito que mais de 90% dos blogs policiais não linkam para os posts. E lamentável para todo o conjunto pois isso ajudaria no aumento de visitantes que ainda não conhecem esses blog.

    Parabéns, esto gostando mto!
    Abs!

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  2. Está mostrando-se um ótimo aluno e um ótimo blogueiro, rs. Digamos que foi uma orientação-puxão-de-orelha :)

    Como o Stive falou bem, os blogs policiais ainda não sacaram a importância de linkar. Tenho dado orientações nesse sentido, mas tenho sido voz no deserto. Fiquei feliz de ver a mudança por aqui.

    E outra mudança que me agradou é estar postando suas opiniões pessoais. Como o blog é pessoal, é quase inevitável. Sou a favor que opine cada vez mais, mesmo que fique contrário à opinião de outros.

    Parabéns!

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  3. Boa noite Sargento Lago, tudo bem?

    Tente se informar melhor sobre a Cultura Hip-Hop antes de comentar sobre a mesma. O Rap é uma parte dessa Cultura, da qual faço parte, e você deve saber, que assim como existem maus rappers, existem maus policiais, portanto tente conhecer os dois antes de tecer esse tipo de comentário. Grande abraço, PAZ!

    www.bocadaforte.com.br

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  4. Mais uma coisa, o Programa "Manos e Minas" não é um programa de Hip-Hop, é um programa que abre espaço para a Cultura da periferia em geral, onde o Hip-Hop e seus elementos predominam ao lado do samba.

    www.bocadaforte.com.br

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  5. Prezado Gil,

    Não sou especialista em Hip Hop, como vc deve ser, contudo, não sou tão leigo como possa parecer. Sei da existência dos 4 elementos e que existem pessoas maravilhosas envolvidas no movimento. Não sei se percebeu no meu texto, mas disse que sou um admirador da filosofia. Tenho alguns amigos que são militantes e tenho muito respeito por eles. Aliás, em 1883/84, quando se iniciava o movimento no Brasil, eu estava nos bailes da Chic Show em Pinheiros, como poliial, claro, mas nem por isso deixava de trocar idéia com os caras. Era fã do Black Junior e do Nelson Triunfo.

    Agora, não é porque nao sou envolvido que nao posso emitir a minha opinião. Tem cara que usa o hip hop pra fazer apologia de crime, então eu falei que não concordo. Mas você, inteligente que deve ser, vai reavaliar e ver que a minha crítica é coerente. Ainda que não concorde com ela.

    Sorte e paz.

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