sábado, 29 de junho de 2013

Fernando Verdes e a sua escolha.


De tantas histórias que colecionei na carreira, a que seria apenas mais uma tornou-se mais que especial.

No dia 10 de junho de 2006 recebi por e-mail uma encomenda do meu CD “Profissão Coragem”, de uma pessoa que se identificou pelo nome de Fernando Verdes que, após fazer o depósito bancário, solicitou que enviasse para um endereço em Diadema.

Tempos depois, já com o CD em mãos, voltou a escrever para elogiar o trabalho musical e solicitar uma visita, pois – segundo ele, já acompanhava meu trabalho pela internet e que se sentia muito motivado a também ser um policial, contudo ainda estava terminando os estudos e também não havia atingido a maioridade.

Convidei que fosse a Diretoria de Ensino (Panelão), onde eu trabalhava - no setor de produção de Vídeo Treinamento - e ali poderíamos conversar.

No dia 10 de novembro de 2006 recebi a sua visita e a de outra pessoa que também havia feito o mesmo pedido.

Passamos alguns momentos conversando no quartel e depois me despedi dos visitantes.

No dia seguinte Fernando me enviou um e-mail falando sobre a mensagem que enviara ao seu irmão, tentando explicar-lhe o motivo pelo qual gostaria de ser um policial militar.

No dia 13/11/2006, gravei o clipe da música “Sendo Você”, de minha autoria, com as participações da Adryana Ribeiro e do grupo Art Popular, como mensagem de final de ano para a Polícia Militar.

As gravações aconteceram na casa de shows Cabral, no Tatuapé, em São Paulo, e estendi o convite aos admiradores do meu trabalho artístico. Lá compareceram algumas pessoas. Entre elas, Fernando Verdes, acompanhado de sua mãe.

Como foi um evento muito corrido não pude dar atenção aos convidados, pois era responsável pela direção do clipe, contudo cumprimentei a todos individualmente e, ao chegar no Fernando, me presenteou com uma caneta que tinha meu nome gravado e me apresentou a sua mãe com as seguintes palavras:

- Mãe, esse é o policial que eu falei para a senhora que me faz desejar seguir os passos dele.

Em seguida fizemos uma foto e pedi licença, pois teria que continuar meu trabalho.

Quando finalizamos a gravação do clipe, quase meia noite, para minha surpresa, o Fernando ainda estava lá e ainda fizemos outra foto, desta vez em companhia dos artistas e profissionais envolvidos na gravação.

Depois disso conversamos pela internet algumas vezes e outras ao telefone e fui acompanhando um pouco a sua história.

Era um rapaz de boa criação, religioso e muito compenetrado na atuação do bem. Tinha isto como missão.
Cheguei a receber e-mails dele solicitando doadores de sangue para uma pessoa que estava com leucemia e também para campanha de agasalho.

Trabalhou inicialmente como Soldado Temporário e depois finalmente ingressou como soldado da Polícia Militar do Estado de São Paulo, formando-se em 2011.

Havia perdido um pouco o contato com ele, mas soube que estava trabalhando no 40º BPM/M e que se formou em fisioterapia. Estava noivo e pretendia se casar no ano que vem.

Na última quinta-feira, dia 27 de junho, quando retornava do trabalho, já chegando a sua casa, foi abordado por marginais que descobriram que era PM, pois trazia consigo dentro da bolsa a farda da corporação, e o executaram.


Fernando morreu precocemente. Como um pássaro abatido durante o voo. 

Daqui da Áustria, onde me encontro neste momento num projeto de conhecer as polícias da Europa, engulo uma lágrima seca e sinto a dor de quem perde um filho. Não só por ter sido sua inspiração, mas por saber que morreu um rapaz que estava disposto a dar sua vida para salvar outras vidas e, no entanto, foi ceifado covardemente apenas por ter feito a escolha de ser um policial.

 Fernando Verdes comigo na gravação do clipe Sendo Você

Adryana Ribeiro, Art Popular , eu e Fernando Verdes

Abaixo o clipe que Fernando foi assistir a gravação com a sua mãe.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Começa hoje o Projeto Polícias da América do Sul

ACOMPANHE POSTAGENS PERIÓDICAS EM: 





As 17:30h de hoje inicio o Projeto Polícias da América do Sul onde conhecerei, além de quartéis e uniformes, os profissionais de segurança dos países que visitarei.

O roteiro, com datas de permanência definidas em cada país, mas com flexibilidade para alterações, será o seguinte:

Paraguai

Uruguai

Argentina

Chile

Bolívia

Peru

Equador

Colômbia

Venezuela



TAMBÉM VOU PUBLICAR PERIODICAMENTE OS BASTIDORES DA VIAGEM, NUMA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO  AOS COMPANHEIROS QUE DESEJAM CONHECER A AMÉRICA DO SUL.

POSTAREI INFORMAÇÕES TIPO: ONDE SE HOSPEDAR, COMER, QUANTO GASTAR ETC:

terça-feira, 24 de julho de 2012

Vendilhões dos quartéis

























                                                          Julgamento de Celso Lungaretti

Tenho contato eletrônico com uma pessoa que escreveu sua história na militância política do país quando ainda era um jovem de 17 anos, no tempo da ditadura militar.

Há cerca de três anos, mantive contato com ele para entrevistá-lo e saber um pouco sobre os acontecimentos daquela época, já que havia sido contemporâneo de Carlos Lamarca, e a minha pesquisa era sobre Alberto Mendes Junior, herói da PM paulista, morto por guerrilheiros comandados pelo oficial desertor do Exército Brasileiro.

De tudo que me contou, Celso Lungaretti, que escreveu um livro autobiográfico com o título “Náufrago da Utopia”, pareceu-me uma das poucas pessoas da sua época fiel ao que sonhou.

Embora tenhamos divergências ideológicas e também não acredite que eles (os militantes) tenham sido tão heróis e os militares tão cruéis (embora tenham sido), como ele apregoa, há uma coisa em Lungaretti que admiro: a fidelidade as suas convicções.

Minha constatação deveu-se a uma observação pessoal. Com menos tempo de ideologia que ele, tenho observado coisas na polícia que diferem das que acreditei, e isso me desestimula a continuar defendendo a bandeira da corporação. Veja bem, desanima, mas não quer dizer que deixarei de fazê-lo. Devo essa mantença a atitudes como esta de um ex-militante que, mesmo vendo seus antigos parceiros se beneficiarem da virada política e mostrarem-se tão corruptíveis quanto ao regime que combatiam, permanece determinado na defesa do seu ideal.

Recebi um e-mail dele informando que será candidato a vereador em São Paulo, pela primeira vez (sou cadastrado no blog para receber seus textos), e enviei-lhe uma mensagem desejando boa sorte no seu projeto. Na resposta que me enviou, disse:

“SE GENTE COMO EU NÃO SAIR DA TOCA, OS JOVENS PENSARÃO QUE ÉRAMOS TODOS ZÉS DIRCEUS.”

A postura de Lungaretti soou não apenas como um alerta no meu momento de desencanto, mas como um veredito silencioso: há que se continuar na defesa de nossas instituições policiais apesar do surgimento de um novo vendilhão dos quartéis a todo instante, aqueles que contabilizam obrigações como feitos relevantes, mas não passam de verdadeiros sanguessugas que ignoram o esforço dos seus pares e colocam-se como bastião dos interesses do povo, com foco apenas nos interesses pessoais. Como esquecer os que jogavam para a torcida enquanto escondiam o jogo duplo que faziam em benefício da minoria? Agora é hora de reconhecer os que querem se passar por bonzinho para a maioria. Por isso é preciso vigiar, refletir para ousarmos a ter a consciência de que talvez já tenhamos vendido a esses mensageiros de engodos o resto de nossas esperanças.

É meu povo, o mundo não apresenta novidades, tudo isso é antigo. Apenas nós vamos adquirindo o discernimento, que na verdade traz mais dor que alívio; entretanto, também traz grandeza, como pude observar nas convicções de Lungaretti.

 A noção de nossa responsabilidade é dolorosa, pois o comprometimento institucional que adquirimos acaba sendo ruim, pois buscar a verdade requer a coragem para ir além do lodo, e eu jamais sairia por aí jogando lama no ventilador que um dia me refrescou.

Acho que vou ficar como o Lungaretti, navegando nas águas turbulentas da minha utopia, mas com o consolo de ter no travesseiro um cúmplice que me permite um bom sono ao deitar.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Vem aí o novo projeto: América do Sul


sábado, 31 de dezembro de 2011

O Rio de Janeiro continua lindo

Policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da Mangueira

Coronéis Frederico e Costa Filho e o Tenente Disraeli

Cheguei ao Rio de Janeiro no dia em que acontecia a ocupação da Rocinha. Passei toda a madrugada de sábado, dia 12 de novembro, para domingo vendo os preparativos que antecederam a entrada da polícia no território outrora ocupado por traficantes.

Na visita ao Quartel do Comando Geral fa Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro – PMERJ - fui recebido pelo Cel Frederico Caldas, relações públicas, que providenciou todas as condições para minhas visitações, além de dar várias sugestões.

Conversei com o Tenente Disraeli, responsável pela prisão do traficante Nem, cuja imagem foi repetidamente divulgada na mídia por ter recusado grande valor em dinheiro, oferecido pelos marginais para a liberação do chefe do tráfico.

O policial contou em detalhes toda a operação, as dificuldades, o clima de tensão e o desfecho da ocorrência. Também disse o motivo pelo qual recusou a propina: sua formação famíliar.

Estive no Morro Mangueira, onde funciona uma das mais antigas Unidades de Polícia Pacificadora – UPP, do Rio de Janeiro.

Percorri toda a cidade, inclusive os pontos turísticos, acompanhando o excelente trabalho realizado pelo Batalhão de Turismo, onde percebi a paixão dos policiais militares daquela modalidade de policiamento pelo seu Estado.

Chamou-me a atenção a recusa de muitos policiais em ser fotografado. Ao indagar, descobri que muitos temem a exposição de suas imagens, devido morarem em locais próximos a comunidades perigosas.

Viajei a Angra dos Reis e depois para Rio Claro, onde estive com o Capitão Seixas, comandante da 4ª Companhia do 33º Batalhão de Polícia Militar. Lá observei o dinamismo do jovem Oficial dedicando-se em oferecer um bom trabalho à comunidade.

Antes de finalizar o projeto, retornei ao Rio de Janeiro no dia 23, para o último compromisso que seria no dia seguinte com o Comandante Geral da PMERJ, Cel Costa Filho, chamado pelos seus subordinados de “Lula carioca” em razão do seu carisma com a tropa. Como ele me recebeu no mesmo dia, tive tempo ainda para fazer mais uma visita; então fui ao Batalhão de Operações Especiais - BOPE.

Foi lá que vi todos os procedimentos de segurança serem observados antes que eu entrasse à Unidade, embora estivesse com um PM das Relações Públicas e ambos identificados. Atitude louvável, já que em outros batalhões não constatei a mesma preocupação.

Após treze meses e nove dias de viagens percorrendo cerca de 45.500 KM por 27 Estados, retornei para São Paulo por volta das 15h00 e fui recebido em festa por meus familiares, numa comemoração dupla, pelo término do Projeto Polícias Militares do Brasil e pelo meu aniversário.



Policiamento atuante em comunidades e pontos turísticos

PMs na Rocinha, Cap Seixas e sua equipe e minha visita ao BOPE

De volta a São Paulo: Missão cumprida

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Espírito Santo: Respeito à dignidade

Cabo Manente, segundo informou, é o 1º PM que assume união homoafetiva

Policiais que trabalham no Quartel do Comando Geral

Cheguei a Vitória no sábado à noite, dia 5/11, após uma maravilhosa viagem de trem, vindo de Belo Horizonte.

Descansei no domingo. Na segunda iniciei as visitas pelo Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Espírito Santo.

Conversei com várias pessoas. Uma delas, o Subtenente Bendinelli, que, além das suas atividades no setor administrativo, é voluntário para exercer o diaconato no serviço de assistência religiosa da PMES.

Ele faz visitas às famílias, celebrações, batizados, casamentos, bênçãos, participações nos aniversários dos batalhões, fazendo na prática tudo o que um Capelão faria, porém sem a nomeação, em razão de ser cargo de presbíteros, no caso, os padres. Para tal recebeu uma provisão do Arcebispo Militar do Brasil.

Mestre em Teologia e fazendo o doutorado na PUC do Rio de Janeiro, Bendinelli não recebe nenhum benefício da corporação pelo trabalho religioso que executa.

Estive em Cachoeiro de Itapemirim/ES e lá visitei a casa na qual o cantor Roberto Carlos morou em sua infância.

Depois fui ao batalhão da PM na cidade, onde conheci um grande comandante, o Tenente Coronel Guedes, não apenas pela sua estatura de 1,97, mas também pela qualidade do serviço que tem desenvolvido. Tem cuidado com zelo da segurança de sua cidade natal e dos policiais sob seu comando. Comprovei isto visitando uma sala que ele preparou para acomodar os Cabos e Soldados com mesa e cadeiras, geladeira, forno micro-ondas, sofá, TV digital, computador com acesso a internet e ar condicionado.

De volta a Vitória, fui saber um pouco da história do Cabo Manente, policial que teve recentemente reconhecida a sua união homoafetiva.

Embora haja controvérsias quanto a aceitação do público militar sobre a sua condição homossexual ter sido divulgada associando ao seu trabalho - já que Manente oficializou a sua união trajando a farda da PM capixaba - o Estado portou-se com respeito à dignidade humana do policial, ainda que o direito tenha sido garantido na justiça.


Cabo Ayrton, me acompanhou nas viagens a Guarapari e Cachoeiro do Itapemirim

Subtenente Bendinelli

Soldado Larissa e Tenente Libardi

Excelente recepção dos companheiros capixabas