segunda-feira, 22 de junho de 2009

Uns se excitam, outros gozam

funk-baile

Foi assistindo a um documentário na TV Cultura de São Paulo (Sou feia mas tô na moda, de Denise Garcia), que comecei uma reflexão sobre o funk carioca.

Enquanto a juventude da periferia se diverte com o ritmo alucinante do gênero - com menções explícitas de sexo e, no caso do proibidão, com apologia ao crime - esquece de observar a carência em que vive a sua comunidade, logo, deixa de reivindicar seus direitos de cidadãos. Isso resulta numa tranqüilidade para os políticos que não se sentem pressionados a fazerem suas obrigações, e num marketing eficiente para o tráfico (que têm dizimado precocemente muitos).

Esses fenômenos se apresentam com freqüência, sempre em temas de apelo popular (futebol, carnaval etc). Erroneamente o povo envolvido acha que é um “lenitivo”, quando na verdade é apenas uma viseira que não deixa olhar para o que o sistema não quer que seja visto.

Entre os depoimentos, um MC falou emocionado sobre a situação em que viveu com seus dois filhos dentro de um táxi. O motorista se recusou a entrar na Cidade de Deus. Claro, ele ficou com medo de ser assaltado lá dentro, afinal, o filme homônimo só mostrou violência sobre o local.

Outras moças também disseram que não conseguem emprego quando falam que moram naquele lugar. Pois é, mas quando o filme foi rodado lá a comunidade deu o maior apoio. Ficaram até orgulhosos ao verem seus artistas locais na telona, entretanto ninguém avaliou os prejuízos que isso traria.

Eu tinha dúvidas se a PM de São Paulo deveria ou não autorizar a utilização de fardamentos e viaturas em filmes. Hoje já ficou bem claro que faz bem em manter a restrição, pois só querem fazê-lo para denegrir a imagem. Estava conversando com um cineasta que me disse: “Se não associarmos a policia corrupção e violência não estaremos falando dela”.

“Sou feia, mas tô na moda”

A música de Tati Quebra Barraco é tão equivocada quando a realidade que ela não consegue enxergar... Moda passa, e depois?

Pelas notícias veiculadas, percebe-se que algumas artistas não sabem nem aproveitar o momento, pois fazem investimentos inconsistentes: botox, silicone, plásticas, alisamentos, tudo em busca de uma beleza (será que querem sair da moda?) que um dia vai acabar... É a lei da natureza.

Se tivessem uma visão política bem definida, mesmo optando pelo ritmo como entretenimento, não deixariam de incluir em suas letras os temas mais importantes e que precisam ser debatidos. Também fariam investimentos mais consistentes.

Apesar da excitação que dizem provocar o baile funk, por causa da alienação, essas comunidades carentes não estão gozando do que o Rio de Janeiro tem de melhor.

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