A dificuldade do final dos anos 60 obrigou Maria Aparecida a ajudar no orçamento da casa. Conseguiu trabalho como empregada doméstica. Não era registrada, mas o salário mínimo que recebia ajudava compor o orçamento familiar e, então, suprir as necessidades básicas.
Ronilson é o segundo filho. A mais velha é Susete, os mais novos, Railson e Robson. Teve um outro irmão que faleceu ainda na tenra idade, por problemas de saúde.
A casa em que moram é muito simples. Apesar de um bom quintal, tem o desconforto do banheiro do lado de fora e o chuveiro improvisado com um balde.
Aristides é um pai carinhoso. Como não pode proporcionar diversão aos filhos, aproveita quando tem algum serviço perto da sua casa e coloca os filhos no caminhão da TELESP e dá uma volta no quarteirão. As crianças ficam inebriadas com isso.
Dona Aparecida leva o pequeno Ronilson com ela para o trabalho. O que era um desconforto para a mãe, ao filho torna-se motivo de festa. De Itapevi até Pinheiros viajavam de trem. No serviço, às vezes passeava de carro com o patrão, e ainda tinha a vantagem de estar com a mãe durante todo o dia.
Mas foi cedo ainda que começou entender uma lição amarga, a do preconceito. Apesar de terem sido os primeiros a chegar ao elevador do prédio do patrão, teve sua mão apertada pela mãe, que o segurava, quando ameaçou entrar. Todos subiram e eles seguiram no outro. O de serviço.
Em
Precocemente, aos 12 anos de idade Ronilson iniciou sua atividade profissional. Fazia peças de rádio na casa de uma família japonesa e recebia um salário mínimo como pagamento.
O grande sonho do pai de Ronilson é que ele fosse um Sargento do Exército. Quando ficou mocinho, se esforçou para realizar o sonho do pai, mas foi reprovado no exame. Porém, o resultado de sua dedicação aos estudos veio em 1990 quando ingressou na Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Cinco anos depois foi declarado Aspirante a Oficial.
O jovem Ronilson tinha um desejo, dedicar-se ao estudo. Então iniciou a graduação em Letras, na Universidade de São Paulo, concluindo em 1998. Mesmo ano em que decidiu assumir compromisso de matrimônio com a moça que conheceu na caserna, e que já namorava a algum tempo, a soldado feminino PM Miralva.
O conselho da sogra para Miralva foi bem simples. “Minha filha, o menino é bonzinho. É só você arrumar um cantinho pra ele, dar uns livros e um copo de leite, de vez em quando, que ele não te dá trabalho.”
A determinação de Ronilson, alicerçado no apoio e incentivo que recebeu de sua companheira, foi fundamental para que atingisse o seu objetivo. Agora ele tinha pegado gosto pelo saber e descoberto aonde queria chegar.
Nos últimos dez anos ele direcionou sua força e disciplina para o estudo. Foi privado de algumas coisas, só que agora por opção.
Em maio de 2008, o 1º Tenente PM Ronilson de Souza Luiz, de 37 anos de idade, atualmente exercendo a função de relações públicas do CPA/M-1, recebeu o título de doutor
Apesar de seus pais serem de pouca fala, senhor Aristides externou sua satisfação com a frase: “Quem diria que daquela casa em Itapevi sairia um doutor, eim?
O tenente Ronilson deixa uma lição de vida aos seus 93 mil companheiros de Instituição. Com fé e trabalho, o sonho fica possível.
tive aulas com esse Professor e foi muito gratificante conhecer sua históri de vida, de lutas, pois sabe-se da dificuldade que é estudar nesse país.
ResponderExcluirTive o privilegio de ser um de seus alunos, ele é o cara, sabe tudo e mais um pouco. Não esqueço de como nos chamava "sem luz" Parabés!!!!
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