Estava observando os termos politicamente corretos e vi que surgiram novas expressões no cotidiano das pessoas: Afro descendente, pessoa com necessidade especial, melhor idade, deficiente visual entre tantas outras.Pelo pouco que pesquisei (e foi pouco mesmo), percebi que as pessoas, que se sentiam constrangidas com os termos outrora usados, gostaram da mudança. Na prática a gente percebe isso, pois elas se utilizam deles quando fazem referências a si.
Lembrei disso para comentar o quanto me senti incomodado quando fui promovido a Subtenente. De Sargento, na graduação anterior, passaram a me chamar de Sub.
Culturalmente na PM paulista chamam os Subtenentes de “Sub”. Eu mesmo chamei a vida inteira e nem me dava conta disso. Mas, ao sentir na pele essa depreciação, não gostei. Então, fui buscar argumentos para que não fosse chamado pelo prefixo.
A pesquisa acabou me conduzindo a seguinte questão. A nomenclatura das graduações das Praças está politicamente incorreta. Todavia, antes de falar disso, quero mostrar uma constatação imediata: Enquanto o Subtenente é chamado de “Sub”, e que poderiam argumentar que é pra simplificar, o Tenente Coronel é chamado de Coronel. Logo, se fosse pra seguir alguma lógica, o Subtenente deveria ser chamado de Tenente.
Agora vamos às demais graduações: “Soldado”. Qual seria a explicação? Será que é porque recebe Soldo (salário do militar)? Nesse caso, ele não é o único a receber. A imagem que fica é a de uma peça que necessitou de reparos.
O “Cabo” eu nem saberia dizer o motivo. Não dá pra sugerir que é ele quem amarra o Soldado ao Sargento, provocando a união entre ambos, pois já cabe a este a função de ser o “Elo da Tropa”.
Quando chega a vez do “Sargento” parece que vai ficar bonito. É bem sonoro. Particularmente eu gosto muito, tanto é que adoto como nome artístico. Contudo, observando com mais cuidado, descobri que a ascensão na graduação é feita de forma decrescente. De 3º Sargento ele evolui para 2º e depois a 1º. Aí, seguindo a tendência natural, já que ele está decadente (me refiro a nomenclatura da graduação), chega ao ápice sendo “Sub”.
Foi procurando em vários lugares textos que pudessem esclarecer quando surgiram as graduações e quais foram as motivações que localizei o Antropólogo Piero de Camargo Leirner. Pós-Doutorado, escreveu em sua dissertação de mestrado o livro – Meia Volta Volver: um estudo antropológico sobre a hierarquia militar, publicada pela Editora da Fundação Getúlio Vargas, em 1997.
Em Abril de 2007 enviei-lhe um e-mail pedindo ajuda, contudo o especialista, muito gentil, apesar de abordar histórias que vem desde 1.200, admitiu não saber a origem dos nomes. Confesso que era grande a minha esperança de ter a explicação, mas encerrei minha pesquisa por aí.
No passado as Secretárias do Lar eram “Domésticas”; os Agentes de Limpeza Pública, “Garis”; e até os “Trombadinhas” evoluíram (?) para Menores Infratores. Não seria a hora de pensar em uma mudança mais favorável as Praças?


