quarta-feira, 9 de junho de 2010

Vamos ser feliz depressa. A hora é esta.


O Diário Oficial de ontem(08/06/10) estampou: "PM, civil e técnico-científico da ativa e aposentados receberão aumento". Quem lê a notícia exulta “finalmente o governo reconhece a necessidade de sua polícia”. Mas a leitura da matéria nos traz de volta à triste realidade frequente na vida dessa classe fustigada pelas manobras dos políticos. Agora os artifícios também ocupam veículos de comunicação oficial, nos mesmos moldes da propaganda enganosa, pura fanfarrice. A manchete induz o leitor a acreditar em uma coisa, porém o texto afirma outra.


Nesse caso, o aumento propalado não passa da reparação parcial do equívoco e da distorção do famigerado ALE (Auxílio Local de Exercício), tardiamente e à conta gotas. O mesmo que tratava com distinção policiais que exercem a mesma função, sujeitos aos mesmos riscos e às mesmas condições de trabalho. O mais revoltante é a mensagem subliminar expressa nessa matreirice: os policiais não terão a reposição dos seus salários no presente ano.


Será que não chegou o momento daqueles que estão há pelo menos trinta anos na Polícia Militar deixarem de ser ingênuos e pararem de acreditar em milagres? Será que esses representantes da classe dominante já não demonstraram a incapacidade de enxergarem as nossas reais necessidades e possibilitar-nos a dignidade à altura da dimensão da nossa relevância social?


A polícia necessita urgentemente de um plano de carreira eficaz, que permita bons e qualificados policiais ascenderem na hierarquia e desfrutarem de condições melhores, inclusive financeiramente. O modelo atual é desalentador. E quando ocorrem alterações, são somente paliativos, que beneficiam uma parcela em prejuízo de outra.


Eu já senti na pele os efeitos nefastos dessas decisões unilaterais das mentes brilhantes, quando ingressei no quadro de sargentos. Naquela época, os segundos sargentos ganhavam a condição de frequentar o CAS (Curso Auxiliar de Sargentos) e, com isso, qualificavam-se para a promoção seguinte, apenas pelo critério de antiguidade. Contudo, quando metade da minha turma já havia sido beneficiada, mudaram a regra do jogo e todos os demais, inclusive eu, claro, tivemos que prestar concurso público para ter esse direito.


A medida gerou indignação em muitos sargentos, que utilizaram o único protesto que lhes era permitido: não prestar o concurso. Confesso, eu também fiz isso. Só que, passados três anos, descobri que era o único que estava sendo prejudicado por essa atitude, então concorri a uma vaga e fui aprovado. Mas, no fundo, sabemos que a experiência somente foi levada a cabo por se tratar de praças, uma classe sem voz.


Estamos em momento de mudança, a hora é essa. Vamos proclamar a vitória de quem sabe como fazer e não é dada a oportunidade. Tiremos como exemplo a África do Sul. Lembram-se há vinte anos? Os negros não seriam capazes de comandar aquele país, não é o que diziam? Pois hoje observamos os avanços conquistados. A copa do mundo está ai para nos dar a oportunidade de reconhecermos a capacidades dos homens quando são donos do seu próprio destino. Não devemos nos sujeitar à ditadura de minorias.


Nossa corporação é grandiosa. Nossos policiais, de valores inestimáveis. O que falta é a mudança de foco. Deixarmos de ser massa de manobra. Enxergarmos que existe esperança e que nós podemos fazer a diferença. Não acreditemos nas mesmas balelas de sempre porque o tempo tem mostrado que só nos tapearam. Eu repito: Vamos ser feliz depressa, a hora é essa.


4 comentários:

  1. Até eu que sou novinha já conheço essas espertesas dos nossos governates... entra ano e sai ano... é a mesma coisa.

    Esse é um ano decisivo, fértil de mudanças.
    Tem que ser feliz agora, mas é preciso coragem, né? Plantar e colher.

    Beijos.

    ResponderExcluir
  2. Falou e disse: temos que ter coragem, calar é igual concordar.

    ResponderExcluir
  3. Meu caro Sgto, concordo com quase toda a sua postagem,no entanto,como esposa de militar, ou como você se refere no texto de um praça,tenho que me manifestar.Acho que a promoção deve ser por concurso e não por antiguidade.Acho que a categoria deveria se unir, e,cobrar dos representantes oficiais no Parlamento cumpram a sua parte.Se, houvesse na Assembléia Legislativa uma frente palamentar pela Corporação,em benefício dos militares você acha que o Governo A ou B não daria atenção?O militar tem que acreditar que estamos numa democracia.Sei que a hierarquia é lei e sujeita o policia a punições,meu marido já ficou preso por desobediência.Quero ajudar a divulgar essa matéria e vou continuar na luta, não só por reajuste mas por aumento real de salário.Meus filhos quase não tem contato com o pai,que chega com eles dormindo e sai de casa antes deles acordarem.
    Silvia Cibele, esposa de um soldado da Polícia Militar, mãe, cidadã.

    ResponderExcluir
  4. Silvia,

    Não defendi no meu texto que as promoções devam ser por antiguidade, apenas citei uma experiênca que tive no passado para criticar as mudanças arbitrárias que são feitas na regra, sem critérios.

    Quanto a união da categoria, concordo com você. Temos que nos fazer representar por quem conhece e sente na pele a nossa necessidade.

    ResponderExcluir