quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Pobreza cultural


A futilidade já se pronunciava nos programas de celebridades na televisão. Ao se aperfeiçoarem, invadiram também os portais.

A quantidade dessas publicações desafia o bom senso e testa nossa paciência ao limite. Como falta criatividade para produzir matérias, somos obrigados a engolir manchetes do tipo:

“Ex BBB queima a boca ao morder pastel na praia.”

“Mariah Carey só faz sexo às segundas-feiras”.

“Irmã de Neymar exibe decote e recebe elogios”.

“Geisy Arruda exibe marquinhas após bronzeamento artificial”

Outro dia parte da imprensa digital noticiou que Belo chamou ou pensou em chamar a polícia, após sua esposa passar muito tempo no banheiro com prisão de ventre , imaginara que ela tivesse sido sequestrada.

Mais recentemente uma moça virou notícia por ter uma noite de sexo com o recordista do atletismo Usain Bolt. A candidata a famosa, para ganhar um pouco mais de holofote, revelou detalhes do encontro com o jamaicano. Chegou ser constrangedor.

Há muito se ouve que algumas semicelebridades, sobretudo as que têm o corpo como único atrativo, pagam assessoria de imprensa para plantar “relevantes notícias” com o intuito de aumentar seu michê. Observe, não disse cachê. Concluímos com isso que nossa imprensa está imbuída em contribuir com o “quanto pior melhor”.

Enquanto somos obrigados a deparar com essas aberrações diárias – em detrimento da cultura e das boas informações que vão gerar motivações para a construção de um país melhor – nesta semana foi selecionado o filme que irá tentar representar o Brasil no Oscar: “ O Pequeno Segredo”. Esperava-se que a imprensa brasileira, tão aculturada, a mesma que massacrou o novo presidente por suprimir o Ministério da Cultura, promovesse um debate e estabelecesse uma agenda de promoção da cultura nacional, mas o que se viu foi o levantamento de suspeita de perseguição política a um concorrente eleito antecipadamente pelos esquerdistas, bem a gosto dos espíritos pobres, que vivem de achincalhar pessoas e instituições.

A verdade é que num país sem educação cultura não dá audiência. Bisbilhotagem da vida alheia vale ouro.

* Texto publicado originariamente na coluna do Sargento Lago no Portal Stive

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