segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Faca na caveira, nada na carteira

No filme Tropa de Elite tem uma fala de um soldado convencional que chamou a atenção: "Faca na caveira, nada na carteira", referindo-se ao idealismo do policial do BOPE que dedicava-se a fazer o seu trabalho sem preocupar-se em ganhar dinheiro. No caso citado a referência era feita ao dinheiro vindo da corrupção.

Tenho surpreendido as pessoas por onde pass0 pelo fato de fazer o trabalho que faço sem incentivo financeiro. Claro, deve parecer no mínimo estranho alguém dedicar-se a fazer algo em benefício de uma categoria, investindo o próprio dinheiro sem ter outra intenção que não seja a satisfação própria.

Como quase tudo que é feito tem segundas intenções, passei a minha vida sob a desconfiança de que escondia alguma, mas os anos se passaram e eu continuo na mesma caminhada.

Embora para alguns possa parecer insano, meu compartamento tem origem. Meu falecido pai, José sebastião de Souza (foto), apesar de 14 filhos, foi um pastor protestante que dedicou o seu tempo e o seu salário de militar reformado do Exército Brasileiro em prol da evangelização e das assistencias sociais.

Antes mesmo de adquirir uma casa própria, empenhou-se em comprar um terreno e construir um asilo que funciona há quase 30 anos no Vale do Paraíba, na cidade de Areias/SP.

Isso dava prazer a ele. Isso me dá prazer.

Quando não tenho o recurso, busco empréstimo para realizá-lo e às vezes conto com a ajuda de amigos na mão de obra.

Difícil é quanto tenho que convencer as pessoas que me cercam que esse investimento é tão importante pra mim quanto é para eles os bens que adquirem. Felizmente hoje não preciso dar tantas explicações.

Engana-se quem pensa que tenho algum retorno.

Escrevi esse texto porque fiquei sabendo que um oficial da PMBA ficou admirado que eu tenha pago a gravação da música que fiz pra eles, mas saber que eles ficaram felizes com a homenagem me incentiva ainda mais a continuar nessa missão. Como as pessoas que se realizam com suas aquisições, isso me deixa estado de graça.

Há quem tenha o dom de juntar dinheiro, o meu é de ser idealista.

PS. Ao final do texto descobri que também tenho sim uma intenção: a de um dia poder fazer o que faço com um patrocínio, o que me permitiria investir o meu salário em outras coisas...

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