segunda-feira, 7 de março de 2011

Polícia Militar, o galo da madrugada

Atenção na hora de conferir a escala

Bom humor e expectativa

Demosntração pública de carinho e respeito

A primeira turma assumiu o serviço às duas da manhã, assim fui informado. Eu cheguei perto das seis e vi um amontoado de policiais verificando várias escalas afixadas sobre a parede externa do décimo sexto Batalhão de Polícia Militar “Frei Caneca”, na rua Cais de Santa Rita, no bairro São José, em Recife, Pernambuco. Os foliões do bloco Galo da Madrugada ainda não tinham despertados e a segurança deles já estava sendo providenciada.

A movimentação e a expectativa específicas de grandes acontecimentos estavam instaladas. Oficiais compenetrados na distribuição do efetivo, policiais – muitos deles soldados recém formados - ansiosos para saber o seu destino, davam mostra de que o evento precisava ser pensado nos detalhes, afinal eram esperadas cerca de 1,6 milhão pessoas.

Utilizando-se de um amplo espaço do outro lado da avenida do quartel, os policias entraram em forma e foram separados posteriormente por plataformas. Em cada grupo de novatos havia um antigo no comando.

Certo momento, enquanto o capitão Aldo chamava nominalmente cada soldado, apresentou-se um policial veterano, com o rosto desolado de quem queria justificar com a fisionomia o atraso para o trabalho. Fez a apresentação regulamentar e disse a plataforma que estaria escalado para saber quais eram as ordens, quando, para sua decepção, ouviu o capitão dizer-lhe que constava na escala apenas as 12h30. “Vá descansar companheiro!”, sugeriu o capitão, enquanto ele saía cabisbaixo, não acreditando na sua desatenção.

Enquanto isso, os novinhos exibiam a alegria no rosto e brincavam uns com os outros. Nem parecia que iriam ficar doze horas em pé debaixo de um sol escaldante. Claro, com revezamento para descanso.

Tão logo ficou definida a situação de cada um, entraram numa fila indiana para receber um kit contendo protetor solar e auricular, capa de chuva, lanche e refrigerante.

Por volta das oito horas a movimentação na rua já tinha aumentado, tanto com foliões quanto com ambulantes.

“É promoção, custa apenas cinco reais a de cabeça e três reais a de mão” Gritava Nete, uma morena falante que vendia sombrinhas de frevo para mão e cabeça. Trouxe cerca de 350 unidades ao todo, mais alguns adereços femininos para cabelo. Em pouco tempo já tinha vendido quase a metade, já que o sol voltava com força total cada vez que caía uma chuvinha rápida. Como fiquei proseando com ela, me emprestou uma sobrinha para eu me proteger. Disse também que pagou R$ 1,80 em cada uma, o que lhe garantia um bom lucro. “Tem que aproveitar, é só nessa época que se ganha dinheiro”, disse.

O bom humor e a criatividade costumeiros nas festas populares também estiveram presentes. Um grupo de foliões vinha com a camiseta com os dizeres “Segurança Privada” e uma pessoa puxava um vaso sanitário. Também não faltaram os super heróis, noivinhas e fantasias exóticas.

Quem passou por ali e fez o seu protesto foi o príncipe do carnaval do Recife, Washington Barbosa de Barros Andrade, eleito num concurso extra-oficial feito por uma companhia teatral, já que o prefeito da cidade, João da Costa, inovou elegendo o rei “sarado”, pois não queria fazer apologia à obesidade. “Ele castra parte da nossa cultura que é a realeza de Momo”, desabafou.

Um foguetório anunciou a saída do bloco Galo da Madrugada às nove horas da manhã, perto dali, no Forte Cinco Pontas, e as imediações do quartel foi esvaziada.

Cerca de vinte e seis trios elétricos e quatro carros alegóricos foram contratados para garantir dez horas de desfile. Em pontos estratégicos, a polícia militar distribuiu o efetivo de 3.800 policiais em plataformas, tablados e posto de comando, por todo o percurso e ruas adjacentes.

Devido a dificuldade do trânsito e a longa distância a ser percorrida, o major Edilson, do 16º BPM, fez a fiscalização pilotando uma moto.

O diretor geral de operações, coronel Vespaziano, acompanhado de outros oficiais, fazia parte do percurso a pé, para certificar-se de que tudo estava indo bem. “A PM está trabalhando para proporcionar um dia de muita tranqüilidade, muita calma e de muita brincadeira”, constatou.

Conduzido por dois policiais, entrei no meio da multidão para ir ao local onde se encontrava o comandante geral da PMPE, coronel Tavares Lira. Depois de algum sacrifício, já que o espaço ficou pequeno para a grande quantidade de pessoas, chegamos a ele, que falou sobre a importância do trabalho da PM no Galo da Madrugada e ressaltou a cooperação com os outros órgãos. “Estamos integrados com todas as forças que fazem a segurança pública”.

Como o calor não dava trégua e já tinha cumprido minha missão, acenei para um táxi, negociei o preço e vim conversando com o motorista Alessandro, que me contou ser de uma família de policiais... Mas essa já é outra história.

Sargento Lago e coronel Tavares Lira, comandante geral da PMPE

Família unida no Galo da Madrugada

Momo e mona

Soldados do policiamento motorizado e Cel Vespaziano

Cartal exposto no interior do 16º BPM Frei Caneca

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