Diário de São Paulo – 4/8/08 – Página 2 – Donizeti Costa
Sargento Lago grava CD com participação de Jair Rodrigues, Benito Di Paula e DominguinhosRAIO-X
Muitos rappers, ao falar sobre a violência na periferia, sentem-se à vontade para dizer poucas e boas da polícia. Era natural então que, mais dia menos dia, surgisse alguém para mostrar o outro lado da questão. Esse direito
vem sendo exercido pelo Sargento Lago, de 48 anos, no
recém-lançado CD “Profissão Coragem”, que diz logo ao que veio na faixa-título, um tributo aos profissionais que lidam com o barril de pólvora da segurança: “Sou da rádio-patrulha, da Rota, do Bope/ com o filme queimadoé que saio no Ibope/ nem respeitam o sangue do meu irmão/ que morreu pra manter essa tradição.”
“O ideal seria que passássemos a carreira toda sem trocar um tiro, só fazendo prevenção. Mas isso, infelizmente, não é possível”, explica Lago, que atualmente, formado em jornalismo, atua no setor de comunicações da corporação.
Este é o terceiro disco de Sargento Lago – que mantém o nome artístico mesmo tendo virado subtenente. O primeiro, “Fruto da Emoção”, de 1996, só serviu para consumo interno de família e amigos. O segundo, de
2000, é de quando ele ainda formava, com o então colega de farda Rivaldo Ribeiro dos Santos, a dupla De Polícia, nome adotado para lembrar o The Police, de Sting e companhia.
Claro que sempre haverá quem ponha em dúvida a qualidade do trabalho de alguém que passou fardado quase 30 anos de sua vida. Para esses, ele disponibilizou as músicas em seu site (www.sargentolago.com.br), onde também vende o CD. De todo modo, a produção conseguiu engajar nomes como Dominguinhos (“Somos a Polícia Militar”), Benito Di Paula (“Demodê”), Jair Rodrigues (“Brasil/Homenagem a Geraldo Vandré”) e Adryana Ribeiro (“Criança Ferida”).
Lago pretende escoar o álbum, de produção independente, também entre os cerca de 412 mil policiais militares que atuam no país, 92 mil deles em
São Paulo. “Se cada PM comprar um CD, dá para eu ganhar quase um disco de diamante”, brinca ele, aludindo ao prêmio que a Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD) dá a suas empresas associadas.
Certidão:Samuel do Lago Souza, nascido em Queluz (SP), em 24 de
Instrumento da paz: “Felizmente, hoje lido mais com o violão e quase
nada com o revólver.”
Marca do passado: “Ainda trago uma bala alojada no ombro direito,
como lembrança de um confronto que tive, há uns 10 anos, em Campinas.”
Projeto de vida: “Quando entrar para a reserva, quero viver só da música.”
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