domingo, 1 de dezembro de 2019

A Polícia Militar e a segunda divisão



A POLÍCIA MILITAR E A SEGUNDA DIVISÃO

O perigo de ser tratado como amador no jogo político


Venho acompanhando as questões políticas com muito afinco e cumprindo um papel que, timidamente, estamos aprendendo fazer: fiscalizar a atuação dos parlamentares que utilizam a imagem da Polícia Militar para atuarem politicamente.

Como sou um veterano da instituição policial, entendo que, por estar incluído nessa representação, posso manifestar-me quando não atuam conforme avalio que seria positivo para a nossa coletividade.




A “bancada da bala” aumentou. Na verdade, inchou. Por isso ainda não experimentamos resultados favoráveis. Faz lembrar algumas equipes de futebol que contratam atletas aleatoriamente, mas o time não demonstra entrosamento em campo. Então, logo surge a transferência de responsabilidade, e cada um coloca a culpa no outro, na tentativa de defender os interesses pessoais, que possam preservar o mandato, em vez de reunirem-se em busca do entrosamento que conduza às conquistas. 

O que gera aflição é perceber que os nossos direitos estão a caminho do rebaixamento, a torcida assiste atônita a uma equipe apática em campo. O plenário tem sido palco de atuações sofríveis capazes de comprometer até a imagem da Corporação.




O que tem me surpreendido, no entanto, é não conseguir entender a manobra política em curso. De repente, num piscar de olhos, inimigos declarados da polícia resolveram sair em nossa defesa. Sim, muito estranhamente, do nada, apareceu o deputado estadual Carlos Giannazi, que passou vinte e cinco anos no PT e agora está no PSOL, em cima do caminhão, na frente do Quartel do Comando Geral, em manifestação a favor do aumento salarial dos policiais militares. 


Estou me perguntando até agora qual foi o momento que eu não acompanhei. Se para você, leitor, não soou estranho, por favor, diga-me, quero compreender. Mas não quero essa resposta dos políticos, pois, vindo deles, precisamos nos acautelarmos.

Ainda me recompondo do impacto da imagem do deputado Giannazi “protestando” a favor da PM, assisti a um vídeo em que a deputada estadual Monica da Bancada Ativista, também do PSOL, faz uso da palavra em sessão ordinária, na ALESP, para defender os professores, que é normal, e os policiais militares. Gente, será que adormeci nos últimos anos e não percebi?




Alguém poderia perguntar, mas o Sargento Lago é ou não é a favor da negociação? Claro que sou. Não vejo outra saída na política se não for por meio dela. Embora alguns políticos prefiram o palanque, sempre vou defender que negociar é o melhor caminho, e não atacar de cima de um trio elétrico quem pode nos conceder benefícios. Mas essa negociação seletiva ser começada a partir do PSOL me deixou de orelhas em pé.

Procedi a minhas pesquisas e descobri flerte de gente da “bancada da bala” com o PT e o PSOL no passado, regado a trocas de elogios em redes sociais. Seria essa aliança repentina um acordo cujo interesse do eleitor ficaria em segundo plano? Não posso afirmar, entretanto creio que tenho o direito de questionar, uma vez que não foi esclarecido e causa espanto. 


Defendo que os policiais militares devem cobrar disciplinadamente os seus parlamentares, obrigando que deem satisfações e sejam transparentes em suas ações políticas, pois se apropriam da imagem e do prestígio da instituição, cuja glória foi conquistada com suor e sangue.





Apenas gritos ao microfone e caras feias não produzem aumento salarial nem confortam estômagos vazios e corações aflitos. Para não esquecer a analogia com o futebol, gigantes desse esporte negligenciaram conceitos básicos para a sobrevivência no meio e hoje estão no ostracismo, jamais reconquistaram as glórias. A nossa farta bancada na ALESP precisa reconstruir a relação entre seus membros e melhorar a interlocução com seus eleitores, sob pena de os envolvidos no jogo político perceberem que não passamos de amadores desunidos que não merecem sentar-se à mesa no momento de participar da festa.

Atualizando: Deputado Giannazi, voltando às origens,acaba de requerer na ALESP que a PMESP dê explicações sobre as mortes no Pancadão de Paraisópolis. 02Dez2019, 16h30

3 comentários:

  1. A pergunta que se faz é: O que motiva essa improvável e repentina atração?

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  2. Caro amigo Lago. Devido a inépcia de muitos de nossos representantes. As raposas estão querendo surfar nesta onda (a nossa representatividade em número de votos). Não nos iludamos pois assim que conseguirem seu objetivo, estes retornarão às suas raízes e voltarão a nós acusar, condenar e culpar por todos os males da nação.

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    1. Já fiz uma atualização do texto. Giannazi já está sugerindo que a culpa é da polícia antes de qualquer apuração. A pergunta que deve ser feita é: quem chamou ou autorizou a sua permanência no caminhão de manifestação da PM?

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