Com textos articulados e protestando contra tudo que entendesse ser contrário aos interesses da categoria policial militar, o blog logo ficou conhecido e começaram chover comentários, com o mesmo anonimato do dono, logo, imagine, ninguém era poupado.
Entender a condição anônima do autor, ou autores, do blog é fácil. Embora haja a liberdade de expressão, garantida pela constituição brasileira, na caserna sabemos que não é bem assim que funciona. Eu fiz uma citação na música “Boca Aberta” do CD Profissão Coragem, sobre este problema: “ Porque aqui a gente fala o que pensa, mas não está acostumado a pensar pra falar, por isso sempre rola uma cabeça e botam logo outra no lugar”. Claro que nesse “pensar”, não me refiro a falta de avaliação do conteúdo, mas ao aborrecimento que ele possa trazer.
O documentário que faço não vai entrar no mérito das questões políticas locais, o foco será meramente institucional, para mostrar o que cada PM tem de melhor, mas estando em Aracaju, curioso que sou, comecei perguntar para todos policiais que tive acesso se sabiam quem era o Mano, mas todos ficaram com um ponto de interrogação no ar. Uns chutaram um nome, mas logo em seguida dizia que também poderia ser outra pessoa e assim foi aumentando a minha agonia em desvendar esse mistério. Afinal, quem seria e com quais interesses mantinha um blog de denúncias?
Ao saber que a PM sergipana tinha elegido um deputado, e por coincidência, ou não, também capitão, pensei: descobri.
Mantive contato com Chris Brotas, assessora de imprensa do deputado estadual eleito capitão Samuel, e solicitei que agendasse um encontro com ele. O motivo explícito seria entrevistar o primeiro representante da corporação na Assembléia Legislativa. Mas, claro, segredei minha curiosidade, já que todos me garantiram que a identidade do blogueiro é preservada com todas as sutilezas possíveis.
Encontrei-me com o deputado em um restaurante da cidade. Com ele estavam alguns assessores, inclusive policiais. Logo após o almoço, nos afastamos para fazer a entrevista e, meia hora de conversa depois, perguntei: Deputado, o senhor que é o capitão Mano? Ele, objetivamente, me respondeu: Não, não sou eu.
Algumas mesas mais adiante, coincidentemente, se reuniam também cerca de dez policiais militares de uma unidade específica, num almoço de confraternização.
Eu já estava guardando meu equipamento pra ir embora quando alguém me tocou ao ombro e ao virar-me vi que era o garçom, que, sem dizer-me nada, me entregou um bilhete. Rapidamente abri e vi que estava escrito o endereço do e-mail do Capitão Mano. Perguntei-lhe quem lhe entregara tal bilhete e me falou que foi uma pessoa que havia acabado de sair e que não conhecia. Olhei para todos presentes para ver se sentia falta de alguém, mas não foi possível descobrir.
Logo que cheguei ao local que estou hospedado redigi um e-mail para ele.
- Prezado capitão Mano, acompanho seu trabalho há tempos e gostaria de poder conversar com o senhor. Sei da sua condição de anonimato, mas garanto-lhe que não tenho interesse em desvendar sua identidade, apenas saber como nasceu a idéia, ou o que motivou a criação do blog.
Após falar um pouco sobre quem eu era e o que fazia no estado, me despedi dizendo que aguardava ansioso.
Passei o dia todo na expectativa de uma resposta, mas ela não veio.
No dia seguinte acordei e fui conferir a caixa de mensagens e também não tinha nenhuma vinda dele.
No início da noite, já meio sem esperança, estava escrevendo esse texto quando vi o anúncio de uma nova mensagem. Era o capitão Mano, que sinistramente escreveu: “Estamos sabendo que vc está aqui em Aracaju. Diga qual o hotel e o horário em que vc poderá nos receber que verificaremos se poderemos comparecer. Capitão Mano”.
Com um misto de satisfação e aflito pelo clima de suspense que ficou no ar, enviei-lhe o meu endereço e disse que o horário estava flexível, exatamente para não haver possibilidade de ele dizer que não tinha espaço em sua agenda.
Já se passaram dois dias e ainda não recebi nenhum comunicado.
Lago, meu grande amigo e colega da blogosfera policial, espero que tenha gostado de nossa cidade e que as entrevistas realizadas com os nossos presidentes de associação e com o Capitão Samuel sejam de grande valia para o seu documentário.
ResponderExcluirSeguro morreu de velho e naquele dia, naquele restaurante, não poderíamos aparecer ostensivamente, mas tomamos conhecimento de vossa distinta presença.
Se você não tem conhecimento, há uma recompensa oferecida de forma velada no valor de R$ 100.000,00 por empresários de segurança privada integrantes do alto escalão da segurança pública local pela nossa cabeça. Fora isso, diversos IPMs foram abertos para nos identificar e punir. Por este motivo somos bastante cautelosos em nossas "aparições" e postagens.
Cada dia temos que procurar um computador diferente para escrevermos e angariarmos mais "manos" para se juntarem aos atuais nesta luta pela democratização e moralização da segurança pública sergipana.
Um grande abraço e pedimos desculpas pelo nosso não aparecimento.
Capitão Mano,
ResponderExcluirRecebi seu comunicado por e-mail marcando nosso contato para a entrevista no último domingo, às 20h00, no endereço que lhe enviei. Embora tenha estranhado o dia e horário, aguardei a sua presença, mas não compareceu. Queria saber: Faz parte da estratégia da sua segurança do seu anonimato? Falta-lhe confiança suficiente para acreditar nas minhas intenções? Preciso saber, pois restam apenas 24 horas para eu deixar o estado do Sergipe e não gostaria de partir sem esse contato.
Em tempo: sua solicitação de entrevista por e-mail não me interessou, pois quero confirmar a existência e intenções do Capitão Mano e entendo inclusive que isso reforça o seu ideal.
Amigo, hoje é questão de segurança pessoal mesmo. Mais isso do que tudo.
ResponderExcluirMais uma vez, mil desculpas e um grande abraço!
Oi amigo quando passar no Estado do Espirito Santo não deixe de conhecer o 5ªBPM de Aracruz.
ResponderExcluirOi mui amigo se estrese com curiosidade em tentar descobri quem será o captão mano pois ele estar no clamor de caca praça(policíal),só os colegas a parecem os amigos sempre ficam no anonimato para as devidas emergencias e ainda assim faz de tudo para não ser notado.RECRUTA ZERO .
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