Foto: Marco Aurélio Olímpio
Em 2011, ao chegar a Recife, surpreendeu-me positivamente tomar conhecimento da existência da Guarda Patrimonial, criada em 1994 e composta, em sua totalidade, por cerca de três mil policiais e bombeiros militares inativos – do comandante à sentinela. A unidade fazia guarda do quartel, segurança de autoridades e presídios, entre outras atividades.
Inicialmente, a remuneração correspondia a 55% do salário bruto de cada militar na aposentadoria. Atualmente, o salário está sucateado, e as praças, de uma forma geral, recebem em torno de 850,00 reais. O reflexo dessa desvalorização levou a redução do efetivo a 2.500 componentes, por desinteresse dos militares.
As atividades da Guarda Patrimonial são diversificadas e contemplam serviços que a experiência de cada profissional, cultivada ao longo dos 30 anos de lida, possibilita suprir a demanda de uma cidade cosmopolita com excelência. Mas o benefício não se restringe à atuação dos veteranos, pois a liberação dos policiais que se encontram no fulgor da juventude para o calor do front, onde o crime exige pronta resposta, em decorrência dessa iniciativa, afigura-se uma gestão pública bastante eficaz.
Nesta semana, numa inédita oportunidade, policiais veteranos de São Paulo e outros estados foram convocados para 30 dias de serviços nas olimpíadas, no Rio de Janeiro, para trabalhar seis horas por dia, no monitoramento das esteiras e do raios-X, que controlam o acesso nas praças desportivas . Receberão pelo mês de trabalho 16 mil reais.
O exemplo do Pernambuco e desta oportunidade nos Jogos Olímpicos deveria ser seguido pelas demais corporações. Essa mão de obra qualificada que fica ociosa após a aposentadoria deveria ser “veteranizada” (Criei o adjetivo em referência aos veteranos porque acredito que ficaria melhor que “recrutada”, que, embora se refira a recrutamento, lembra o “recruta” que, definitivamente, estes não são). De preferência com a mesma valorização que terão nos próximos 30 dias.
Ganhariam todos. O veterano, pela ocupação e pelo reforço na renda. A corporação, pela qualidade do serviço e liberação dos novatos para a atividade-fim, e o estado, pela economia dos altos gastos gerados na formação dos novos profissionais.
*Texto publicado originariamente na coluna do Sargento Lago no Portal Stive
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