Dois fatos recentes me trouxeram à reflexão o quanto as pessoas são cruéis em seus julgamentos precipitados.
O primeiro dá conta que um subtenente, de serviço voluntário nas olimpíadas, havia subtraído para si um objeto esquecido na entrada de um dos eventos. Uns disseram que era um celular, outros, um relógio. Sabiam tanto sobre o assunto que até o objeto supostamente subtraído pelo veterano variava conforme quem propagava o boato.
No outro caso, os comentários eram sobre a expulsão de uma policial que, segundo alguns, teria subtraído os dados de policiais, no sistema da corporação, para repassar ao crime organizado.
Que a policial foi excluída da corporação é verdade. A dúvida consiste em saber se foi ela quem utilizou o computador para pesquisar os dados de vários policiais ou se outra pessoa, aproveitando-se do sistema aberto com a senha da policial, o fez.
Nos dois casos, várias críticas precipitadas foram feitas, nos grupos de whatsapp.
Recentemente li que a professora, dona do relógio, inocentou o policial em depoimento. Se de fato ele é inocente, a foto dele já foi espalhada pelo país afora como criminoso. E certamente a divulgação da sua inocência não irá se propagar na mesma proporção que a acusação, e nem irá reparar os danos causados a sua imagem e psíquico.
No caso da policial é ainda mais grave. Se é que dá para dizer que o caso anterior não tenha sido igualmente grave.
O fato de ter o seu nome associado a traição dos companheiros de farda pode lhe colocar em grande perigo.
O triste dessas duas histórias é que são policiais, que tanto reclamam dos julgamentos precipitados da sociedade, reproduzindo o comportamento que desaprovam.
Infelizmente isso é cultural. Esses boatos correm pelos quartéis e, de um dia para o outro, histórias e reputações são jogadas na lama.
Podemos até admitir que as duas situações citadas aqui sejam procedentes, mas não podemos correr o mínimo risco de cometer injustiça e nos tornar mais um algoz de quem já sofrimento suficiente na carreira, a começar pela profissão que é carente de reconhecimento.
Errar todos
nós erramos, porém, não sejamos protagonistas de erros repetidos.
*Texto publicado originariamente na coluna do Sargento Lago no Portal Stive