domingo, 28 de fevereiro de 2010

Quando o adversário torna-se um grande amigo

O jogo estava 1x1. Tinha passado a metade do segundo tempo.

Aquele resultado levaria a decisão aos pênaltis para saber quem disputaria a final do campeonato interno da Polícia Militar de São Paulo, de 1987.

De um lado a forte equipe do CPTrans (Comando de Policiamento de Trânsito). Do outro, a do CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças), da qual eu era o centroavante.

Pressionados e perdendo por 1x0, conseguimos o empate numa bola parada. A cobrança de falta do nosso camisa 10 foi perfeita. Mas o jogo caminhava para o final e o time dos caras pressionavam cada vez mais.

Numa cobrança de escanteio da equipe adversária, permaneci no meio de campo. Colado em mim, apenas um zagueiro. Os demais foram para o nosso campo, uns na tentativa de fazer o gol, outros na intenção de impedi-lo.

Acenei para o nosso goleiro a situação e pedi que repusesse a bola no ataque rapidamente, caso conseguisse ficar com ela.

A cobrança não poderia ser pior. Veio praticamente nas mãos dele que, sem perder tempo, deu um chutão pra frente.

A bola subiu, desceu, bateu no gramado, subiu novamente e, quando desceu, dominei. Estava de costas pro campo adversário.

Quando fiz o giro de corpo para avançar em direção ao gol, o zagueiro, um negrão forte, com quem já tinha estabelecido um contato amigável (sempre fazia isso para não levar muita botinada), veio e travou a bola. Como dividi com um pouco mais de força, a bola espirrou por cima do pé dele e assim a felicidade sorriu pra mim.

Até que virasse o corpo para me perseguir, eu já estava chegando quase na entrada da grande área.

Como poderia me alcançar, e se isso acontecesse provavelmente me pararia com falta, decidi enfiar um canudo de fora da área mesmo. A bola entrou a meia altura, no canto esquerdo do goleiro.

Com 2x1 no placar, garantimos nossa presença na decisão final, que acabamos perdendo para o 2º Batalhão de Choque.

Um pouco mais de três anos depois, encontrei alguns policiais num evento. Ao ser apresentado a um deles e estender-lhe a mão dizendo “muito prazer”, fui surpreendido com sua informação: “Nós já nos conhecemos”. Após rápida recordação, descobri: Era Diniz, o zagueiro daquela partida.

De lá pra cá, tivemos muitas outras passagens juntos. E essa grande amizade continua a nos unir.

Um comentário:

  1. Esse pessoal que não vive sem futebol...
    Claro que o futebol traz muita alegria e alguns ematomas também...

    (risos)

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