domingo, 13 de fevereiro de 2011

Rádio Patrulha desce a grota em Maceió

*Sargento Lago

Soldado feminino Eveline da Rádio Patrulha

Guarnição de Rádio Patrulha

O primeiro adversário é o calor. Com a temperatura ambiente perto dos quarenta graus, os policiais da Rádio Patrulha da Polícia Militar de Alagoas têm a sua resistência colocada à prova, pois o fardamento e os equipamentos que utilizam deixam tudo muito quente.

Outra dificuldade é o terreno. Diferente dos morros e favelas de outras cidades do país, em Maceió o que prevalece são as grotas.

Na prática se descobre que não é tão verdadeiro o ditado “Pra baixo, todo santo ajuda”, quando se quer dizer que subir é mais difícil.

Descer correndo por escadas improvisadas, sem apoio manual, com risco constante e a certeza de que uma queda, além de frustrar a tentativa de prender os marginais, pode causar lesões gravíssimas, acaba dando uma adrenalina a mais ao trabalho.

Foi nesse cenário que acompanhei esses guerreiros na última quinta-feira, dia 10 de fevereiro, por volta das 15h30.

O Batalhão de Rádio Patrulha foi inaugurado há dez anos e atua na capital e Grande Maceió, dando apoio às unidades de área.

“É uma força tática com métodos de policiamento espelhados na polícia de Brasília e doutrinas trazidas dos batalhões de elite de outros estados”, afirma o Major PM Henrique, subcomandante da RP.

Com uma guarnição composta por três viaturas e nove policiais, sob o comando do sargento Cícero, o local escolhido para o patrulhamento foi o bairro Jacintinho, conhecido pelo alto índice de criminalidade.

As incursões pelas grotas foram estrategicamente estudadas, com o intuito de surpreender os delinqüentes, contudo, apesar de muitas abordagens, apenas um crime ambiental foi constatado: um homem mantinha ilegalmente um papagaio em cativeiro.

“O local aqui facilita a vida dos traficantes. Eles conseguem ver nossa chegada à distância”, lamentou o transpirado cabo Henrique, após mais uma tentativa frustrada. “O bom aqui é à noite, quando ficamos menos visíveis”, completou o sargento Cícero, sugerindo que fossemos para a avenida.

Na saída da grota, pelo rádio da viatura veio a informação de roubo em andamento num estabelecimento comercial. As viaturas, com sirenes ligadas, tentaram inutilmente localizar a ocorrência, mas foi constatado que era trote.

Na avenida principal do bairro um motorista de ônibus solicitou aos policiais que fizessem uma vistoria no coletivo. Todos desceram e foram revistados, inclusive as mulheres, pois cada guarnição de Rádio Patrulha tem uma policial feminino exatamente para esses casos, porém a queixa do motorista era apenas com um passageiro que não queria pagar a passagem.

Apesar de Alagoas ter registrado em 2010 a maior taxa de **homicídios que um Estado brasileiro já teve, nessa quinta-feira pareceu apenas uma cidade com problemas cotidianos normais.

** Segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (SDS), foram contabilizados 2.226 assassinatos no ano passado, o que significa uma taxa de homicídios de 71,3 para cada 100 mil habitantes. Não estão inclusos no número os latrocínios (roubo seguido de morte).

Para a OMS (Organização Mundial de Saúde), taxas acima de 10 homicídios para cada 100 mil ao ano já são consideradas epidêmicas. O país registra, segundo o estudo “Mapa da Violência 2010: Anatomia dos Homicídios no Brasil”, taxa de homicídio de 25,2 mortes para cada 100 mil habitantes. Os dados do estudo levam em conta os dados de 2007.

Fonte: UOL

Cabo Henrique trasnpira durante patrulhamento

As mulheres também foram revistadas

Evolução do número de mortes em Alagoas

Morte na Grota - foto: Priscylla Régia - Alagoas 24 horas


* Autorizada a publicação, desde que contenha a citação: "Publicado no blog do Sargento Lago"

2 comentários:

  1. sgt .lago é com pesar que informo que o cb. Henrique que aparece na matéria morreu em um acidente quando de viagem pelo interior do estado.
    uma perda imensa para rádio patrulha,companheiro fiel e honrado que infelizmente deixa saudades para todos nós.
    Alagoas está de portas abertas pra o sr.e a todos que aqui vierem com bons propósitos.um abraço.

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  2. Que triste. Também lamento o falecimento desse companheiro que, apesar do pouco tempo que tive contato, demonstrou ter comprometimento com a causa pública e paixão pelo trabalho que realizava.

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