Nessa segunda-feira, estava no caixa eletrônico dentro de um supermercado tentando pagar duas contas. Meio enrolado, fiquei tenso por que acusava erro no momento da leitura do código de barras. O horário não permitia mais que eu chegasse a tempo a uma agência bancária. Como era a data do vencimento, não conseguir pagar significaria despesa extra com juros.
Enquanto eu estava relutando para descobrir o motivo pelo qual não concretizava o pagamento, no caixa eletrônico ao lado um rapaz fazia uma operação quando chegou uma pessoa por trás dele e encostou-lhe um objeto preto, parecido com uma arma, e avisou-lhe que era um assalto. Numa fração de segundos pensei numa estratégia de ação, mas o suposto ladrão se revelou à assustada vítima. Era seu amigo e tudo não passava de uma brincadeira.
Confesso que, se já estava nervoso com o problema da conta que não conseguia pagar, fiquei mais tenso ainda. Senti vontade de passar um sermão no infeliz brincalhão, mas lembrei que tinha mais a fazer.
No final dos anos 80 eu freqüentava uma danceteria na Vila Formosa e lá conheci um rapaz que era apelidado de “macarrão”, por causa do seu porte físico magro. Macarrão era daqueles caras que não perdia a oportunidade de fazer uma brincadeira. Essa era a sua característica. E todos gostavam dele.
Um dia ele comprou um revólver e foi mostrar para o seu melhor amigo, um policial militar. Quando estava a caminho, ao passar por uma praça, viu o carro do PM estacionado. Ele estava namorando dentro do veículo. Os vidros estavam meio embaçados. Macarrão quis fazer uma das suas brincadeiras. Foi ao lado do motorista e bateu com o revolver no vidro anunciando um assalto. Com o susto, o PM sequer identificou a voz do amigo. Sacou a sua arma e fez disparos em direção ao vidro. Ao abrir a porta do carro viu seu melhor amigo morto ao chão. Foi um acontecimento muito traumático para todos.
Histórias como essa tem aos montes. Então, numa época em que respiramos violência a todo instante, deve-se tomar muito cuidado com certas gracinhas para não morrer brincando.
Ah!... Apesar do susto, consegui pagar a minha conta.